Tor (Alins)
Tor (pronúncia local: [tɔɾ])[2] é uma pequena localidade do Pirineu catalão, administrativamente circunscrita ao município de Alins, na comarca do Pallars Sobirà. Faz fronteira com a Andorra.
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Localidade | ||||
A igreja paroquial de São Pedro de Tor e o povoado | ||||
Localização | ||||
Localização de Tor na Espanha | ||||
Localização de Tor na Catalunha | ||||
Coordenadas | 42° 34′ 14″ N, 1° 23′ 56″ L | |||
País | Espanha | |||
Comunidade autónoma | Catalunha | |||
Província | Lleida | |||
Comarca | Pallars Sobirà | |||
Características geográficas | ||||
População total | 14[1] hab. | |||
Altitude | 1 649 m | |||
Código postal | 25574 | |||
Código do INE | 25017000600 | |||
Website | alins |
Situa-se no ponto mais distante e isolado do Vall Ferrera, no extremo nordeste da comarca. É o ponto de convergência entre dois barrancos: o Riu de la Rabassa e o Barranco de Vallpeguera. A partir dessa união, forma-se a Noguera de Tor. O povoado encontra-se justamente no fundo do vale, ponto em que o terreno se abre numa pequena planície localizada debaixo da Rocha de São Pedro e envolta pelas montanhas altas que separam o Vall Ferrera dos vales da Andorra, tais como o Pico de Sanfonts, de 2.882 metros de altitude.
É um dos povoados de maior altitude do país. Pode ser acessado por uma pista asfaltada de doze quilômetros que vai subindo a montanha a partir do extremo norte da vila de Alins; a pista acompanha o vale da Noguera de Tor. Até anos recentes, essa pista, frequentemente em más condições, acabava no povoado. Após sensíveis melhorias, a estrada de Tor atualmente continua pelo chamado Camí de Pal em direção ao Port de Cabús, ponto de entrada em Andorra. Como o último trecho dessa estrada não é pavimentado, o trânsito é desaconselhado em épocas mais úmidas, sobretudo quando há neve, a depender do tipo de veículo usado para locomoção.
O povoado conta com a igreja paroquial de São Pedro. Acima do povoado, no local onde havia existido o castelo medieval da localidade, encontram-se restos da igreja românica de São Pedro da Força, ou da Rocha, em referência ao rochedo ali presente. A uma relativa distância em relação ao norte, está também presente a capela de Santo Ambrósio.
Etimologia
editarO nome Tor não provém de uma antiga variante dialetal da palavra torre, mas sim de um étimo íbero-basco com uma única letra r, conforme indicado pelo gentílico do povoado em catalão: toredà. Atribui-se a relação do nome dessa região à palavra catalã turó (colina).[3]
Geografia
editarO povoado de Tor
editarSituado ao fundo de um vale na tríplice fronteira da comarca do Pallars Sobirà com a Andorra e com o Alt Urgell, Tor desempenhou um papel importante na história medieval dos condados de Urgell e de Pallars. Tratava-se de um pequeno povoado, com casas espalhadas ao longo de uma planície aos pés da Rocha de São Pedro, onde havia o castelo medieval de Tor e a igreja de São Pedro da Força, localizando-se, a maioria delas, à direita da Noguera de Tor.
- Família Bernat
- Família Cerdà
- Família Cisqueta
- Família Clos
- Família Macià
- Família Manuel
- Família Molner
- Família Palanca
- Família Peirot
- Família Pere Xic
- Família Peri
- Família Sança
- Família Sucar
História
editarIdade moderna
editarNo fogatge (espécie de censo populacional com objetivos tributários, organizado pela contagem de lareiras do povoado) do ano 1553, declara-se que em Tor havia uma lareira eclesiástica, seis lareiras laicas[5] e um total de 35 habitantes.
Idade contemporânea
editarA Prefeitura de Tor foi criada em 1812, na esteira de leis promulgadas a partir das reformas feitas em todo o estado espanhol em decorrência da Constituição de Cádiz. Foi suprimida em 1927, com sua incorporação ao município de Alins.
No verbete dedicado ao povoado no Diccionario geográfico...[6] de Pascual Madoz, Tor era mencionada como uma localidade que dispunha de uma prefeitura em uma pequena planície contornada por montanhas muito altas e com ventos vindos do sul e do norte. O clima era muito frio e havia registros frequentes de reumatismo crônico e inflamações. À época, a vila contava com cinco casas; a igreja paroquial de São Pedro era servida por um padre de nomeação ordinária. Havia, nesse espaço, diversas fontes de água mineral e fontes de águas ferruginosas. O território era descrito como montanhoso, com algumas áreas planas e outras, montanhosas e despovoadas. Por ali, passava o caminho real em direção a Andorra, em muito mau estado. Era produzido trigo, centeio, cevada, batatas, legumes e, em menor quantidade, hortaliças, além de feno. Era criado ali todo tipo de animal. Havia caça de perdizes, lebres, camurça-dos-pireneus e eventualmente aves; foi registrada, também, a pesca de trutas e enguias. Havia dois moinhos de farinha e a criação de animais gerava um comércio de certa envergadura. A população era composta por cinco veïns (cidadãos, chefes de família) e 26 almas (demais habitantes).
No censo de 1857[7], Tor contava com 78 habitantes e doze cédulas pessoais inscritas.
Prefeitos:
- Josep Babot (1898 - 1899)
- Pere Riba Armengol (1903)
A entidade local menor de Besan foi suprimida por decreto em 19 de dezembro de 1958.[8]
Conflito pela montanha de Tor
editarO povoado ganhou notoriedade em toda a Espanha em consequência de uma truculenta disputa pela posse da montanha, em andamento já há um século e tendo como saldo três assassinatos. A relevância da propriedade da montanha advém da sua localização estratégica, já que é um dos caminhos mais convenientes entre a Andorra e a comarca de Pallars Sobirà, passando pelo Port de Cabús, situado a 2.301 metros de altitude. Também é relevante que, no lado andorrano das montanhas, se encontrem as estações de esqui de la Massana e Pal, que constituem o complexo Vallnord.
Para além da disputa pela propriedade da montanha em si, originalmente com vistas à exploração da madeira, a disputa atual também é perpassada pelos interesses imobiliários relacionados ao uso das terras por empresas que viam a região como a prolongação natural das estações de esqui da Andorra, bem como pelos interesses dos contrabandistas que utilizavam o Port de Cabús para contrabando, sobretudo de tabaco. Fato curioso é que a estrada do lado andorrano é composta por uma pista de sete metros de amplitude perfeitamente asfaltada que se encontra subitamente, na altura da fronteira, com a pista não pavimentada do lado catalão.
Tais conspirações e disputas foram tema de muitas reportagens e estudos. Destacam-se, entre elas, a reportagem feita pelo programa 30 minuts, da TV3, os dois livros inspirados a partir da feitura dessa reportagem (Tor: tretze cases i tres morts e Tor, foc encès), o podcast da Catalunya Ràdio Tor, tretze cases i tres morts e a série documental Tor, da TV3.[9] Todas essa obras são de autoria do jornalista e apresentador Carles Porta, que acompanha o desenrolar dos acontecimentos desde 1995.
A propriedade da montanha foi mudando de mãos conforme diferentes decisões judiciais tomadas por diferentes instâncias competentes. Primeiramente, a montanha seria de propriedade de Josep Montané i Baró, conhecido publicamente como «Sansa»; em seguida, passou a ser um terreno comunal; finalmente, esgotada a via judicial, a propriedade voltou a ser de propriedade da «Societat de Conduenyos de la Montanya de Tor», associação fundada em 1896 pelas treze famílias que habitavam o povoado e atualmente composta pelos seus descendentes.
Personagens de destaque na disputa
editarReferências
- ↑ Institut d’Estadística de Catalunya (ed.). «Codis territorials i d'entitats; Municipi: 250175 Alins». Consultado em 22 de setembro de 2024
- ↑ «Diccionari català-valencià-balear». Consultado em 17 de abril de 2024
- ↑ Coromines 1997.
- ↑ Montaña 2004.
- ↑ Lo vicari; Jaume Serdà, Casa d'en Palanca, Joan Orill, Casa d'en Clos, Casa d'en Sança i Casa d'en Moles. Iglésias 1981, p. 107.
- ↑ Madoz 1848.
- ↑ Nomenclàtor 1858.
- ↑ Boletim Oficial do Estado
- ↑ El Món de la Tele, ed. (19 de abril de 2024). «Carles Porta presenta la nova sèrie "Tor" i surt en defensa de "Crims": "No fem mal a ningú"» (em catalão). Consultado em 19 de abril de 2024
- ↑ «Mor Jordi Riba 'Palanca', personatge clau en el conflicte del que havia de ser l'estació d'esquí de Tor». diaridelaneu.cat. 8 de novembro de 2019. Consultado em 19 de junho de 2024
- ↑ Vilaweb, ed. (8 de novembro de 2019). «S'ha mort Palanca, personatge històric del conflicte de Tor». vilaweb.cat. Consultado em 19 de junho de 2024
- ↑ Ramírez, Raúl (9 de novembro de 2019). Segre, ed. «Mor Jordi Riba 'El Palanca', l'últim gran protagonista de la tragèdia de Tor». segre.com (em catalão). Consultado em 17 de abril de 2024
- ↑ Segre (27 de outubro de 2023). «En quin estat es troben, els vells conflictes de la muntanya de Tor, al Pirineu de Lleida?» (em catalão). Consultado em 17 de abril de 2024
Bibliografia
editar- Coromines, Joan (1997). Onomasticon cataloniae. VII Sal - Ve. Barcelona: Curial Edicions Catalanes i Caixa d'Estalvis i Pensions de Barcelona La Caixa. ISBN 84-7256-854-7
- Iglésies, Josep (1981). El Fogatge de 1553. Estudi i transcripció. II. Barcelona: Fundació Salvador Vives Casajoana. ISBN 84-232-0189-9
- Madoz, Pascual (1845). Diccionario geográfico-estadístico-histórico de España y sus posesiones de Ultramar. Madrid: Establecimiento Literario Topográfico Edició facsímil: Articles sobre El Principat de Catalunya, Andorra i zona de parla catalana del Regne d'Aragó al <<Diccionario geográfico-estadístico-histórico de España y sus posesiones de Ultramar>> de Pascual Madoz, V. 1. Barcelona: Curial Edicions Catalanes. 1985. ISBN 84-7256-256-5
- Montaña, Silvio (2004). Noms de cases antigues de la comarca del Pallars Sobirà. Espot: Silvio Montaña. ISBN 84-609-3099-8
- Pladevall, Antoni; Castilló, Arcadi (1984). «Estaon». El Pallars, la Ribagorça i la Llitera. Col: Gran Geografia Comarcal de Catalunya, 12. Barcelona: Fundació Enciclopèdia Catalana. ISBN 84-85194-47-0