Vanicléia Silva Santos
Vanicleia Silva Santos (Bahia) é doutora em História pela Universidade de São Paulo (USP). Sua pesquisa se concentra na História da África e suas diásporas. Trabalhou na curadoria de exposições nos Estados Unidos e no Brasil. É curadora da Coleção Africana do Penn Museum da Universidade da Pensilvânia (UPENN) e docente do Departamento de Estudos Africanos.[1][2][3] Antes de se mudar para os Estados Unidos, foi professora associada de História da África na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), de 2010 a 2022, onde continua orientando mestrandos e doutorandos.
Vanicleia Silva Santos | |
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Nascimento | Bahia, BR |
Alma mater |
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Ocupação | historiadora curadora |
Principais trabalhos |
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Instituições | University of Pennsylvania |
Campo(s) | História | Cultura Material | Diáspora africana |
Silva Santos é membro do Comitê Científico Internacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para a Segunda Fase da História Geral da África. Ela é a editora do Volume X[1] da História Geral da África, importante volume publicado em 2023 e aborda a história e as relações entre a África e suas diásporas ao redor do mundo.
Início
editarEm 1998, Silva Santos formou-se em História pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB-Jacobina). Em 2001, concluiu o mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), no qual defendeu a dissertação de mestrado intitulada "Sons, Danças e Ritmos: Uma Micareta em Jacobina, Bahia (1920-1950).[4]
As obras publicadas de Silva Santos examinam a formação de coleções, cultura material africana, seus significados, contextos de produção, insígnias de poder, circulação e a essencialidade de objetos para contar a história dos povos negros.[1][2]
Carreira acadêmica
editarA professora Silva Santos trabalhou em instituições em várias partes do mundo com longas passagens pelo Brasil, Moçambique e Estados Unidos. De 2004 a 2007, trabalhou como pesquisadora e educadora no Museu Afro-Brasil, em São Paulo[1] e esta experiência a aproximou da história da produção artística negra na África e nas diásporas africanas. O Museu Afro-Brasil deu origem ao seu trabalho curatorial, à sua pesquisa histórica e à formação museológica. Foi professora visitante na Universidade Estadual do Tocantins (UNITINS), entre 2002 e 2003, na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), entre 2009 e 2010, e na Universidad de Buenos Aires (UBA), na Argentina, em 2014. De 2010 a 2022, foi professora no Departamento de História da UFMG, ensinando História da África, e atuou como Diretora do Centro de Estudos Africanos (CEA/UFMG). Em 2018, ela se tornou professora Associada da UFMG. No final de 2019, passou a trabalhar na Universidade da Pennsylvania.[carece de fontes]
Silva Santos coordenou projetos voltados para a História da África e das diásporas nas universidades onde atuou. Na UNEB, liderou os projetos “A inquisição no sertão da Bahia no século XVIII” (2009) e “A inquisição em Angola (Séculos XVI ao XVIII)” (2012).[5] Estes projetos estudaram a Inquisição portuguesa em relação às práticas religiosas dos povos africanos dentro e fora da África, no contexto da inserção do cristianismo na região. Em 2015, recebeu uma bolsa de pós-doutoramento na University of Texas, onde continuou pesquisando sobre o tema[6]. Na UFMG, liderou um Projeto de Pesquisa sobre História das Relações Internacionais entre Brasil e Moçambique (2013-2014). Também coordenou com José da S. Horta (Universidade de Lisboa) o projeto bilateral “Produção, Circulação e Utilização de Marfins Africanos no Espaço Atlântico entre os Séculos XV e XI” (2014-2021).[7]
Seu trabalho tem avançado na descolonização de espaços universitários e de pesquisa. A professora Silva Santos incentiva a produção de pesquisas que considerem perspectivas globais, internacionais e transnacionais, além de focar em abordagens que não percam "de vista a ligação entre a pesquisa acadêmica e o engajamento social e cívico".[carece de fontes] Ela esteve envolvida em organizações que ajudam a promover o conhecimento além dos muros da academia e promover outras formas de pesquisa. Entre 2012 e 2014, Vanicleia foi vice-presidenta da Associação Brasileira de Estudos Africanos (ABE-ÁFRICA)[8] e desde 2018 coordena o grupo de pesquisa “Áfricas: história, política e cultura / UFMG”.[9]
Pesquisas
editarCom uma carreira baseada na interdisciplinaridade, a pesquisa de Silva Santos se concentra na centralidade da cultura material nas sociedades africanas e na diáspora. Sua pesquisa utiliza vários tipos de fontes e arquivos coloniais, incluindo manuscritos do Santo Ofício português, cartas, registros europeus e africanos, história oral, imagens, mapas, artefatos museológicos e sítios arqueológicos.[carece de fontes]
A agenda de pesquisa de Silva Santos é entender como o conhecimento africano moldou a vida dos negros na África e em sua diáspora. Entre suas principais contribuições aos estudos africanistas está sua mais recente publicação "Marfins Africanos como Insígnias de Poder: Contextos de Produção e Usos Dentro e Fora da África".[carece de fontes] Seu trabalho no Penn Museum[10] oferece ao público uma nova maneira de curadoria de museus, objetos e narrativas, revisando criticamente os arquivos e as palavras das narrativas históricas ocidentais.
Produção acadêmica
editarAno de Publicação | Tipo | Título | Registro | Ref. |
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2023 | LIVRO | Marfins Africanos como Insígnias de Poder: Contextos de Produção e Usos Dentro e Fora da África. | ISBN 978-85-8054-589-9 | [11] |
2023 | LIVRO | 'História Geral da África': África e Suas Diásporas (Volume 10). UNESCO. | ISBN 978-65-86603-32-3 | [12] |
2023 | CAPÍTULO DE LIVRO | Estatuetas de Santo Antônio de marfim do Congo no Brasil? Uma análise sobre a produção artística e a cultura visual no Atlântico. | ISSN: 0002-0591 (impresso)
1981-1411 (online) |
[13] |
2023 | ARTIGO CIENTÍFICO | História da África pré-colonial em tempos pós-coloniais: mesa-redonda | [14] | |
2023 | ARTIGO CIENTÍFICO | A Cultura Material em Práticas Funerárias no Oeste Africano (Séculos 16-17) | [15] | |
2023 | ARTIGO CIENTÍFICO | A formação da Coleção Africana do Museu de Arqueologia e Antropologia da Universidade da Pensilvânia, final do século XIX. | ISSN: 0002-0591 (impresso)
1981-1411 (online) |
[16] |
2021 | ARTIGO CIENTÍFICO | Mulheres africanas nas redes dos agentes da Inquisição de Lisboa: o caso de Crispina Peres, em Cacheu, século XVII. | [17] | |
2018 | LIVRO | Arqueologia e história da cultura material na África e na diáspora africana | [18] | |
2018 | LIVRO | O comércio de marfim no Mundo Atlântico: circulação e produção (séculos XV a XIX). | ISBN 978-85-68158-16-6 | |
2017 | LIVRO | O Marfim no Mundo Moderno: Comércio, circulação, fé e status social (Séculos XVI-XIX). | ISBN 978-85-68158-16-6 | [19] |
2016 | ARTIGO CIENTÍFICO | Uma política de ossos: as relíquias católicas na África e o culto aos mortos (1564-1665) | [20] |
Outras Produções
editarAno | Tipo | Nome | Instituição/Portal |
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Menções Relevantes: Artigo de opinião (imprensa) | “O patuá nasce de recriações da cultura negra na diáspora” | Editorial “Em Cantos” (Correio de Futuro) | |
2023 | Participação em Eventos: Roda de Conversa | African Ivory Research Network Seminar #4 | Universidade de Lisboa |
2021 | Menções Relevantes: Artigo de opinião (imprensa) | 'Os africanos civilizaram o Brasil', diz pesquisadora da história negra no país | Jornal 'O Tempo' |
2021 | Participação em Eventos: Palestrante | Dia Internacional de África | LEAFRO/UNEB |
2021 | Participação em Eventos: Palestrante | História social de uma vila africana: Cacheu no século XVII | UFAM - Arqueologia da África |
2021 | Menções Relevantes: Artigo de opinião (portal acadêmico) | A África e sua diáspora em Úrsula | Terapia Política |
2019 | Participação em Eventos: Palestrante | Seminário "África, Margens e Oceanos"
|
IFCH-Unicamp |
2019 | Participação em Eventos: Vídeo colaborativo | A história africana não se resuma ao período da escravidão | Bruge Diversidade e Inclusão |
2019 | Participação em Eventos: Roda de Conversa | "A importância do movimento negro para agenda da história da África no Brasil" | E. E. Cleophânia Galvão da Silva & Instituto Zimbauê |
2019 | Menções Relevantes: Aparição em evento | November 2019 marks the beginning of a new era for the Penn Museum, formally known as the University of Pennsylvania Museum of Archaeology and Anthropology. | The University of Pennsylvania Museum of Archaeology |
2018 | Menções Relevantes: Artigo de opinião (imprensa) | Cientistas negras no Brasil: elas existem? | Ciência Hoje |
2018 | Participação em Eventos: Roda de Conversa | Varia Historia + VII EPHIS - Vanicleia Santos e Juliana Bevilacqua | Varia Historia + VII EPHIS |
2017 | Participação em Eventos: Roda de Conversa | I Seminário Internacional: Patrimônio, História Intelectual e Cultura na África Ocidental | Centro de Estudos Africanos da UFMG |
2017 | Menções Relevantes: Aparição em evento | Seminário acadêmico no Museu Mineiro | Museu Mineiro |
2017 | Participação em Eventos: Mediação | Extensão, ensino e pesquisa: trabalhos desenvolvidos por acadêmicos negros | Confluências Negras |
Menções Relevantes: Aparição em evento | Palestrantes convidados: Museu do Samba | Museu do Samba |
- Coletâneas
- Cultura, história intelectual e patrimônio na África Ocidental (séculos XV-XX). Coorganizado com Leopoldo Amado, Taciana Resende e Alexandre Marcussi. Curitiba: Brazil Publishing, 2019. 368p.[21]
- Arqueologia e história da cultura material na África e na diáspora africana (impresso). Coorganizado com Augustin Holl e Luis Cláudio P. Symanski. Curitiba: Brazil Publishing, 2018. 460p.
- O comércio de marfim no Mundo Atlântico: circulação e produção (séculos XV a XIX). Coorganizado com René Gomes e Eduardo Paiva. Belo Horizonte: Clio Gestão Cultural e Editora, 2018. 306p.
- O Marfim no Mundo Moderno: Comércio, circulação, fé e status sociais (Séculos XVI-XIX). Curitiba: Prisma, 2017. 340p.
- África e Brasil no Mundo Moderno. Coorganizado com Eduardo Paiva. São Paulo: Annablume, 2012. 280p.
- Estudos em História da África. Coorganizado com Thiago Mota. Revista de Ciências Humanas/ Univ. Federal de Viçosa. Viçosa: UFV, 2015. v. 14.
- Fontes para a História da África. Revista E-HUM. 1. ed. Belo Horizonte: Ed.UNIBH, 2015. v. 8. 137p.
- Nações, comércio e trabalho na África. Coorganizado com Alexandre Gebara. Revista Varia História/UFMG. 51. ed. Belo Horizonte: Ed.UFMG, 2013. v. 29. 290p.
- História da África no Brasil: História e Historiografia. Coorganizado com Taciana Rezende. Revista Temporalidades. Belo Horizonte: Ed.UFMG, 2012. v. 4. 368p.
Referências
editar- ↑ a b c d Silva Santos, Vanicleia (28 de fevereiro de 2021). «ÁFRICAS EM ÁFRICAS: DAS TRAVESSIAS INTELECTUAIS». Revista da Associação Brasileira de Pesquisador s Negr s - ABPN: 242–259. doi:10.31418/2177-2770.2021.v13.n.35.p242-259. Consultado em 12 de fevereiro de 2023
- ↑ a b SANTOS, Vanicléia Silva. «Currículo Lattes: Vanicléia Silva Santos». Plataforma Lattes. Consultado em 12 de fevereiro de 2023
- ↑ PENN MUSEUM (16 de novembro de 2019). «AFRICA GALLERIES TRACE OBJECTS' RICH HISTORIES». PENN MUSEUM. Consultado em 12 de fevereiro de 2023
- ↑ SANTOS, V. S.. SONS DANÇAS E RITMOS: A MICARETA DE JACOBINA (1920-1950). 2001. (Apresentação de Trabalho/Comunicação).
- ↑ «Programa de Pós-Graduação em História: PROJETOS E GRUPOS DE PESQUISA»
- ↑ Santos, Vanicleia Silva (11 de agosto de 2008). «As bolsas de mandinga no espaço atlântico: século XVIII». São Paulo. doi:10.11606/t.8.2008.tde-23042009-095859. Consultado em 6 de março de 2024
- ↑ Silva Santos, Vanicleia (29 de novembro de 2017). O comércio de marfim no mundo Atlântico: circulação e produção (séculos XV ao XIX). Col: Estudos Africanos do CEA/UFMG. Belo Horizonte: Clio Gestão Cultural. 306 páginas. ISBN 8568158161
- ↑ «VANICLÉIA SILVA SANTOS: REFERÊNCIA EM ESTUDOS AFRICANISTAS NO BRASIL». Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN). 30 de setembro de 2022. Consultado em 7 de março de 2024
- ↑ «Áfricas - Grupo de Pesquisa Áfricas: história, política e cultura/ UFMG». Consultado em 7 de março de 2024
- ↑ Silva-Santos, Vanicleia (31 de dezembro de 2023). «A formação da Coleção Africana do Museu de Arqueologia e Antropologia da Universidade da Pensilvânia, final do século XIX». Afro-Ásia (68): 176–213. ISSN 1981-1411. Consultado em 7 de março de 2024
- ↑ Silva-Santos, Vanicleia. «Ebook Marfins africanos como insígnias de poder - contextos de produção e usos dentro e fora da África». Consultado em 21 de dezembro de 2024
- ↑ «História geral da África, X: África e suas diásporas». unesdoc.unesco.org. Consultado em 21 de dezembro de 2024
- ↑ Almeida, Marcos Leitão de (31 de dezembro de 2023). «Marfim: usos e significados na história atlântica». Afro-Ásia (68): 497–506. ISSN 1981-1411. doi:10.9771/aa.v0i68.57656. Consultado em 21 de dezembro de 2024
- ↑ Silva, Hugo Ribeiro da; Ferreira, Roquinaldo; Green, Toby; Silva-Santos, Vanicléia (20 de junho de 2023). «Doing Precolonial African History in Postcolonial Times: A Roundtable». Ler História (em inglês) (82): 27–45. ISSN 0870-6182. doi:10.4000/lerhistoria.12000. Consultado em 21 de dezembro de 2024
- ↑ Santos, Vanicléia Silva; Freitas, Roberth Daylon (2023). «A CULTURA MATERIAL EM PRÁTICAS FUNERÁRIAS NO OESTE AFRICANO (SÉCULOS 16-17)». Revista Habitus - Revista do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (2): 453–477. ISSN 1983-7798. doi:10.18224/hab.v21i2.13628. Consultado em 21 de dezembro de 2024
- ↑ Santos, Vanicleia Silva (31 de dezembro de 2023). «A formação da Coleção Africana do Museu de Arqueologia e Antropologia da Universidade da Pensilvânia, final do século XIX». Afro-Ásia (68): 176–213. ISSN 1981-1411. doi:10.9771/aa.v0i68.53437. Consultado em 21 de dezembro de 2024
- ↑ Santos, Vanicléia Silva (16 de agosto de 2021). «Mulheres africanas nas redes dos agentes da Inquisição de Lisboa: o caso de Crispina Peres, em Cacheu, século XVII». Politeia - História e Sociedade (1): 67–95. ISSN 2236-8094. doi:10.22481/politeia.v20i1.9179. Consultado em 21 de dezembro de 2024
- ↑ Symanski, Luis; Silva-Santos, Vanicleia; Holl, Augustin Ferdinand Charles (1 de janeiro de 2019). «ARQUEOLOGIA E HISTÓRIA DA CULTURA MATERIAL NA ÁFRICA E NA DIÁSPORA AFRICANA (sumário e apresentação)». ARQUEOLOGIA E HISTÓRIA DA CULTURA MATERIAL NA ÁFRICA E NA DIÁSPORA AFRICANA. Consultado em 21 de dezembro de 2024
- ↑ «O comércio de marfim no mundo atlântico» (PDF). Consultado em 21 de dezembro de 2024
- ↑ Santos, Vanicléia Silva (11 de julho de 2016). «Uma política de ossos: as relíquias católicas na África e o culto aos mortos (1564–1665)». Revista Latino-Americana de Estudos Avançados (1): 138–157. ISSN 2525-3794. Consultado em 21 de dezembro de 2024
- ↑ MARCUSSI, ALEXANDRE ALMEIDA | SANTOS, VANIELÉIA SILVA | AMADO, LEOPOLDO | RESENDE, TACIANA ALMEIDA GARRIDO DE (2019). CULTURA, HISTÓRIA INTELECTUAL E PATRIMÔNIO NA ÁFRICA OCIDENTAL (SÉCULOS XV-XX). Belo Horizonte: EDITORA BRAZIL PUBLISHING. 370 páginas. ISBN 9786550160418