A Vila Olímpia é um bairro nobre localizado na Zona Oeste da cidade de São Paulo, capital do Estado de São Paulo, localizado no distrito do Itaim Bibi, sendo administrado pela Subprefeitura de Pinheiros. É também um dos grandes centros financeiros da cidade, assim como o Centro, a Avenida Paulista, Avenida Brigadeiro Faria Lima e o Brooklin Novo. Popularmente,[1] e em algumas reportagens,[2][3] a região é erroneamente considerada como pertencente à Zona Sul, porém é administrada pela Subprefeitura de Pinheiros, sendo oficialmente integrada à Zona Oeste.

Vila Olímpia
Bairro de São Paulo
Fundação 4 de outubro de 1950 (74 anos)
Estilo arquitetônico inicial Brutalista
Estilo arquitetônico predominante Pós-contemporâneo
Zona de valor do CRECI Zona B
Distrito Itaim Bibi
Subprefeitura Pinheiros
Região Administrativa Oeste
Mapa

É formado pela Avenida Santo Amaro, Avenida dos Bandeirantes, Marginal Pinheiros e Avenida Juscelino Kubitschek, sendo cortada ao meio pela Avenida Faria Lima e Avenida Hélio Pellegrino. Limita-se com os bairros de Itaim Bibi, Brooklin Novo, Moema, Vila Nova Conceição e Cidade Jardim. Vila Olímpia é um dos mais movimentados e valiosos metros quadrados da América Latina.[4]

História

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Traçado do bairro, Mapa Oficial da cidade em 1929, grafado na época como "Villa Olympia".
Rua do bairro em 1966.
Vista aérea parcial do bairro.

Antes de sua urbanização, a região era habitada por indígenas durante o período pré-colonial e, com a chegada dos colonizadores portugueses, transformou-se em uma área periférica de São Paulo, coberta por matas e pequenos cursos d'água. No século XIX, o território ainda era predominantemente rural, composto por grandes propriedades de terra de imigrantes e descendentes de italianos e portugueses em sua parte mais alta e de terrenos aladiços na várzea do rio Pinheiros, na parte baixa.[5] A partir do crescimento de São Paulo como um centro econômico e a expansão da malha ferroviária, a área começou a ser vista como potencial para urbanização. No início do século XX, a Vila Olímpia começou a ser loteada a partir de propriedades rurais, como a Chácara da Glória e a Fazenda Itahy. A urbanização foi inicialmente lenta, mas ganhou impulso com a chegada de imigrantes, principalmente italianos e japoneses, que vieram para São Paulo em busca de melhores oportunidades.

Nos anos 1930 houve um loteamento destas propriedades rurais e áreas verdes, havendo uma urbanização da área. Nas áreas de várzea, indústrias de médio e grande porte, sofriam pelas constantes enchentes do rio Pinheiros, tornando a região menos valorizada.[6]

A partir dos anos 1990 o bairro recebeu melhorias, realizadas pela Prefeitura da cidade e a Associação Colmeia, tais como: a construção ou melhoramentos das avenidas e alargamentos de ruas que geraram uma ligação do bairro com diversas áreas da cidade.[7] Após as obras subterrâneas nos rios Uberaba e Uberabinha houve um grande boom imobiliário por causa do fim dos grandes alagamentos.[8]

Este processo cumulou em importantes mudanças na Vila, como a valorização dos imóveis, tráfego intenso de veículos e pessoas, migração das indústrias para outras localidades, investimentos privados em tecnologia de ponta, possibilitando a edificação de "prédios inteligentes" e mega empreendimentos.[8]

No bairro, havia, na Rua Coliseu, travessia da Avenida Funchal, uma favela chamada de "Favela Coliseu" ou "Favela Funchal", que foi removida no contexto do programa Operação urbana consorciada Faria Lima.[9]

Atualidade

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Edifícios comerciais próximos ao Shopping do bairro.
Edifícios comerciais.
Panorama urbano do bairro.
Shopping Vila Olímpia.

Hoje, no século XXI, o bairro é um dos mais importantes centros empresariais de São Paulo, especialmente no setor de tecnologia e finanças, com a instalação de empresas multinacionais e a construção de arranha-céus modernos. A arquitetura da Vila Olímpia é marcada por prédios de vidro e aço que abrigam escritórios de empresas renomadas, além de uma oferta diversificada de restaurantes, bares e uma vida noturna agitada, tornando-se um importante polo de entretenimento. Embora o bairro não seja conhecido por igrejas históricas, reflete a diversidade cultural de São Paulo, com eventos e festivais que celebram a gastronomia e a música. O nome "Vila Olímpia" evoca um projeto de urbanização com referências gregas de beleza e progresso.

Geograficamente, a Vila Olímpia está situada em uma região plana, com uma altitude média de 760 metros. A intensa urbanização reduziu as áreas verdes, mas o Parque do Povo, nas proximidades, serve como uma importante área de lazer. O bairro também possui algumas praças e áreas arborizadas que oferecem respiro em meio ao cenário urbano. Como infraestrutura de lazer, a Vila Olímpia conta com o Shopping Vila Olímpia, que oferece uma variedade de lojas e um cinema moderno. Feiras de rua e mercados são comuns, refletindo a tradição paulistana de comércio local. Em termos de transporte público, o bairro é bem conectado, incluindo a estação de trem da CPTM que leva o mesmo nome, além de várias linhas de ônibus, facilitando a mobilidade dos habitantes e visitantes.

Abriga inúmeros escritórios de multinacionais e empresas nacionais como: Unilever, Grupo Santander, Mover Participações, McKinsey & Company, Management Solutions, Chrysler, CPFL, Bain & Company, Comgás, Gol Linhas Aéreas, Enel Distribuição, Kimberly-Clark, Parmalat, Suggar 011, Alpargatas S.A. e canais de televisão, exemplos da FOX Latin America Channels e Discovery Inc.. Muitas empresas high tech que hoje estão entre as maiores do mundo se encontram também na região: Facebook (primeiro escritório da América Latina)[10][11], Google, Yahoo!, ApontadorMapLink, Motorola, Sony Mobile Communications, Intel, Symantec, Microsoft, Americanas S.A. entre muitas outras. Devido à presença destas empresas o bairro foi chamado de Vale do Silício paulistano.[12]

Essa gama de empresas faz com que nos arredores da Rua Funchal, uma das principais do bairro, haja mais helipontos do que pontos de ônibus.[13] O bairro nobre possui 25 helipontos, mais que os 24 pontos de ônibus que estão localizados em vias estreitas, havendo constantes congestionamentos. Este fato reflete a falta de planejamento urbano a partir da década de 1990, quando houve uma explosão de lançamentos de edifícios novos e modernos na área.[14] Vila Olímpia também sofre com de falta de estacionamentos para atender sua grande demanda. A região também tem grande fama por conta de sua vida noturna, seus diversos bares e casas noturnas cuja característica é a música eletrônica, considerada por isso como uma das principais áreas de lazer da juventude paulistana. Uma dessas casas de show era a Via Funchal, estabelecimento que, em 10 anos de existência, promoveu 916 shows e 803 eventos, trazendo um público de mais de três milhões e oitocentas mil pessoas ao bairro.[15] Também está localizado no bairro a E-Tower, um dos edifícios de maior destaque da capital paulista, o WTorre Plaza, o Insper, Universidade Anhembi Morumbi, o Shopping Vila Olímpia e o W Residences, que está em construção.[4]

É um bairro de alto-padrão, recebendo a classificação pelo CRECI como "Zona de Valor B", mesmo grau de: Jardim Paulistano, Alto de Santana e Pinheiros.[16] Em 2024 em um ranking feito pelo jornal O Estado de São Paulo o bairro apresentava 3 vias entre os 10 maiores metros quadrados do país para o aluguel de imóveis: Rua Min. Jesuíno Cardoso (R$ 222,00) - 1° lugar, Rua Chilon (R$ 203,00) - 2° lugar e Rua Elvira Ferraz (R$ 152,00) - 9° lugar. [17]

Bibliografia

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  • Villaça, Flávio (1998). Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel. pp. 107–108 
  • Ponciano, Levino (2001). Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: SENAC. pp. 107–108. ISBN 8573592230 
  • SILVA, Mariana Almeida; FERNANDES, João Paulo (2008). A urbanização e a transformação dos bairros de Vila Olímpia e Itaim Bibi em São Paulo Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 12, n. 3 ed. São Paulo: ANPUR. pp. 45–65 
  • PEREIRA, Ana Clara; MOURA, Beatriz Helena (2011). A geografia da exclusão: um estudo sobre os bairros Vila Olímpia e Itaim Bibi Revista Estudos Paulistanos, v. 14, n. 2 ed. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie. pp. 33–55 
  • ANDRADE, Ricardo Mendes (2014). História e desenvolvimento imobiliário nos bairros de Vila Olímpia e Itaim Bibi Revista Scripta Nova, v. 18, n. 512 ed. São Paulo: Universidade de São Paulo. pp. 1–25 
  • CARDOSO, Henrique de Oliveira (2017). Urbanismo e verticalização nos bairros de Vila Olímpia e Itaim Bibi em São Paulo Revista Geografia Urbana, v. 20, n. 4 ed. São Paulo: USP. pp. 55–80 
  • FONSECA, Luis Fernando (2020). Dinâmicas sociais e econômicas nos bairros de Vila Olímpia e Itaim Bibi Revista Cidades, v. 22, n. 3 ed. São Paulo: Unesp. pp. 22–50 

Referências