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Ubu Editora

editora independente brasileira

Ubu Editora, ou simplesmente Ubu, é uma editora independente brasileira fundada em setembro de 2016.[1] Os livros publicados pela Ubu fazem parte de um projeto editorial dedicado a produzir conteúdo que foca tanto na importância literária da obra, como no design e estética dos livros.[2] O nome da editora foi inspirado em Ubu, um dos personagens do poeta francês Alfred Jerry, que aparece em vários de seus poemas.[3] A Ubu conta com uma equipe editorial formada apenas por mulheres, e tem como vocação a participação dos debates contemporâneos publicando, sobretudo, livros nas áreas de antropologia, filosofia, psicanálise, literatura clássica, design e artes visuais.[4][5]

Ubu Editora


Marca gráfica da Ubu Editora
Razão social Ubu Editora Ltda
Editora
Atividade Indústria editorial, indústria criativa, gráfica, design
Fundação setembro de 2016
Fundador(es) Florencia Ferrari, Gisela Gasparian e Elaine Ramos
Sede São Paulo
Área(s) servida(s) Brasil
Empregados 11 (em 09/2020)[1]
Produtos Livros
Website oficial Ubu Editora

História

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A Ubu Editora foi fundada por profissionais dissidentes da Cosac Naify, grupo editorial brasileiro fundado por Charles Cosac e Michael Naify em 1996, na cidade de São Paulo, que se tornou proeminente pela publicação de edições luxuosas de livros com temas relacionados a design, fotografia, moda, música, arte, arquitetura, cinema, dança, antropologia, sociologia, e teatro.[6] Com o encerramento da Cosac Naify em 2015, Elaine Ramos e Florencia Ferrari, respectivamente ex-diretora de arte e ex-diretora editorial da Cosac, uniram esforços para criar uma novo projeto editorial de livros que concentra esforços na qualidade – e não na quantidade ou nas vendagens – de seus lançamentos, nos quais o design das obras e o cuidado editorial são quase tão protagonistas quanto o conteúdo literário das publicações.[7]

Com um catálogo que conta com autores renomados em seus campos, a Ubu Editora atua em três eixos principais: na formação de fundo de catálogo universitário, na participação ativa dos debates sociais contemporâneos e na produção de edições caprichadas de obras literárias clássicas.[8] Em 2019, foi criado o Circuito Ubu, um clube de leitura e assinatura de livros que busca fortalecer o vínculo entre os leitores e o projeto editorial da empresa.[9] O Circuito Ubu também é visto como parte das estratégias criativas para que a editora permaneça ativa em meio às dificuldades que o mercado brasileiro de livros enfrenta, marcado por processos de recuperação judicial de grandes livrarias, outrora consolidadas no mercado.[10][11] Desse modo, a busca por canais de venda alternativos e a ênfase em fundos de catálogo direcionados a nichos literários específicos, estratégias que tem sido adotadas por outras editoras independentes, também direcionam a atual lógica de inserção mercadológica da Ubu.[12][13]

Segundo Florencia Ferrari, diretora de arte e uma das fundadoras da Ubu, para facilitar o escoamento das publicações, "o ideal é conseguir imprimir a tiragem máxima que seríamos capazes de vender em um ano. Nem mais, nem menos. E o segredo é não aumentar a estrutura interna, se desdobrar para produzir mais e melhor dentro dessa lógica”.[12] Outra característica da Ubu, em termos de inserção no mercado, são as várias parcerias que busca firmar, com ênfase na cooperação com segmentos de mercado também independentes. Em abril de 2019, firmou parceria com o Ateliê das Humanidades, uma instituição livre de ciências humanas e filosofia.[14] Em julho de 2020, a Ubu firmou parceria com a LabPub, empresa que fornece cursos de educação à distância (EAD) na área editorial.[15] E, em abril de 2020, foi firmada parceria entre a Ubu e o serviço de streaming MUBI, que conta com uma curadoria especializada em cinema de arte, oferecendo um período gratuito no MUBI para assinantes do Circuito Ubu e, ocasionalmente, para quem é assinante da newsletter da editora.[16][17]

Catálogo editorial

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Primeiras publicações

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Na sua criação, a Ubu adquiriu os direitos de publicação de 35 títulos que faziam parte do catálogo da extinta Cosac Naify, os quais seriam reformulados em novas edições e publicados posteriormente sob cuidado do novo selo editorial.[5] Alguns dos títulos iniciais publicados pela editora foram: "O Supermacho - romance moderno" do poeta francês Alfred Jarry;[18] "Kubrick" que relata a vida e obra do cineasta Stanley Kubrick, escrito por Michel Cement;[19] "Teoria da vanguarda", livro de 1977 escrito pelo crítico literário alemão Peter Bürger;[20] e, desviando um pouco dos temas abordados nas publicações da Ubu, foi lançado o infanto-juvenil "Jacaré, não!" do cronista brasileiro Antonio Prata, selecionado pela Revista Crescer como um dos melhores livros infantis do ano de 2016.[21]

No entanto, a estreia da Ubu no mercado editorial se deu oficialmente em outubro de 2016, quando foi lançada, em parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc), uma edição totalmente reformulada de Os Sertões, clássico do escritor Euclides da Cunha. A edição padrão contou com tiragem inicial de 3 mil exemplares e foi acompanhada, ainda, de uma edição com críticas e expansão da obra em tiragem limitada de mil exemplares.[22][23] O lançamento foi elogiado na imprensa, que destacou não se tratar de mera reedição, pois dispunha de comentários críticos inéditos e de uma nova revisão integral feita pela ensaista e especialista na obra Walnice Galvão.[23][24][25] Além disso, o livro conta com reproduções de partes dos manuscritos originais do autor, bem como com um caderno composto por registros do fotógrafo Flávio de Barros, autor do que se considera como as únicas fotografias conhecidas da Guerra de Canudos (1896 – 1897), conflito que é o tema do livro de Cunha, considerado fundamental para entender a formação histórica do Brasil.[26] Outra surpresa foi que, após seis meses, o livro entrou em sua segunda tiragem, totalizando uma produção de 6 mil exemplares, número considerado o dobro da tiragem de uma obra inicial de uma editora independente.[13] A publicação recebeu menção honrosa no III Premio Latinoamericano al Diseño Editorial, e venceu a categoria "Melhor Livro de Texto do Ano" da 26ª edição do Prêmio de Excelência Gráfica Fernando Pini.[27][28]

Coleção Exit

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Iniciada em 2016, a Coleção Exit tem o intuito de problematizar as questões do século XXI de forma ampla e multidisciplinar, reunindo obras que abordam questões relevantes das ciências humanas, arte, psicanálise e tecnologia. Nesta coleção, o objetivo da Ubu é pensar soluções para as complexidades enfrentadas na contemporaneidade.[29] A coleção, constantemente atualizada, conta com as seguintes obras:

Referências

  1. ↑ a b «Sobre a editora Ubu». www.ubueditora.com.br. Ubu. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  2. ↑ «Ubu: a nova promessa literária». Vogue. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  3. ↑ «Por que Ubu? – Blog da Ubu editora». UBU. Consultado em 3 de setembro de 2020. Ubu é um dos personagens de várias obras do poeta, romancista e dramaturgo francês Alfred Jarry, entre as quais a peça Ubu rei é a mais conhecida. 
  4. ↑ Bittencourt, Bruna (13 de fevereiro de 2017). «Artesanal e independente – Formada por uma equipe só de mulheres, a Ubu Editora vai agradar aos órfãos da Cosac Naify». Revista Trip. Portal Uol. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  5. ↑ a b «Para cada detalhe, uma motivação: Editora Ubu, lançada por diretoras que faziam parte da equipe da extinta Cosac Naify, procura manter cuidado na elaboração dos livros». www.folhape.com.br. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  6. ↑ «Os quinze livros mais incríveis da Cosac Naify: Editora anunciou encerramento das atividades». Veja São Paulo. 3 de dezembro de 2015. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  7. ↑ «Conheça as 5 editoras independentes que se destacam no mercado». Diagramando. 29 de dezembro de 2017. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  8. ↑ Tinti, Simone (27 de abril de 2017). «Quais são e como se destacam as novas editoras de livros no país». Projeto Draft. Consultado em 3 de setembro de 2020. A decisão foi por títulos que não seriam apostas, mas 'obras de aceitação garantida' – um deles, Os Sertões, de Euclides da Cunha, que nas mãos da Ubu ganhou um novo tratamento gráfico (...)Livros feitos com edição cuidadosa, aliás, é o que a Ubu busca como diferencial. 
  9. ↑ «8 clubes de assinatura de livros para ficar de olho». Revista Glamour. Glamour – Globo. 12 de agosto de 2020. Consultado em 3 de setembro de 2020. Criado pela editora Ubu, especializada em design gráfico, psicanálise, sociologia e tantas discussões importantes para entendermos a sociedade, o Circuito Ubu é um clube de assinatura de textos teóricos, escritos por pensadores renomados. 
  10. ↑ «Saraiva e Cultura se mexem para equalizar planos de recuperação judicial: Credores das duas redes foram avisados das mudanças em estudo por causa da pandemia». VEJA. 28 de agosto de 2020. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  11. ↑ «Livrarias Saraiva e Cultura acumulam perdas mesmo após recuperação judicial». Folha de S.Paulo. 24 de janeiro de 2020. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  12. ↑ a b Martins, Juliana (31 de agosto de 2019). «Editoras independentes diversificam canais de vendas para desviar da crise». Estadão. Portal do estado de S. Paulo. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  13. ↑ a b Maciel, Nahima (6 de março de 2017). «Mesmo em tempos de crise, mercado ganha duas novas editoras». Acervo. Correio Braziliense. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  14. ↑ «Parceria entre a Ubu Editora e o Ateliê de Humanidades». Ateliê de Humanidades. 18 de abril de 2019. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  15. ↑ LabPUB. «Ubu firma parceria com a LabPub – LABPUB». Consultado em 3 de setembro de 2020 
  16. ↑ «Parceria Mubi – Circuito Ubu». Ubu Editora. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  17. ↑ «Ubu Editora no Instagram: Assine a nossa news e ganhe um mês de filmes no MUBI». Instagram. 20 de abril de 2020. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  18. ↑ «Reedição de 'O Supermacho' é leitura ideal para começar 2017 - 07/01/2017 - Ilustrada». Folha de S.Paulo. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  19. ↑ «Bastidores dos filmes de Stanley Kubrick viram livro». Casa Vogue. Globo. 19 de setembro de 2017. Consultado em 3 de setembro de 2020. Mais de 300 páginas, um ícone e fotos extraordinárias. Essa química perfeita forma o recheio do mais novo livro sobre o mestre Stanley Kubrick, editado pela Ubu. 
  20. ↑ «Iumna Maria Simon fala de Teoria da vanguarda – Blog da Ubu editora». Consultado em 3 de setembro de 2020 
  21. ↑ «Os 30 melhores livros infantis do ano 2017: confira os títulos mais bacanas para as crianças lançados em 2016, escolhidos para compor a 12ª edição da lista de CRESCER.». Revista Crescer. 5 de junho de 2017. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  22. ↑ «'Os sertões': clássico de Euclides da Cunha ganha edição definitiva». O Globo. 10 de outubro de 2016. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  23. ↑ a b «'Os Sertões' ganha nova edição com dois volumes que ressaltam seu modernismo - Cultura». Estadão. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  24. ↑ PublishNews (9 de dezembro de 2016). «Ubu Editora e Edições Sesc lançam edição comemorativa de 'Os sertões'». PublishNews. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  25. ↑ «IMPERDÍVEL: 'Os Sertões' ganha nova (e robusta) edição crítica». VEJA. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  26. ↑ Aguiar, Josélia (13 de janeiro de 2017). «Pequenas notáveis – Título de alto custo pelo tipo de produção e impressão, é um dos que marcam a estreia da novíssima Ubu Editora, sediada em São Paulo». Valor Econômico. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  27. ↑ TI, CIO Solutions-Desenvolvimento de Soluções em. «Conheça os vencedores do Fernando Pini 2016». www.graphprint.com.br. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  28. ↑ «III Premio Latinoamericano al Diseño Editorial | Feria del Libro». www.el-libro.org.ar. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  29. ↑ Henrique, Balbi (1 de maio de 2019). «Num Brasil cada vez mais agressivo, coleção de livros oferece uma saída». Época. Globo. Consultado em 3 de setembro de 2020. A coleção Exit traz uma série de livros de não ficção que buscam entender aspectos cruciais da vida contemporânea 
  30. ↑ Queiroz, Luciana Molina; Queiroz, Luciana Molina (dezembro de 2016). «CRARY, Jonathan. 24/7 – Capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Cosac Naify, 2014.». Alea: Estudos Neolatinos (3): 581–585. ISSN 1517-106X. doi:10.1590/1517-106X/183-581. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  31. ↑ Universidade de São Paulo, (USP) (4 de outubro de 2020). «Professor do IP é finalista do 60º Prêmio Jabuti - Portal de Divulgação Científica do IPUSP». Instituto de Psicologia da USP. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  32. ↑ Ribeiro, Alcimar das Chagas (25 de novembro de 2017). «'Pobreza e tirania são o problema, não desigualdade'». CONEFLU. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  33. ↑ «Outros Quinhentos recomenda: "Esperando Foucault, ainda"». Outros Quinhentos. 5 de agosto de 2019. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  34. ↑ D'urso, Flavia (2019). «Resenha – Desobedecer, de Frédéric Gros». Polietica. 7 (2). Consultado em 3 de setembro de 2020 
  35. ↑ PublishNews. «A tecnologia é a solução para todos os nossos problemas? Lançamento da Ubu alerta que a internet e as plataformas como Airbnb, Uber, Facebook e Whatsapp, diferente do que se costuma acreditar, podem servir de ferramenta contrária à democracia». PublishNews. Redação. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  36. ↑ «'As novas gerações aprenderam mais com as máquinas do que com as mães', alerta Franco Berardi». O Globo. 16 de março de 2019. Consultado em 3 de setembro de 2020 
  37. ↑ Londrina, Folha de. «O organismo do universo e as mudanças climáticas». Folha de Londrina. Consultado em 3 de setembro de 2020. O livro 'Diante de Gaia' reúne conferências do filósofo Bruno Latour sobre o novo regime climático 
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