Urraca Viegas de Ribadouro
Urraca Viegas de Ribadouro (conhecida também como Meana D. Urraca) (antes de 1140 - 26 de setembro de 1218[1]), foi uma rica-dona portuguesa, e senhora de várias honras.[2].
Urraca Viegas de Ribadouro | |
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Rica dona/Senhora/Meana/Condessa | |
Senhora de Mezio | |
Reinado | 1146-1218 |
Predecessor(a) | Egas Moniz IV |
Condessa de Celanova | |
Reinado | c.1180?-1182 |
Predecessor(a) | Sancha de Portugal |
Sucessor(a) | Maria Pais de Valadares |
Nascimento | Antes de 1140 |
Morte | 26 de setembro de 1218 |
Sepultado em | Mosteiro de Salzedas, Tarouca, Viseu, Portugal |
Cônjuge | Gonçalo Rodrigues da Palmeira Vasco Sanches, Conde de Celanova |
Descendência | Gonçalo Gonçalves Fernão Gonçalves Rodrigo Vasques, Conde de Celanova Gonçalo Vasques |
Dinastia | Ribadouro |
Pai | Egas Moniz IV de Ribadouro |
Mãe | Teresa Afonso de Celanova |
Religião | Catolicismo romano |
Primeiros anos
editarUrraca era filha do célebre Egas Moniz, o Aio, e da sua segunda[3][4] (ou única[5][6]) esposa, Teresa Afonso de Celanova, sendo provavelmente das filhas mais novas do prócere, tendo em conta a datação tardia do seu aparecimento na corte e inclusive da sua morte.
Deveria ser ainda muito jovem aquando da morte do seu pai, em agosto de 1146. Até então a família havia sido das mais influentes de então na corte portuguesa: o seu pai havia sido o aio do então Rei de Portugal, Afonso Henriques, e os filhos mais velhos, Lourenço e Afonso, provavelmente criados em conjunto com o próprio monarca, desfrutavam de uma relação bastante próxima com o mesmo.
Testamento paterno
editarAquando da morte de Egas Moniz, os irmãos regressariam provavelmente da corte para dividir os bens do pai com a mãe. Ao seu irmão Lourenço, Egas passara a honra de Fonte Arcada, os cargos curiais (tenente de Lamego), o títulos de “conde” e senhor de Neiva e ainda a responsabilidade de ajudante na governação do reino. A Afonso o seu pai doou, de entre várias posses, as suas honras de Resende, Alvarenga e Lumiares; a Soeiro, couberam as honras de Vila Cova e Fontelo. A si, a honra de Mezio, e às suas irmãs Dórdia e Elvira, couberam respetivamente as honras de Lalim e Britiande.[7]. Dado que os filhos mais novos eram provavelmente menores, a sua mãe Teresa ter-se-á encarregado do governo das honras que lhes couberam.
Gestão fundiária
editarSurge primeiramente documentada em 1160 (contando provavelmente com não mais de vinte anos[1]), quando vende ao Mosteiro de Salzedas a sua parte da herança paterna no couto de Argeriz, à semelhança de vários dos seus irmãos.
De facto, Urraca destaca-se sobretudo pela sua ligação a vários mosteiros, de entre os quais, a destacar, os importantes cenóbios de Salzedas, Tuías e Tarouquela. numa carta datada de 28 de janeiro de 1173, o cardeal-legado Jacinto nomeia-a como possuidora, ampliadora e benfeitora do mosteiro de Tuías, ficando conhecida por meana de Tuías ou meana Urraca Viegas de Tuías[1].
O Mosteiro de Salzedas seria, contudo, o mais beneficiado por Urraca: entre 1174 e a sua morte, Urraca não parará de doar bens para o referido cenóbio[8][1]. Destaque para uma doação de umas casas herdadas do pai em Lamego, doação que realiza com os filhos, e outra de alguns bens em Queimada e Queimadela por alma de um seu filho, Fernando Gonçalves, morto provavelmente havia pouco tempo, se não nesse ano de.
Urraca não doou somente bens a instituições religiosas: em 1200 fez uma doação da sua parte de uma albergaria em Marco de Canaveses a um casal, Mem Pais e Ermesinda[1].
Funções na corte
editarSegundo as Inquirições Gerais, Urraca terá sido aia da infanta Mafalda, filha de Sancho I de Portugal, e criou-a na sua honra de Louredo, perto de Penafiel. Mafalda é referida como adotada, sendo "recebida como filha" no testamento de Urraca[9].
Morte e posteridade
editarEm outubro de 1199, Urraca redigiu o seu testamento[9]: nele figurava-se a seguinte divisão: dos seus bens, metade reverteria para o Mosteiro de Salzedas, para lá garantir o seu sepultamento[9]. A outra metade deveria ser dividida igualmente entre as suas netas de sangue, filhas de Rui Vasques de Barbosa, e a outra metade deveria ser herdada pela infanta Mafalda[9]. Pelos bens que possui após a morte de Urraca, é provável que a infanta-rainha tenha herdado, entre vários bens, o Mosteiro de Tuías[9]. Faleceu a 26 de setembro de 1218, e sepultou-se, como manifestara vontade, no Mosteiro de Salzedas.
Em 1222, sabe-se que a infanta-rainha doou parte do padroado da igreja de Britiande pela sua alma e a da sua ama[9].
Matrimónio e descendência
editarUrraca casou duas vezes. A ordem atribuída aos casamentos não é ainda consensual[1].
Terá desposado pela primeira vez com Gonçalo Rodrigues da Palmeira[10] [4], provavelmente por volta de 1160, de quem teve:
- Gonçalo Gonçalves de Palmeira[11][4], casado com Maria Pais de Valadares[4];
- Fernão Gonçalves de Palmeira[11][4] (m. c.1195). A mãe doa posses e Queimada e Queimadela ao Mosteiro de Salzedas pela sua alma[1].
Viúva por volta de 1177, voltaria a casar com o Conde Vasco Sanches de Celanova[10] [4], através do qual se passaria inclusive a intitular-se Condessa[1]. Deste casamento resultou a seguinte descendência:
- Rodrigo Vasques de Celanova, casado com Maria Pais de Valadares[4]. As duas filhas que teve, Maria e Teresa Rodrigues de Celanova, serão beneficiárias do testamento da avó, juntamente com a infanta-rainha Mafalda[9].
- Gonçalo Vasques de Celanova[4], sem descendência.
Referências
- ↑ a b c d e f g h GEPB 1935-57, p. 223-24, vol.35.
- ↑ Mattoso 1981, p. 194-195.
- ↑ Mattoso 1982, p. 58.
- ↑ a b c d e f g h Sottomayor-Pizarro 1997.
- ↑ GEPB 1935-57, p. 285-87, vol.35.
- ↑ Fernandes 1960.
- ↑ GEPB 1935-57.
- ↑ Há doações onde existem inclusive informação de preços: Urraca vendeu ao mosteiro de Salzedas uma quintã em Paços, o casal em Joane e dois casais em Ventoselas por 280 maravedis.
- ↑ a b c d e f g Ventura 1992, p. 560, vol.2.
- ↑ a b Mattoso 2015, p. 155.
- ↑ a b Felgueiras Gayo 1940, p. 168.
<ref>
com nome "FOOTNOTEGEPB1935-57223-24, vol.35" definido em <references>
não é utilizado no texto da página.Bibliografia
editar- Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira - 50 vols. , Vários, Editorial Enciclopédia, Lisboa. vol. 16-pg. 887.
- Gayo, Manuel José da Costa Felgueiras, Nobiliário de Famílias de Portugal, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989, vol. IV-pág. 377 (Coelhos).
- Fernandes, A. de Almeida (1960). A ação das linhagens no repovoamento. Porto: [s.n.]
- Mattoso, José (1994). A Nobreza Medieval Portuguesa - A Família e o Poder. Lisboa: Editorial Estampa. ISBN 972-33-0993-9
- Sottomayor-Pizarro, José Augusto (1997). Linhagens Medievais Portuguesas: Genealogias e Estratégias (1279-1325). I. Porto: Universidade do Porto
- Reis, Baltasar dos (1934). Livro da fundação do Mosteiro de Salzedas. Lisboa: Imprensa Nacional de Lisboa
- Ventura, Leontina (1992). A nobreza de corte de Afonso III. II. Coimbra: Universidade de Coimbra