Ursule Mirouët
Ursule Mirouët (em português, Úrsula Mirouët)[1] é um romance francês de Honoré de Balzac, publicado em Le Messager, em agosto-setembro de 1841, depois editado em volume em 1842, nos Estudos de costumes, seção das Cenas da vida provinciana da Comédia Humana.
Ursule Mirouët | |||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Autor(es) | Honoré de Balzac | ||||||
Idioma | Francês | ||||||
País | França | ||||||
Gênero | Romance | ||||||
Série | Scènes de la vie de province | ||||||
Editor | Hyppolite Souverain | ||||||
Lançamento | 1842 | ||||||
Edição portuguesa | |||||||
Tradução | Dr. Alberto Pimentel | ||||||
Editora | Guimarães | ||||||
Lançamento | 1940? | ||||||
Páginas | 237 | ||||||
Cronologia | |||||||
|
Nessa obra bem balzaquiana, onde se vê a inocência e a honestidade de Úrsula questionadas pelos parentes indelicados de seu tutor, o bom dr. Minoret, o autor se estende longamente sobre os poderes sobrenaturais, o ocultismo e a transmissão de pensamento, que são, de acordo com ele, matéria de estudos sérios. Ele procura convencer o leitor incrédulo trazendo em apoio a suas palavras várias referências documentais, explicações e testemunhos se referindo às teorias de Alexis Didier (célebre vidente) e também às de Franz Anton Mesmer. Ele mostra também como o dr. Minoret, um agnóstico, é tocado pela graça e acede à fé (demonstração que ele havia feito com o dr. Desplein em A Missa do Ateu, em 1836). "Para muitos de seus leitores entusiásticos, essa coexistência em sua obra da observação e da fantasia é, precisamente, um dos segredos de sua grandeza, enquanto outros só veem nela resíduos do romantismo frenético, de gosto duvidoso."[2]
Enredo
editarÚrsula Mirouët, órfã, é acolhida e educada pelo dr. Minoret, seu tutor que se retira a Nemours, depois de ter exercido a profissão em Paris. Atencioso, muito preocupado com a felicidade de sua pupila, o bom doutor lhe dá uma educação de grande qualidade. Úrsula é rodeada pela afeição de um padre, do velho doutor e de uma empregada dedicada. No testamento, o dr. Minoret faz de Úrsula sua herdeira universal. Mas a fortuna do velho é desde muito tempo cobiçada por uma parentela pouco favorável à pupila. Após a morte do médico, quando Úrsula tem a idade de vinte anos, esses parentes se unem para despojar a jovem. Os herdeiros potenciais que o doutor possuía na cidade são numerosos e mais ou menos rivais. Mas como eles temem ser deserdados a favor de Úrsula, a qual consideram tão gananciosa quanto eles mesmos, unem-se contra ela. Eles acusam-na de intrigas sombrias pois ela conseguiu levar à missa, e talvez inspirar uma certa devoção ao velho doutor até então agnóstico. Eles se inquietam à medida que as relações do velho com o padre se tornam excelentes.
A cobiça de um dos herdeiros, Minoret-Levrault, vai instigá-lo a roubar os títulos de renda destinados a assegurar o futuro da jovem. Reduzida à pobreza e em meio às perseguições e intrigas inspiradas pelo culpado, Úrsula definha, seu estado de saúde leva a crer que sua morte é próxima, ardentemente esperada pelos mais gananciosos. Enviam-lhe cartas anônimas, calúnias, chantagens. Mas a inocência triunfará. Apoiada pelo amor de Savinien de Portenduère (Saviniano na edição brasileira organizada por Paulo Rónai), e pelos amigos do doutor, ajudada, também, por revelações misteriosas recebidas em sonho, Úrsula finalmente recupera seus direitos e encontra a felicidade que ela merece. Ela desposa Saviniano, que faz uma bela carreira na marinha graças à ajuda de seu tio-avô, o conde de Kergarouët.
Referências
Bibliografia
editar- (fr) Anne-Marie Baron, « Mélodrame et feuilleton : la revendication théâtrale dans Ursule Mirouët », Balzac, Œuvres complètes : le Moment de La Comédie humaine, Claude Duchet et Isabelle Tournier, Éd. et intro., Saint-Denis, PU de Vincennes, 1993, p. 243-56.
- (fr) Claudie Bernard, « La Dynamique familiale dans Ursule Mirouët de Balzac », French Forum, May 1999; 24 (2), p. 179-202.
- (fr) Ralph Heyndels, « Théorie du roman/Roman de la théorie : une réflexion critique à partir de Jacques le fataliste (Diderot), Ursule Mirouët (Balzac) et La Mise à mort (Aragon) », French Literature Series, 1984, n° 11, p. 23-32.
- (fr) Jean Homayoun Mazahéri, « La Conversion du Dr Minoret dans Ursule Mirouët de Balzac », Lettres Romanes, fév.-mai 2001, n° 55 (1-2), p. 53-66.
- (fr) Bertrand Méheust, « Balzac et le magnétisme animal : Louis Lambert, Ursule Mirouët, Séraphîta », Traces du mesmérisme dans les littératures européennes du XIX×10{{{1}}} siècle, Bruxelles, actes du colloque du 9-11 nh Studies Bulletin, Summer 2005, n° 95, p. 12-15.
- (en) Michael Tilby, « Ursule Mirouët, or Balzac and the Coach to Paris » Moving Forward, Holding Fast: The Dynamics of Nineteenth-Century French Culture, Barbara T. Cooper et Mary Donaldson-Evans, Éd. et intro., Amsterdam, Rodopi; 1997, p. 53-66
Ligações externas
editar- Fac-símile em francês no site da Biblioteca Nacional da França.