Vegetação da Paraíba
A vegetação da paraíba é formada por um grande conjunto de formações vegetais de acordo com o tipo de ambiente onde se desenvolve.
O Estado tem em seu território dois domínios fitogeográficos, um desenvolvido sob o clima tropical úmido da zona costeira (mata atlântica) e outro desenvolvido sob o clima semiárido do interior (caatinga).[2]
Formações Vegetais
editarA maior parte do território do estado, cerca de 92%, está ocupada com o bioma da caatinga[3]. Sendo este um conjunto de formações vegetais que vão desde as mais adaptadas ao déficit hídrico até as zonas de transição entre a caatinga e a mata atlântica.
Desta forma, seguindo a classificação da vegetação brasileira[2][3] e desconsiderando-se os encraves de mata atlântica dos brejos de altitude, na caatinga da paraíba encontram-se 5 tipos de vegetação, a saber: Savana-Estépica Arborizada, Savana-Estépica Florestada, Savana-Estépica Parque, a zona de contato entra a Savana-Estépica e Floresta Estacional e as Formações Pioneiras com influência fluvial e/ou lacustre.
Nas partes do estado ocupadas pela Mata Atlântica, há 5 tipos de vegetação, a saber: Floresta Estacional Semidecidual, Savana Arborizada, Savana Florestada, a zona de Contato entre a Savana e a Floresta Estacional, além das Formações Pioneiras com influencias fluviais e/ou marinhas. Há ainda os encraves deste bioma nos brejos de altitude onde há a Floresta Ombrófila Aberta e a Floresta Estacional Semidecidual.
Ambientes e vegetação
editarAlém das formações vegetais, também é possível dividir o estado em regiões ambientalmente semelhantes, na qual a fisionomia da vegetação vai ser alterada de acordo com as condições de clima, solo e geomorfologia.
Praias e restingas
editarSão formações que ocorrem nas proximidades da orla, se desenvolvendo em depósitos de sedimentos e solos arenosos e pouco desenvolvidos, com boa drenagem, pouca retenção de água e muita influência do mar[4]. A vegetação encontradas nestes ambientes são classificadas como Formações Pioneiras com influência marinha, dos tipos, herbáceo, arbustivo e arbóreo[2].
Manguezais
editarOcorrem nos estuários dos rios maiores, nos locais onde o rio e as marés têm influencia sobre a vegetação. Os solos estão sempre saturados ou muito úmidos, com vegetação adaptada para as condições de de baixa aeração[4]. A vegetação nestes locais é classificada como Formações Pioneiras com influencia fluviomarinha arbórea[2].
Tabuleiros costeiros
editarOs tabuleiros costeiros são uma unidade geoambiental que predomina na parte mais oriental do estado da paraíba[5]. Sendo composta pelos tabuleiros, que são grandes áreas de relevo plano; pelos vales dos rios que nascem no planalto da borborema e cortam a região para desembocar no mar; além dos próprios rios que nascem na região. As altitudes na região vão de 30 a 200 m; os solos são profundos e de textura média a arenosa[6]. O clima é semelhante em toda a região (As'), com temperaturas semelhantes e precipitações que se concentram nas estações outono e inverno e com acumulados indo de 1800 mm na parte mais a leste e reduzindo-se até 1000 mm na parte mais a oeste[7].
A vegetação que se desenvolve sobre a região é um mosaico de florestas e savanas, alternando-se conforme as condições edáficas. Nos vales dos rios e onde a fertilidade do solo é maior, geralmente formam-se florestas (também chamadas de matas), vegetação com adensamento de árvores altas (em torno de 30m); já nas partes mais planas e com solo menos fértil, arenoso e mal drenado, formam-se savanas (podem ser designadas como cerrados ou tabuleiros), com espécies de plantas distintas, porte baixo, com presença marcante de um extrato herbáceo e arbustos com densidade variável; estes dois tipos de vegetação podem se alternar com disjunções de cerrado em meio a floresta ou com formações de ecótonos onde fisionomia e espécies de plantas se misturam (também chamados de carrascos)[6].Outra característica marcante é a expressão de caducidade da vegetação, que reflete diretamente a umidade do ambiente; nas partes com maiores acumulados de chuva e nas várzeas praticamente não há alteração entre o período chuvoso e o seco, mas conforme se afasta do litoral, e começa a aumentar o período com déficit hídrico a vegetação vai perdendo mais folhas, até chegar no agreste, onde mais de 50% das plantas perdem as folhas na estiagem[4].
Os diferentes tipos de vegetação que se desenvolvem nesta região são classificados como: Floresta Estacional Semidecidual, Savana Arborizada, Savana Florestada e a zona de Contato entre a Savana e a Floresta Estacional[2].
Agreste
editarA oeste dos tabuleiros costeiros a precipitações diminuem ao ponto de não haverem mais condições de se manter uma floresta úmida, ao ponto que poucas espécies típicas da zona úmida conseguem sobreviver e um novo tipo de vegetação pode ser encontrado, pertencente as formações que compõem a caatinga. O tipo climático é o mesmo do litoral (As'), com chuvas de outono-inverno e estiagem na primavera e verão, contudo, os acumulados de chuva são menores, indo de 1000mm na parte mais a leste à 500mm na parte mais oeste. O período de estiagem pode durar de 6 a 10 meses[8], acontecendo de - na média - não ocorrerem meses com excedente hídrico ou de déficit nos 12 meses, contudo de um ano para o outro pode acontecer; sendo uma certa instabilidade nas chuvas característica do ambiente. O relevo da região varia do suave ondulado ao forte ondulado, com regiões de depressões, serras e planaltos. Os solos podem ser profundos ou rasos, dependo da litologia, também são comuns os afloramentos rochosos. A partir da geomorfologia, esta região pode ser dividida em 2: o agreste baixo, na área da depressão sublitorânea; e o agreste alto, no planalto da borborema[4][6].
Agreste baixo
editarEsta região, também denominada agreste sublitorâneo, tem como parte mais característica a depressão sublitorânea (ou pré-litorânea), que fica entre os tabuleiros costeiros e o planalto da Borborema; de forma que podem ser encontrados resquícios geológicos de tabuleiros costeiros e elevações isoladas do planalto da Borborema em meio a região. As precipitações de 1000mm no limite oriental, a pouco mais de 500mm no limite ocidental. A vegetação difere em sua fisionomia de acordo com as condições de umidade, onde, nas partes com maior precipitação há um predomínio de árvores com até 15m de altura, sendo a maioria das plantas decíduas e espinhosas com algumas típicas da zona úmida; o extrato arbustivo-herbáceo é significativo e se torna predominante em relação ao arbóreo, conforme a precipitação diminui; assim como são mais presentes as bromélias e cactos (mandacaru principalmente) conforme fica mais seco[4][6]. A vegetação é classificada como Savana-Estépica Arborizada e zonas de Contato entre a Savana-Estépica e a Floresta Estacional[2].
Agreste alto
editarTambém denominada como agreste da Borborema; é uma região com altitude maior que ocorre sobre o planalto da Borborema; sendo a parte mais característica a transição entre os brejos de altitude e a zona de clima semiárido. Devido a escarpa na transição da depressão para o planalto, há locais nesta região onde ocorrem chuvas orográficas, além da redução da evapotranspiração, que permite o desenvolvimento de uma vegetação sob menor déficit hídrico[9]. A vegetação nesta região é muito semelhante a do agreste baixo, o geral, porém, há mais presenças de palmeiras; na parte mais a oeste, nas partes mais secas, se aproximando da região de clima semiárido; a vegetação torna-se mais arbustiva, os cactos (facheiro principalmente) se destacam[4][6].A vegetação é classificada como Savana-Estépica Arborizada (com ou sem floresta de galeria) e zonas de Contato entre a Savana-Estépica e a Floresta Estacional[2].
Cariris, Curimataú e Seridó
editarSe desenvolvendo na região de clima semiárido (BSh) há 3 regiões onde a principal característica é a baixa precipitação, onde os acumulados anuais variam entre 300 mm e 700 mm[7]; com chuvas concentradas no outono e déficit hídrico durante todo o ano[8]. Os solos são rasos, pedregosos e os afloramentos rochosos são comuns[6]. Dentre todas as regiões da Paraíba, nestas a vegetação apresenta a maior adaptação a seca, sendo decídua, espinhosa, com grande quantidade e diversidade de cactos e bromélias. No Cariri e Curimataú, o extrato arbustivo e arbóreo são esparsos, de forma que o extrato herbáceo se torna contínuo; a vegetação nesta região é classificada como: Savana-Estépica Arborizada (sem palmeiras e floresta de galeria). Na região denominada Seridó, a vegetação é caracterizada por um extrato herbáceo contínuo, com presença de gramíneas e touceiras de cactáceas de pequeno porte, além de arbustos pouco adensados; a vegetação é classificada como: Savana-Estépica Parque e Savana-Estépica Arborizada[2][4].
Sertão
editarA região mais a oeste da Paraíba, que inclui a maior parte da bacia hidrográfica do Rio Piranhas (exclusive o Seridó) e as sub-bacias do Rio Espinharas, Rio do Peixe e Rio Piancó. O relevo desta região é complexo, sendo composto por depressões, elevações residuais, serras e planaltos; havendo zonas de dissecação e bacias sedimentares; a maior parte da região está na depressão sertaneja, ocupando toda a parte central, norte e leste; havendo partes do planalto da Borborema a sul e sudeste, na divisa com Pernambuco; havendo ainda na parte central, oeste e sudoeste um conjunto de planaltos, zonas de dissecação e serras denominado pediplano sertanejo[10]. A maior parte da região está sob o clima Aw' e há partes mais a leste sob o clima BSh; com precipitações anuais médias entre 600 e 1100mm e chuvas concentradas entre o fim do verão e outono[7][8].
A vegetação é adaptada a irregularidade climática, com um curto e intenso período chuvoso, seguindo de uma longa estiagem; assim como as outras regiões de caatinga as plantas são morfo e fisiologicamente adaptadas para as condições de prolongado déficit hídrico. Contudo, a vegetação de toda a região não é uniforme, se tornando mais ou menos adensada de acordo com as condições climáticas, havendo formações arbustivas na depressão sertaneja e chegando a formações arbustivo-arbórea nas partes mais chuvosas e/ou nas serras; um ambiente importante nesta região são as várzeas dos rios, que formam tipos de vegetação distintos com espécies características destes ambientes[4]. A vegetação da região é classificada como: Savana-Estépica Arborizada (com ou sem floresta de galeria), Savana-Estépica Florestada; Savana-Estépica Parque e Formações Pioneiras com influência fluvial e/ou lacustre[2].
Brejos de altitude e matas serranas
editarA presença de serras e escarpas, onde ocorrem elevação das precipitações devido as chuvas orográficas, nas regiões sob domínio da caatinga, formam "ilhas" de ambientes mais úmidos em relação a região adjacente, sendo esta uma característica que se refletirá numa vegetação com porte maior e mais densa, ou até disjunções de floresta úmida em meio vegetação seca[9]. Ambientes assim podem ser encontrados por toda a caatinga da Paraíba.
O brejo
editarA região do brejo paraibano é uma designação para uma região do agreste, na escarpa oriental do planalto da Borborema, onde ocorre um aumento na precipitação devido as chuvas orográficas; de forma que os acumulados que ficavam em torno de 800 a 900mm nas partes mais baixas, passam a 1400 mm nas partes mais chuvosas do planalto. Esta condição permite o desenvolvimento de uma disjunção da mata atlântica em meio a caatinga; com uma vegetação florestal, onde poucas espécies perdem as folhas durante o período seco e com presença de várias espécies de palmeiras[4][7][9]. A vegetação nestes locais é classificada como Floresta Ombrófila Aberta e Floresta Estacional Semidecidual[2].
As matas serranas
editarEsta é uma designação para locais espalhados por todo a região da caatinga da Paraíba, onde as chuvas orográficas permitem o desenvolvimento de uma vegetação mais densa ou até ecótonos entre a caatinga e a mata atlântica. Na maior parte da Paraíba, estas condições criam formações de caatingas mais densas e que mantém a folhagem durante mais tempo. Nestes locais a vegetação é classificada como Savana-Estépica Florestada[2]. Nas partes mais altas do Sertão e Cariri (com altitudes acima de 800 m) e na região adjacente ao brejo as condições permitem o desenvolvimento de uma vegetação com predomínio do extrato arbóreo, presença de espécies da mata atlântica e não perdendo completamente a folhagem[4][6]. A vegetação neste locais é classificada como zonas de contato entre a Savana-Estépica e Floresta Estacional[2].
Referências
- ↑ «Biomas | IBGE». www.ibge.gov.br. Consultado em 27 de fevereiro de 2023
- ↑ a b c d e f g h i j k l Manual técnico da vegetação brasileira. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais 2a̲ edição revista e ampliada ed. Rio de Janeiro: [s.n.] 2012. OCLC 836261926
- ↑ a b c «Vegetação 1:250.000 | IBGE». www.ibge.gov.br. Consultado em 2 de março de 2023
- ↑ a b c d e f g h i j Cultura, Paraíba (Brazil : State) Secretaria da Educação e (1985). Atlas geográfico do estado da Paraíba. [S.l.]: Secretaria da Educação, Governo do Estado da Paraíba, Universidade Federal da Paraíba
- ↑ Furrier, Max; Araújo, Magno Erasto de; Meneses, Leonardo Figueiredo de (1 de outubro de 2006). «Geomorfologia e tectônica da formação Barreiras no Estado da Paraíba». Geologia USP. Série Científica (2): 61–70. ISSN 2316-9095. doi:10.5327/S1519-874X2006000300008. Consultado em 2 de março de 2023
- ↑ a b c d e f g Jacomine, P. K. T.; Ribeiro, M. R.; Montenegro, J. O.; Silva, A. P. da; Melo Filho, H. F. R. de (1972). «I. Levantamento exploratório-reconhecimento de solos do Estado da Paraíba. II. Interpretação para uso agrícola dos solos do Estado da Paraíba.». Consultado em 2 de março de 2023
- ↑ a b c d Francisco, Paulo Roberto Megna; Medeiros, Raimundo Mainar de; Santos, Djail; Matos, Rigoberto Moreira de (2015). «Köppen's and Thornthwaite Climate Classification for Paraíba State». Revista Brasileira de Geografia Física (em inglês) (4): 1006–1016. ISSN 1984-2295. doi:10.5935/1984-2295.20150049. Consultado em 2 de março de 2023
- ↑ a b c Francisco, Paulo Roberto Megna; Medeiros, Raimundo Mainar; Santos, Djail (2018). Balanço Hídrico Climatológico para a Capacidade de Campo de 100 mm-Estado da Paraíba. Campina Grande: EDUFCG. 257 páginas. ISBN 9788580012453
- ↑ a b c Brejos de altitude em Pernambuco e Paraíba : história natural, ecologia e conservação. Kátia Cavalcanti Pôrto, Jaime J. P. Cabral, Marcelo Tabarelli. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente. 2004. OCLC 60603916
- ↑ Rodriguez, Janete Lins (org) (2011). Atlas escolar, Paraíba: espaço geo-histórico. João Pessoa: Grafset. 192 páginas. ISBN 978-85-7951-156-1