Universidade de Vilnius
Universidade de Vilnius (também conhecida como Universidade Estatal de Vilnius, A Universidade de Vilnius, lituano: Vilniaus universitetas, polonês: Uniwersytet Wileński, antigamente Universidade Stefan Batory, bielorrusso: Вiленскi Унiверсытэт) é uma das mais antigas universidades da Europa Oriental e a maior universidade da Lituânia.
Universidade de Vilnius | |
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Віленская езуіцкая акадэмія | |
VU | |
Lema | Hinc itur ad astra |
Fundação | 1579 |
Tipo de instituição | universidade pública, editor de acesso aberto |
Localização | Vilnius Lituânia |
Reitor(a) | Rimvydas Petrauskas |
Total de estudantes | 23 517 |
Campus | Vilnius |
Website oficial | |
História
editarA República das Duas Nações
editarEm 1568, a nobreza local pediu para os jesuítas que fundassem uma academia em Vilnius (Wilno) ou em Kaunas. No ano seguinte Walerian Protasiewicz, o bispo de Wilno (Vilnius), adquiriu várias casas no centro da cidade e iniciou a construção da Academia de Vilnius (Akademia Wileńska). Inicialmente, a Academia tinha três divisões: trivium (gramática, retórica e dialética ou lógica), filosofia e teologia. Os primeiros estudantes foram matriculados na Academia em 1570. Uma biblioteca universitária foi criada no mesmo ano; a maioria de seus livros foi doada pelo seu fundador.
Em 1 de abril de 1579, o Rei Stephen Báthory melhorou a qualidade da academia e garantiu-lhe os mesmos direitos dados à Universidade Jagiellon de Cracóvia. Seu édito foi aprovado pela bula papal de Gregório XIII de 30 de outubro de 1579. O primeiro reitor da Academia foi Piotr Skarga. Ele convidou muitos cientistas notáveis de todas as partes da Europa e ampliou sua biblioteca, com a colaboração de muitas pessoas importantes: Sigismundo II da Polônia, Bispo Walerian Protasewicz e o Marechal da Coroa, Kazimierz Lew Sapieha.
Em 1575, o Duque Mikołaj Krzysztof Radziwiłł e Elżbieta Ogińska contribuíram o estabelecimento da primeira editora da academia, uma das primeiras na região. Nesse local foram editados livros em latim e polonês e em 1595 o primeiro livro em língua lituana foi produzido - Catechismusa Prasty Szadei (Palavras Simples de Catecismo), por Martynas Mažvydas.
O período de crescimento da Academia durou até o século XVII. O período seguinte, conhecido como O Dilúvio, levou a uma dramática redução, tanto no seu número de estudantes matriculados quanto na qualidade de seus programas. Na metade do século XVIII, as autoridades educacionais tentaram recuperar a Academia. Isto levou a construção do primeiro observatório na República das Duas Nações, (o quarto na Europa), em 1753, por Tomasz Żebrowski. A Comissão de Educação Nacional tomou a direção da Academia em 1773 e a transformou em uma moderna universidade. Graças ao Reitor da Academia, Marcin Poczobutt-Odlanicki, foi-lhe conferida a posição de Escola Principal (Szkoła Główna) em 1783. A Comissão de Educação Nacional, a autoridade secular que dirigiu a instituição após a dissolução da Companhia de Jesus, deu-lhe um novo estatuto.
Partições da Polônia
editarDepois das Partições da Polônia-Lituânia, Vilnius (Wilno) foi anexada pelo Rússia Imperial. Porém, a Comissão de Educação Nacional manteve o controle sobre a Academia até 1803, quando o Tsar Alexandre I da Rússia aceitou o novo estatuto e renomeou a Academia como A Universidade Imperial de Vilna. Foi garantido à instituição os direitos à administração de todos os meios educacionais do antigo Grão-Ducado da Lituânia. Dentre suas notáveis personalidades estão: o curador (governador) Adam Jerzy Czartoryski e o reitor Jan Śniadecki.
A Universidade floresceu. Por volta do ano de 1823, era uma das maiores da Europa; o número de estudantes ultrapassava ao da Universidade de Oxford. Alguns estudantes foram presos em 1823 por conspirarem contra o Tsar. Dentre eles estava Adam Mickiewicz, que mais tarde se tornou um dos maiores poetas do seu tempo. Em 1832, depois da Revolta de Novembro, a Universidade foi fechada pelo Tsar Nicolau I da Rússia.
Duas de suas faculdades foram desmembradas: a Academia de Medicina e Cirurgia (Akademia Medyko-Chirurgiczna) e a Academia Católica Romana (Rzymsko-Katolicka Akademia Duchowna), mas logo elas também foram proibidas. A repressão que se seguiu à derrota da revolta resultou na proibição do uso das línguas polonesa e lituana e toda a educação nesses idiomas foi suspensa. Finalmente, a maior parte dos bens da Universidade foi confiscado e enviado para a Rússia (a maioria para São Petersburgo).
Após 1919
editarDepois que a área de Vilnius foi anexada pela Polônia, A Academia de Vilnius foi renomeada para Universidade Stefan Batory (Uniwersytet Stefana Batorego) em 20 de agosto de 1919, pelo ato de Józef Piłsudski. A Universidade rapidamente se recuperou e ganhou prestígio internacional, grandemente devido à presença de notáveis cientistas tais como Władysław Tatarkiewicz, Marian Zdziechowski e Henryk Niewodniczański. Dentre os estudantes da Universidade daquele tempo estava o futuro ganhador do Prêmio Nobel Czesław Miłosz. A Universidade cresceu rapidamente, graças ao apoio do governo e de doações particulares.
Em 1938 a Universidade contava com:
- 7 Institutos
- 123 professores
- 104 diferentes unidades científicas (incluindo dois hospitais)
- 3110 estudantes
Dos estudantes estrangeiros da Universidade 212 eram russos, 94 bielorrussos, 85 lituanos, 28 ucranianos e 13 alemães.
Segunda Guerra Mundial
editarApós a Invasão da Polônia a Universidade foi fechada. Porém, logo a seguir a cidade foi ocupada pela União Soviética, a maioria dos professores retornaram e quase todas as faculdades foram reabertas em 1 de outubro de 1939. Em 28 de outubro, Vilnius voltou a pertencer novamente[1] à Lituânia. Em 13 de dezembro de 1939 [2], a nova Carta universitária especificava que a Universidade de Vilnius seria regida de acordo com o estatuto da Universidade Vytautas Magnus de Kaunas e que os programas em língua lituana e faculdades seriam instituídos. Logo após a anexação da Lituânia pela União Soviética, a maioria dos professores foram presos e enviados para prisões e gulags na Rússia e no Cazaquistão.
A cidade foi ocupada pela Alemanha em 1941, e todas as instituições de ensino superior para os não alemães foram fechadas. Contudo, os professores que permaneceram organizaram um sistema secreto de educação com aulas e avaliações sendo realizadas em residências particulares. Os diplomas das universidades clandestinas foram aceitos por muitas Universidades polonesas depois da Guerra. Em 1944, muitos dos estudantes participaram da Revolta de Vilnius. A maioria dos estudantes foi presa mais tarde pela NKVD e deportados para a União Soviética. Com a expulsão dos alemães em 1944, os remanescentes do corpo docente e estudantes de descendência polonesa que sobreviveram à guerra foram expulsos da cidade. Muitos deles se juntaram a várias universidades na Polônia. A fim de não perderem o contato entre si, os professores decidiram transferir faculdades inteiras. Depois de 1945, a maioria dos matemáticos, humanistas e biólogos se reuniram na Universidade Nicolau Copérnico em Toruń, enquanto que um número de faculdades de medicina formaram a recém criada Universidade de Medicina de Gdańsk.
Após 1945
editarDepois da guerra, a Universidade foi renomeada para A Universidade da República Socialista Soviética da Lituânia. Embora sujeita ao sistema soviético, a Universidade de Vilnius cresceu e ganhou importância. A Universidade de Vilnius começou a se libertar da ideologia soviética em 1988, graças à política do glasnost. Em 11 de março de 1990 a Lituânia declarou a sua independência e a Universidade obteve autonomia. Desde 1991, a Universidade de Vilnius tem sido uma signatária da Carta Magna das universidades européias. A Universidade é um membro da Associação das Universidades Européias (AUE) e da Conferência dos Reitores das Universidades do Báltico.
A Universidade de Vilnius atualmente
editarNos tempos modernos, a Universidade ainda oferece cursos com um conteúdo internacionalmente reconhecido.
Em 1 de janeiro de 2006 havia 23 126 estudantes matriculados na Universidade de Vilnius.
O atual Reitor da Universidade é o Professor Benediktas Juodka do Departamento de Bioquímica e Biofísica.
Organização
editarExistem doze faculdades:
- Química
- Economia
- Filologia
- Filosofia
- Física
- Ciências naturais
- História
- Faculdade de Humanismo de Kaunas
- Comunicações
- Matemática e Ciência da Computação
- Medicina
- Direito
A universidade tem um número de institutos semi-autônomos:
- Instituto de Relações Internacionais e Ciência Política
- Instituto de Ciência Material e Recursos Aplicados
- Instituto de Línguas Estrangeiras
- Instituto de Ecologia
- Instituto de Imunologia
- Instituto de Física Teórica e Astronomia
- Instituto de Oncologia
- Instituto de Medicina Experimental e Clínica
- UNESCO Centro Associado de Excelência para Pesquisa e Treinamento em Ciências Básicas
- O Instituto Iídiche de Vilnius
Há também diversos centros de pesquisas e estudos na Universidade de Vilnius:
- A.J.Greimas Centro de Semiótica
- Centro de Estudos Ambientais
- Centro para Culturas dos Sem-Pátria
- Centro de Orientalística
- Centro de Melhoria Profissional
- Centro de Estudos e Pesquisa Religiosa
- Centro de Desportos
- Centro para Estudos de Gênero
- Centro de Estudo de Educação à Distância de Vilnius
- Centro de Excelência em Biologia Celular e Lasers
- Centro Internacional de Conhecimento Econômico e de Gerenciamento
Projetos
editarOs projetos de pesquisas recentes e em andamento incluem:
- 1999-2002 NATO SfP-972534. "Espectrômetro de laser para testes de Camadas de Cristais e Componentes Ópticos no Alcance Grande Espectral e Angular"[3]. Projeto do programa da NATO Ciência para a Paz.
- Em andamento: "Biologia celular e lasers: para novas tecnologias". Universidade de Vilnius - UNESCO Centro Associado de Excelência.[4]
Professores e ex-alunos notáveis da Universidade de Vilnius
editar- Por ordem alfabética
- Michał Bobrowski
- Ludwik Chmaj, historiador e filósofo
- Józef Michał Chomiński, musicólogo
- Adam Jerzy Czartoryski
- Tadeusz Czeżowski, lojista
- Simonas Daukantas, historiador
- Ignacy Domeyko, fundador da Universidade de Santiago do Chile
- Henryk Elzenberg, historiador e filósofo
- Józef Gołuchowski, filósofo
- Gottfried Erns Groddeck, médico
- Johann Peter Frank, médico
- Josef Frank, médico
- Tomasz Hussarzewski, historiador
- Stanisław Bonifacy Jundziłł, biólogo
- Daniel Klein, reformador da gramática da língua lituana
- Ludwik Kolankowski, historiador
- Józef Ignacy Kraszewski, escritor
- Zygimantas Liauksminas, filósofo
- Joachim Lelewel, historiador e político
- Henryk Łowmiański, historiador
- Adam Mickiewicz, poeta
- Czesław Miłosz, poeta, ganhador do Prêmio Nobel
- Kazimierz Moszyński, etnólogo
- Ignacy Żegota Onacewicz, cientista polonês e pioneiro do renascimento nacionalista bielorrusso
- Jan Szczepan Otrębski, filólogo, professor de línguas lituana e alemã
- Maciej Kazimierz Sarbiewski, famoso poeta de latim
- Jozef-Julian Sekowski, jornalista
- Piotr Skarga
- Kazimierz Siemienowicz, engenheiro de artilharia, construtor e pioneiro de Astronáutica
- Juliusz Słowacki, poeta
- Stefan Srebrny, filólogo
- Jan Śniadecki, astrônomo, matemático, físico
- Jędrzej Śniadecki, químico e médico
- Martin Śmiglecki, lojista
- Witold Taszycki, lingüísta
- Józef Trypućko, filólogo
- Albertas Vijukas-Kojelavicius, historiador, autor do primeiro livro sobre a História da Lituânia
- Stanislaw Warszewicki, escritor
- Jan Fryderyk Wolfgang, biólogo
- Jakub Wujek, primeiro tradutor da Bíblia para o idioma polonês
- Tomasz Zan, poeta
- Aleksander Chodzko, poeta, tradutor, filólogo
- Joseph Chodzko
Doutores Honorários Conferidos pela Universidade de Vilnius
editar- Jan Safarewicz, membro da Academia de Ciências da Polônia, professor da Universidade Jagiellon em Cracóvia (1979)
- Zdenek Češka, membro associado da Academia de Ciências da República Tcheca, reitor da Universidade Carlos, Praga (1979)
- Werner Scheler, professor, Alemanha (1979)
- Valdas Adamkus, presidente da Lituânia (1989)
- Czesław Olech, diretor do Centro de Matemática Internacional Banach , membro da Academia de Ciências da Polônia, professor da Universidade de Varsóvia (1989)
- Christian Winter, professor, Universidade de Frankfurt am Main (Alemanha) (1989)
- Vaclovas Dargužas (Andreas Hofer), doutor em Medicina (Suíça) (1991)
- Edvardas Varnauskas, doutor em Medicina, professor (Suécia) (1992)
- Martynas Yčas, professor da Universidade de Nova York (1992)
- Paulius Rabikauskas, professor, Universidade Gregorius (Roma, Itália) (1994)
- Tomas Remeikis, professor, Colégio Indiana Calumet (EUA) (1994)
- William Schmalstieg, professor, Universidade da Pennsylvania (EUA) (1994)
- Vladimir Toporov, professor, Instituto de Línguas Eslavas, Academia Russa das Ciências (1994)
- Václav Havel, presidente da República Tcheca (1996)
- Alfred Laubereau, Chefe do Departamento de Física Experimental da Universidade de Munique, professor da Universidade Bairoit (1997)
- Nikolaj Bachalov, membro da Academia Russa de Ciências, Chefe do Departamento de Matemática Computacional da Faculdade de Matemática da Universidade M. Lomonosov de Moscou (1997)
- Rainer Eckert, professor, diretor do Instituto de Estudos Bálticos da Universidade Greifswald (1997)
- Juliusz Bardach, professor da Universidade de Varsóvia (Polônia) (1997)
- Theodor Hellbrugge, fundador e Chefe do Centro para Crianças de Munique, Instituto de Pediatria Social e Medicina do Adolescente, professor da Universidade de Munique (Alemanha) (1998)
- Friedrich Scholz, diretor do Instituto Interdisciplinar de Estudos Bálticos, professor da Universidade de Munique (Alemanha) (1998)
- Zbigniew Brzezinski, professor, conselheiro do governo dos Estados Unidos (1998)
- Maria Wasna, doutor, professor, psicólogo, reitor da Universidade de Münster (Alemanha) (1999)
- Ludwik Piechnik, professor de História da Academia Teológica Papal de Cracóvia (Polônia) (1999)
- Sven Lars Caspersen, professor de Economia, presidente da Associação Mundial de Reitores, reitor da Universidade Aalborg (Dinamarca) (1999)
- Wolfgang Schmid, professor da Universidade Göttingen (Alemanha) (2000)
- Eduard Liubimskij, professor da Universidade de Moscou (Rússia) (2000)
- Andrzej Zoll, professor da Universidade Jagiellon em Cracóvia (Polônia) (2002)
- Dagfinn Moe, professor da Universidade Bergen (Noruega) (2002)
- Jurij Stepanov, professor da Universidade de Moscou (Rússia) (2002)
- Ernst Ribbat, professor da Universidade de Münster (Alemanha) (2002)
- Sven Ekdahl, professor dos Arquivos Secretos da Prússia em Berlim (Alemanha) (2004)
- Peter Ulrich Sauer, professor, Universidade de Hanover (Alemanha) (2004)
- Peter Gilles, professor da Universidade Johan Wolfgang Goethe (Frankfurt am Main, Alemanha) (2004)
- Francis Robicsek, professor do Instituto Carolinas Heart no Centro de Medicina Carolinas em Charlotte, Carolina do Norte (EUA) (2004)
- Aleksander Kwaśniewski, presidente da República da Polônia (2005)
- Vladimir P. Skulachev, professor da Universidade M. Lomonosov de Moscou (Rússia) (2005)
- Vassilios Skouris, professor, presidente do Tribunal de Justiça da União Europeia (2005)
- Pietro Umberto Dini, professor da Universidade de Pisa (Itália) (2005)
- Jacques Rogge, presidente do Comitê Olímpico Internacional (2006)
- Gunnar Kulldorff, professor da Universidade de Umeå (Suécia) (2006)
Bibliografia
editar- Studia z dziejów Uniwersytetu Wileńskiego 1579–1979, K. Mrozowska, Cracóvia 1979
- Uniwersytet Wileński 1579–1979, M. Kosman, Wrocław 1981
- Vilniaus Universiteto istorija 1579–1803, Mokslas, Vilnius, 1976, 316 p.
- Vilniaus Universiteto istorija 1803–1940, Mokslas, Vilnius, 1977, 341 p.
- Vilniaus Universiteto istorija 1940–1979, Mokslas, Vilnius, 1979, 431 p.
Ver também
editarReferências
- ↑ Asmens dokumentų apžvalga
- ↑ Collection of Lithuanian laws. Lietuvos Valstybės Teisės Aktai 1918-1940
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 1 de outubro de 2006. Arquivado do original em 27 de junho de 2007
- ↑ http://ec.europa.eu/research/news-centre/en/pol/02-03-pol04.html#lituanie
Ligações externas
editar- «Site da Universidade de Vilnius» (em inglês)
- «O Instituto Iídiche de Vilnius» (em inglês)