Ulrich Schmidl
Ulrich Schmidl, também grafado como Ulrico Schmidl ou Ulrich Schmidel (Straubing, 1510 — Ratisbona, c. 1581) foi um soldado, viajante e cronista bávaro. Atuou como mercenário lansquenete na região da bacia do rio da Prata, entre as décadas de 1536 e 1553[1], a serviço da Coroa Espanhola. Ao retornar a Europa, em 1554, se converteu ao protestantismo e escreveu um relato de viagem sobre sua experiência no continente americano. Sua obra intitulada "História verdadeira de uma viagem curiosa feita por U. Shmidel" foi publicada originalmente em Frankfurt no ano de 1567.
Ulrich Schmidl | |
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Ульрих Шмидль, гравюра Левина Хулиуса, 1599 год | |
Nascimento | 1514 Straubing |
Morte | 1579 (64–65 anos) Ratisbona |
Cidadania | Alemanha |
Ocupação | explorador, escritor, explorador cientifíco, conquistador, autor, descobridor |
A "História verdadeira"
editarA narrativa da "História verdadeira de uma viagem curiosa feita por U. Shmidel" descreve os percalços pelos quais os europeus passaram ao atravessar a bacia do rio da Prata, seus contatos com uma variedade de povos indígenas da região, bem como, a fundação dos primeiros povoamentos coloniais espanhóis, como Buenos Aires e Assunção. Consiste em um documento de notória relevância histórica sobre as primeiras décadas da colonização europeia no século XVI, especificamente, da região que veio a se constituir, séculos depois, como parte dos países Argentina, Paraguai e Brasil.
Edições e traduções do livro
editarO livro de Ulrich Schmidl teve origem no testemunho escrito à mão pelo autor, em alemão, após seu retorno para a Europa em 1554, chamado pela historiografia de "manuscrito de Stuttgart", que só veio a ser publicado pela primeira vez no ano de 1567. Deste manuscrito foram feitas diversas cópias que divergem entre si em relação a detalhes da narrativa[2] e na inserção de mapas e ilustrações alheias ao original. Durante a Idade Moderna era comum copistas, tipógrafos e editores alterarem os textos que copiavam ou editavam na tentativa de corrigir algo ou, até mesmo, adaptar ao que consideravam ser esperado pelo público leitor.[3] Destas cópias originaram-se muitas reedições do livro que continuar a receber novas edições até hoje.
No século XVI, a primeira edição foi lançada em alemão por Martín Lechler, em 1567, na feira do livro da cidade de Frankfurt.[4] Três décadas depois, uma popular edição surgiu feita pelo gravurista e editor Theodore de Bry. Publicada no sétimo volume da coleção Grandes Viagens (1597), publicada em alemão, esta versão veio acompanhada de calcografias que ilustravam as descrições de Ulrich Schmidl. Dois anos depois, em 1599 Théodore de Bry publicou uma tradução para o latim. No mesmo ano, o editor Levinus Hulsius publicou uma segunda tradução para o latim, também inserindo xilogravuras para ilustrar a narrativa.
Obras similares
editarTanto a viagem de Ulrich Schmidl, quanto a publicação de seu livro, são contemporâneas e similares as de outros cronistas e crônicas como demostra a tabela a seguir:
Cronista | Origem | Obra | Ano |
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Cabeza de Vaca | espanhola | Naufrágios e Comentários | 1555 |
Hans Staden | germânica | Duas Viagens ao Brasil | 1557 |
André Thévet | francesa | Singularidades da França Antártica | 1558 |
Jean de Léry | francesa | História de uma Viagem Feita à Terra do Brasil | 1578 |
Referências
Bibliografia
editar- FIORETO, Thissiane & SILVA, Cristina Mascarenhas da Silva (2014). Um breve estudo da História de Transmissão do relatod e viagem de Ulrico Schmidl. Revista Philologus, Ano 20, N° 58 – Supl.: Anais do VI SINEFIL. Rio de Janeiro: CiFEFiL, jan./abr.2014. Consultado em 14 de abril de 2021.
- KALIL, Luis Guilherme Assis (2008). A conquista do Prata: análise da crônica de Ulrich Schmidel. Dissertação de mestrado em História - IFCH-UNICAMP. Campinas, SP. Consultado em 14 de abril de 2021.
- KLOSTER, W. SOMMER, F. Ulrico Schmidl no Brasil Quinhentista. São Paulo: Tipografia Gutenberg, 1942. Consultado em 14 de abril de 2021.