Villa Romana de Miroiço
A Villa Romana de Miroiço, situada no vale da ribeira de Manique, incorpora vestígios de uma vila romana com muros à superfície do terreno, que permitiram a sua datação nos períodos romano e medieval, com alguns vestígios do período neolítico. Está localizada próximo da localidade de Manique de Baixo, já na freguesia de São Domingos de Rana, Cascais. Segundo o Decreto n.º 5/2002, de 19 de Fevereiro, estas ruinas foram declaradas como Imóvel de Interesse Público. É a maior villa romana do concelho, com inúmeros materiais encontrados por uma superfície de 2 hectares, correspondentes a um dilatado período de tempo, do Paleolítico à Idade Média, que denotam a longa ocupação do local.[1]
Villa Romana de Miroiço | |
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Informações gerais | |
Tipo | Villa
(Villa rústica romana) |
Proprietário inicial | Império Romano |
Função inicial | Privado |
Proprietário atual | Estado Português |
Função atual | Cultural |
Património de Portugal | |
DGPC | 73594 |
SIPA | 6060 |
Geografia | |
País | Portugal |
Cidade | Cascais |
Coordenadas | 38° 43′ 34″ N, 9° 21′ 55″ O |
Localização da Villa Romana de Miroiço |
História
editarAs primeiras sondas à zona onde se implanta esta villa data de finais do século XIX, quando o geólogo Francisco de Paula Oliveira reporta a existência de ruínas numa plataforma sita sobre o vale da ribeira de Manique[2], concretamente descobrindo «ruínas de edifícios, pedras talhadas, fragmentos de telhas e de tijolos que se mostravam dispersos pelo solo em grande quantidade», ouvindo relatos de que ali tinha vivido um «povo antigo» cujodestino não soube precisar.[1] O local não foi objeto de estudo posterior por se considerarem elucidativos os materiais encontrados à superfície[3], que iam desde seixos trabalhados e machados de pedra polida a fragmentos de cerâmica.[4] Na década de 1970, Guilherme Cardoso dá início ao estudo do arqueosítio, após ter recolhido inúmeros materiais à superfície e posteriormente, em 1984, um arado coloca a descoberto sepulturas tardo-romanas ou da Idade Média. Tendo isto em conta, a Câmara Municipal de Cascais procedeu à classificação do local em 1989, e em 1992 o local foi considerado enquanto «Imóvel de Interesse Público».[1]
As primeiras escavações levadas a cabo aconteceram em 1999, de modo a averiguar a viabilidade de uma construção imobiliária, e foram efetuadas por arqueólogos da Associação Cultural de Cascais e em colaboração com jovens estudantes dos ensinos secundário e universitário. Estas escavações, que tiveram várias expedições posteriores, permitiram recolher vasta informação sobre a ocupação do local desde os finais da Idade do Ferro até à Idade Média. Inicialmente infrutíferas[3], delas resultou o achado de materiais cerâmicos de alguma qualidade e outros objetos, juntamente com restos humanos que assinalavam um local de sepultura.[3] Foram descobertas no total 33 sepulturas, das quais apenas uma se atribuiu ao período romano, sendo as restantes paleo-cristãs. Nelas, o morto era geralmente deitado de costas, com os braços ao longo do corpo, de pernas estendidas e rosto para diante, com o corpo orientado a nascente.[5]
Igualmente identificado foi um forno de cozer cerâmica datado da época romana e de formato circular, com buracos por onde se fixavam os postes de sustentação de meda de lenha (semelhante ao processo das medas usado no fabrico de carvão vegetal) e identificadas sobretudo áreas de lixeira, não tendo sido encontradas estruturas correspondentes às pars urbana e/ou pars rustica da villa.[5]
Espólio
editarA investigação conduzida no local desde então revelou um considerável conjunto de materiais de superfície, como tegulae, imbrices e vestígios de revestimentos em opus signinum, para além de pesos de tear, de um vasto número de fragmentos de terra sigilatta, ânforas e de cerâmica "grosseira," de machados de pedra polida, de seixos afeiçoados e variados artefactos metálicos, a testemunhar, no fundo, a continuidade ocupacional humana do sítio desde o Neolítico até à Idade Média.
Restam desta villa alguns muros de pedra, tendo sido recolhidos na área diversos fragmentos de cerâmica romana (como pesos de tear e restos de ânforas), foram ainda descobertos materiais líticos pré-históricos (raspadores, núcleos e um machado de pedra polida).
Referências
- ↑ a b c «Villa Romana de Miroiço». Sistema de Informação para o Património Arquitetónico. Direção Geral do Património Cultural. Consultado em 28 de abril de 2018
- ↑ «DGPC | Villa romana de Miroiço». www.patrimoniocultural.gov.pt. Direção Geral do Património Cultural. Consultado em 28 de abril de 2018
- ↑ a b c Cardoso, Guilherme; d'Encarnação, José (2010). Património Arqueológico (PDF). Col: Roteiros do Património de Cascais. 02. Cascais: Câmara Municipal de Cascais. ISBN 978-972-637-225-7
- ↑ «Villa romana de Miroiço. Portal do Arqueólogo». arqueologia.patrimoniocultural.pt. Direção Geral do Património Cultural. Consultado em 28 de abril de 2018
- ↑ a b «Villa Romana de Miroiço – Manique | Cascais Cultura». cultura.cascais.pt. Consultado em 28 de abril de 2018
Ligações externas
editar- Junta de Freguesia de São Domingos de Rana
- Decreto n.º 5/2002 de 19 de Fevereiro
- Villa Romana de Miroiços na base de dados Ulysses da Direção-Geral do Património Cultural
- Miroiços na base de dados Portal do Arqueólogo da Direção-Geral do Património Cultural