Usuária:Cynthia UFMG/Testes
Tecnologia e Trabalho
editarIntrodução
O trabalho é considerado um aspecto importante na formação do indivíduo como ser social, uma vez que foi por meio do desenvolvimento do trabalho (forças produtivas) que a relação do homem com a natureza foi transformada e que, mesmo nas sociedades modernas, o trabalho é extremamente importante no papel de organização de toda a vida social. É pelo trabalho remunerado que o indivíduo forma uma rede de relações e de intercâmbios, fazendo com que esse seja um importante meio de socialização e afirmação de posição social no meio em que se insere. Tendo isso em vista e levando em conta que o homem produz a sociedade mas é também influenciado por ela, sempre que ocorrem revoluções tecnológicas, as novidades que elas trazem, via de regra, causam um grande impacto relacionado ao mundo do trabalho, seja na extinção de cargos tradicionais e criação de novos postos de trabalho ou seja na modificação do modo de se fazer inúmeras atividades trabalhistas. Frente essas novidades e mudanças, a resposta natural dos trabalhadores costuma ser de resistência aos novos cenários tecnológicos, movidos pelo medo de perderem postos de trabalho e serem prejudicados ou mesmo substituídos pelas novas ferramentas de que o mercado passa a dispor. Assim, em cada era de revoluções tecnológicas é possível observar esse fenômeno e as formas que a sociedade encontra de se reorganizar, uma vez que a chegada das novas tecnologias são um caminho sem volta.
Primeira Revolução Tecnológica e o Trabalho
A primeira Revolução Industrial emergiu no final do século XVIII na Inglaterra, configurada, sobretudo, pelo avanço tecnológico, no qual tem-se a implementação da máquina em larga substituição a atividade manual na esfera industrial a princípio, a partir da invenção da máquina à vapor tendo como base energética o carvão. Nesse sentido, é importante pontuar que esta modificação substancial relaciona-se com o expansão de mercados ingleses e, por conseguinte, necessidade de maior produtividade para atender maiores demandas sociais, que levariam à um maior lucro em equilíbrio com os objetivos do sistema de acúmulo de capital. Logo, esta transformação objetivando o lucro com o aumento da produtividade, levou a uma série de consequências para os trabalhadores neste cenário, uma vez que se determinou, em um primeiro momento, com a implementação da máquina à vapor no campo laboral, uma grande substituição de trabalhadores por esta, gerando a perda de empregos em maior escala, bem como, levando a emergência de uma classe de trabalhadores que inseridos em um contexto de acumulação e de industrialização, viram-se imersos em um sistema no qual as condições de trabalho existentes eram precárias, e a partir disso passaram a implementar ações reacionárias, tencionando mudar esta conjuntura.
Segunda Revolução Tecnológica e o Trabalho
A Segunda Revolução Industrial, ou Segunda Fase da Revolução Industrial, surgiu com o progresso científico e tecnológico iniciado na Inglaterra, França e Estados Unidos, por volta da segunda metade do século XIX. Em um período de cerca de 100 anos entre 1850 e 1950, houve uma intensa busca por inovações e invenções, o que trouxe maior conforto para o ser humano, bem como a subordinação e dependência dos países que não realizaram a revolução científica e tecnológica ou industrial. O mundo todo passou a buscar, consumir e utilizar os produtos industrializados dos países desenvolvidos que se tornaram grandes potencias até o dia de hoje. Dentre as descobertas podemos destacar a utilização de novas fontes de energia como o petróleo (para novos motores a combustão), nas usinas hidrelétricas, inclusive a energia nuclear, que revolucionaram a produção industrial. Outro aspecto relevante foi à busca dos maiores lucros, que exigiu ao extremo a especialização do trabalho, a produção foi ampliada passando-se a produzir artigos em série, o que barateava o custo por unidade. Dentre as inovações nasceram às linhas de montagem, esteiras rolantes por onde circulavam as partes do produto a ser montado, de modo a dinamizar o processo. Neste período nasce o Fordismo baseado das teorias de Frederik Taylor, que visava o aumento da produtividade, controlando os movimentos das máquinas e dos homens no processo de produção. Henry Ford, inovou na indústria automobilística dos EUA, foi o primeiro a fazer uso das esteiras que levavam o chassi do carro a percorrer toda a fábrica, assim os operários montavam os carros com as peças que chegavam a suas mãos através de outra esteira.
Algumas das consequências da revolução industrial: • Divisão e especialização do trabalho • Fortalecimento de duas classes: burguesia industrial e o proletariado fabril • Elevado crescimento econômico • Concentração de renda na mão dos donos das indústrias • Fortalecimento político e econômico da burguesia • Formação de uma elite industrial • Surgimento das linhas de montagem (Fordismo e Taylorismo) • Substituição da manufatura para a maquino-fatura • Criação de empresas e indústrias • Dinamização do processo industrial • Aumento do rendimento do trabalho • Redução do custo de produção • Aumento da concorrência • Expansão e consolidação do sistema capitalista • Surgimento do Socialismo • Progresso científico e tecnológico
Pontos negativos:
• Os trabalhadores das fábricas viviam em condições precárias, com altas jornadas de trabalho e salários baixos. • Mulheres e crianças também trabalhavam nas fábricas e recebiam menos que os homens. • A riqueza foi concentrada nas mãos de uma elite e com isso, a miséria e a insalubridade em que viviam as populações menos favorecidas aumentou significativamente. • A crença em um progresso sem limites, capaz de solucionar todos os males da humanidade. • Êxodo Rural, e o crescimento desordenado da cidade.
• Diminuição das corporações ligadas ao artesanato (manufaturas)
A expansão da indústria ocorre em conjunto com a assustadora presença da pobreza que, ao contrário do que alguns imaginavam, crescia cada vez mais. A ideia era que o trabalhador deveria ganhar um salário suficiente apenas para sustentar sua família e filhos o que não ocorreu. Então os operários, ao tomarem consciência da sua condição de explorados, organizaram-se. Não aceitavam mais perder o emprego para máquinas. Tampouco desejavam continuar a trabalhar por extensas jornadas, que em alguns casos chegavam à 14 horas diárias. Reivindicavam também melhores salários para poder viver com mais dignidade. Essa situação só viria a piorar com o já citado processo de expansão do uso das máquinas. Alguns proletários, percebendo isso, passaram a quebrar máquinas, colocando nelas a culpa de sua situação e não percebiam que não eram elas a causa de sua pobreza, mas sim o sistema capitalista. Com o tempo, algo mudou nos operários durante a expansão da indústria. Os trabalhadores passaram a se organizar melhor. Surgiram os sindicatos, grupos organizados de trabalhadores que reivindicavam melhoras na sua situação. Conquista direitos como a progressiva diminuição da jornada de trabalho e a regulamentação, O próprio movimento operário se internacionalizou, para ganhar mais força e unir sua luta por condições mais justas, sob a bandeira de diferentes ideologias. E no inicio do século XX através de muita luta foram conquistado os direitos trabalhistas, assim como uma nova proposta de Estado que deixou de ser liberal e passou a Ser Estado do Bem Estar Social.
Terceira Revolução Tecnológica e o Trabalho
Terceira Revolução Industrial, também conhecida como Revolução Técnico-científica, iniciou-se no século XX, no período Pós-Segunda Guerra Mundial. Esta, caracterizava-se por ser o momento de maior avanço tecnológico, que abrangeu não só o sistema produtivo mas também voltou-se para o campo científico, transformando as relações sociais e o dia a dia da sociedade.
A terceira revolução industrial por compreender o período entre o início da década de 40 do século XX até os dias, torna difícil reconhecer o limite com a quarta revolução industrial, a mais atual.
Nesse momento, diversos campos do conhecimento começaram a sofrer mudanças em consequência do avanço tecnológico vivido nesse período. As indústrias que desenvolveram alta tecnologia começaram a se sobressair em relação às indústrias que se destacavam nas fases anteriores da Revolução Industrial, como a metalurgia, siderurgia e a indústria de automóveis. O sistema produtivo foi completamente modificado, uma vez que o objetivo era produzir mais em menos tempo. As tecnologias inseridas, e que passaram a estar ao alcance da população, modificaram as formas de comunicação. As informações passaram a ser difundidas instantaneamente, alcançando pessoas do mundo todo. O rompimento de barreiras físicas e essa interligação social, econômica, política e cultural ficaram conhecidos como globalização. Contudo, apesar do grande desenvolvimento alcançado, o mundo viu-se diante de uma nova relação entre ser humano e meio. Os recursos naturais passaram a ser explorados de maneira irracional. Outro problema gerado nessa fase está relacionado à desvalorização da mão de obra. A substituição do ser humano pela máquina provocou desemprego, excesso de mão de obra barata e, consequentemente, sua exploração.
Junto das inovações técnicas e científicas, surgem também novos conceitos de gestão, o que consolida a superação do fordismo e do taylorismo pelo toyotismo com o modelo flexível já nas décadas próximas à virada para o século XXI.
Quarta Revolução Tecnológica e o Trabalho
A chamada Revolução 4.0, a Quarta Revolução Industrial acontece após a chegada da eletrônica, da tecnologia e das telecomunicações com inovações que trazem ainda mais impacto para o modo de produção, com o surgimento do modelo "mecatrônico". A tendência de automatização, vista já na Terceira Revolução Industrial, é ainda maior nesse período, a independência de mão de obra humana em fábricas, tornando a produção totalmente independente é uma das mudanças estruturais que tal revolução carrega em si. Os sistemas ciberfísicos, aqueles que são compostos por elementos computacionais, informatizam toda a informação das fábricas, podendo tomar decisões em conjunto com humanos. Sendo assim, para o engenheiro e economista alemão, Klaus Martin Schwab, fundador do World Economic Forum, em seu livro A Quarta Revolução Industrial, aponta que três razões sustentam sua convicção da ocorrência da 4º revolução industrial: o ritmo exponencial e não linear da evolução industrial, a inovação digital paradigmática e a combinação de diversas tecnologias, e a transformação de sistemas em nível nacionais e mercadológico.
Em conjunto desses sistemas é esperado que nanotecnologias, neurotecnologias, robôs, inteligência artificial, biotecnologia, drones, impressoras 3D, armazenamento de informações em nuvens contribuam na revolução do sistema. O intuito desse novo modelo de indústria é a criação de "Fábricas Inteligentes" que podem se adaptar rapidamente as demandas do mercado e que funcionariam sem parar, aumentando a produtividade e diminuindo os custos. Em meio a tantas mudanças e promessas de desenvolvimento, o questionamento que surge entre o meio acadêmica é o que acontecerá com o futuro dos trabalhadores que hoje ocupam esses postos de trabalho e se essa revolução seria benéfica para todos. Obviamente, é de grande grau de dificuldade afirmar que todos irão aproveitar as mudanças e os benefícios da Indústria 4.0. Mesmo com a projeção, e a promessa de criação de novos trabalhos, os chamados "trabalhos do futuro", há uma grande expectativa de que muitos serão excluídos desse cenário chamado por alguns de "darwinismo tecnológico", ou seja, aqueles que não se adaptarem às novas demandas do mercado de trabalho, não irão sobreviver. Ainda alvo de muitas controversas, o cenário do trabalho humano é extremamente instável atualmente, e possivelmente será ainda maior na 4º Revolução Industrial.
SCHWAB, Klaus. A Quarta Revolução Industrial - São Paulo; Edipro 2019 AZEVEDO, Marcelo Teixeira de; A transformação Digital na Indústria: Indústria 4.0 e a rede inteligente no Brasil.[1]
Perspectivas de impactos no trabalho
A globalização e a tecnologia afetam diretamente o trabalho e o mercado de trabalho mundial. Além de novas relações trabalhistas tão inovadoras que praticamente nenhum ordenamento jurídico conseguiu compreender completamente, tem-se uma demanda profissional diferente e transformadora e que exige a re-capacitação e especialização constante, ao longo da vida. Isso acontece porque na 4º Revolução Industrial as mudanças no mercado são muito líquidas e rápidas. Uma demanda de hoje já não é mais a mesma amanhã e é preciso estar sempre se atualizando para acompanhar o mercado de trabalho. Além disso, entende-se também que a tecnologia vai ser responsável por grande desemprego, pela sua capacidade de automação e mecanização de algumas funções, usando Inteligência Artificial, Internet, Blockchain e outras tecnologias. Nesse cenário, juntamente com a ideia de educação ao longo da vida para acompanhar um mercado dinâmico como o da 4ª Revolução, muitas pessoas vão se tornar não só desempregadas como inempregáveis. Ou seja, aquelas pessoas que encontram dificuldade em se atualizar para as novas demandas do mercado de trabalho vão ser desempregadas e vão encontrar muita dificuldade em poder se re-capacitar e retornar ao mercado, seja porque já são mais velhas e não estão adaptadas à essa nova realidade tecnológica ou seja pela distância de sua função de trabalho de áreas novas mais demandadas, como a educação STEM.
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- ↑ Azevedo, Marcelo Teixeira de. «Transformação digital na indústria: indústria 4.0 e a rede de água inteligente no Brasil.»