Ágios Nikolaos
Ágios Nikolaos (em grego: Άγιος Νικόλαος; romaniz.: Áyios Nikolaos; São Nicolau) é uma cidade, unidade municipal e município da costa oriental da ilha de Creta, Grécia. É a capital da unidade regional de Lasíti. A cidade encontra-se no local onde outrora existiu a cidade de Lato pros Camára, também conhecida como Camára (em grego: Καμάρα; Kamára), o porto da antiga cidade dórica de Lato.[nt 1]
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Município | ||||
Lago Voulisméni, no centro de Ágios Nikolaos | ||||
Localização | ||||
Localização da unidade municipal (vermelho) e do município (rosa) de Ágios Nikolaos na unidade regional de Lasíti | ||||
Localização de Ágios Nikolaos em Creta | ||||
Localização de Ágios Nikolaos na Grécia | ||||
Coordenadas | 35° 11′ 23″ N, 25° 43′ 00″ L | |||
País | Grécia | |||
Região | Creta | |||
Unidade regional | Lasíti | |||
História | ||||
Fundação | Idade do Bronze Final | |||
Administração | ||||
Prefeito | Dimitrios Kounenakis | |||
Características geográficas | ||||
Área total | 512 km² | |||
• Un. municipal | 317,8 km² | |||
População total (2011) [1] | 27 074 hab. | |||
• População urbana | 12 638 | |||
Densidade | 52,9 hab./km² | |||
• Un. municipal | 20 679 | |||
• Densidade un. municipal | 65,1 hab./km² | |||
Código postal | 721 00 | |||
Prefixo telefónico | 28410 | |||
Outras informações | ||||
Unidades municipais | Ágios Nikolaos • Neápolis • Vrachási | |||
Sítio | www.aghiosnikolaos.gr |
Descrição
editarA configuração atual do município resultou da reforma administrativa de 2011, que fundiu os antigos municípios de Ágios Nikolaos, Neápolis e Vrachási, os quais passaram a ser unidades municipais.[5] O município cobre uma área de 512 km² e a unidade municipal 317,8 km²; em 2011 a população era, respetivamente, 27 074 (densidade: 52,9 hab./km²) e 20 679 (densidade: 65,1 hab./km²), dos quais 12 638 na comuna de Ágios Nikolaos.
A cidade ocupa uma península montanhosa, a cerca de 63 km a leste de Heraclião, 30 a leste de Mália, 30 km a norte de Ierápetra e 67 km a oeste Siteía (distâncias por estrada), à beira do golfo de Mirabelo e em frente dos ilhéus de Micronisi e Agioi Pantes (ou Agioi Pándes), onde vive um grupo de kri-kris (Capra aegagrus creticus, a cabra selvagem de Creta).[6] O nome Ágios Nikolaos significa São Nicolau é um topónimo comum na Grécia e em Chipre, devido ao facto desse santo ser o padroeiro dos marinheiros e da Grécia. A área tem várias estâncias turísticas orientadas sobretudo para turismo de luxo, conhecidas pelas praias de azuis e límpidas, onde se destacam, além da própria cidade, usualmente conhecida pelos anglófonos como Ag Nik, Elunda e Placa, situadas a norte.[7]
Ágios Nikolaos é uma cidade turística e o centro económico e administrativo das localidades em volta. A cidade tornou-se conhecida internacionalmente durante os anos 1960, quando foi "descoberta" por alguns realizadores de cinema como Walt Disney e Jules Dassin e produtores da BBC. O conto Not After Midnight de Daphne du Maurier passa-se em Ágios Nikolaos. A partir daí o turismo desenvolveu-se na cidade e arredores.[carece de fontes]
Os guias turísticos descrevem Ágios Nikolaos como muito bela e pitoresca, devido sobretudo ao lago Voulisméni, que ocupa o centro da cidade e às vistas sobre o golfo de Mirabelo, cujo nome ("Bela Vista") se deve aos venezianos, e ainda aos inúmeros restaurantes e cafés. Comparativamente com as estâncias mais populares vizinhas, a oferta de alojamentos turísticos na cidade é relativamente reduzida, principalmente em hotéis de quatro e cinco estrelas, que se concentram sobretudo a norte da cidade, perto de Elunda,[7] embora também haja alguns a sul. Além de Elunda e Placa, as principais estâncias de praia junto a Ágios Nikolaos são Almirós, Ammoudara e Caló Chorio.
Algumas das atrações turísticas da cidade e dos seus arredores:
- Lago Voulisméni — originalmente um lago de água doce aproximadamente circular com cerca de 137 metros de diâmetros, em 1870 foi ligado artificialmente ao mar por um pequeno canal, o que permite que atualmente seja usado como uma doca de grandes dimensões por pequenos barcos de pesca e de recreio, os quais, juntamente com as esplanadas em volta e o parque público que ocupa monte no lado oeste e sul, lhe dão mais um toque pitoresco. Segundo a tradição local, o lago não nem fundo; tal provavelmente deve-se ao facto de ser surpreendentemente fundo para um lago das suas dimensões, ainda para mais à beira-mar — tem 64 metros de profundidade.[8]
- Esplanadas um pouco por toda a cidade, principalmente à beira do lago Voulisméni.[7]
- Praias — A principal praia do centro da cidade propriamente dita é Kitroplatía, uma pequena praia de areia; outras são EOT e Ammos. Perto da cidade há várias praias, quase todas pequenas, algumas sem areia, mas geralmente descritas como muito belas e quase todas com bandeira azul e muitíssimo concorridas durante o verão. A norte, podem referir-se, por exemplo, a praia rochosa Aktí Koundoúro, Havania e as várias praias ao longo das estradas para Ammoúdi e Elunda. A sul destaca-se a "excelente" praia de Almirós ou Ammoudara, respetivamente a 2 3 3 km da cidade ou, um pouco mais longe, Caló Chorio, a 10 km.[7][9]
- Passeios de barco na baía.[7]
- Museu Arqueológico — Situado a norte do lago, exibe peças encontradas em diversos sítios arqueológicos da região, no istmo de Ierápetra e no palácio minoico de Mália. A obra mais célebre do museu é a chamada "Deusa de Mírtos", encontrada em Fournoú Korifí, na costa sul, junto a Mírtos. Trata-se de um estatueta feminina de pescoço alongado em forma de ganso que é simultaneamente um jarro cuja boca é a boca em forma de bico da representação de um jarro que é segurado pela mulher. Essa boca é semelhante a outros vasos do mesmo período que se encontram no museu. Data da Idade do Bronze, Minoano Antigo, c. 2 500 a.C.[7]
- Museu de Folclore de Ágios Nikolaos — Pequeno museu etnográfico alojado no edifício da Autoridade Portuária, um dos edifícios mais antigos da cidade, situado junto à ponte sobre o canal que liga o lago ao mar. Ali estão expostos diversas peças do artesanato local, nomeadamente bordados, mas também vestuário tradicional, olaria, utensílios de cozinha e antigas gaitas de foles em pele cabra.[7][10] Há ainda um modelo de uma casa tradicional cretense, equipada com mobília e utensílios tradicionais, livros, manuscritos, fotografias antigas, pinturas, armas, moedas, etc.[10]
- Museu de Folclore de Istron — Outro museu etnográfico situado na área de Istron.[10]
- Igreja de Ágios Nikólaos — Construída no século VIII ou IX, durante o período iconoclasta, na península ocidental, a cidade deve-lhe o seu nome. As suas paredes estão decoradas com frescos "anicónicos".[11]
Transportes
editarÁgios Nikolaos é servida pela principal estrada de Creta, a E-75, que percorre toda a faixa litoral norte da ilha. Os aeroportos mais próximos são de Heraclião (IATA: HER, ICAO: LGIR) e de Siteía (IATA: JSH, ICAO: LGST).[12] Este último é muito pouco movimentado e pelo menos até 2011 só servia um par de voos domésticos diários e alguns voos chárter no verão.
O porto é servido por alguns serviço de ferryboat que, uma ou duas vezes por semana, ligam a cidade ao Pireu, o porto de Atenas, Santorini, Milos e a algumas ilhas do Dodecaneso, como Rodes, Cárpatos, Chálki e Kasos.[12] Contudo, muitos dos utentes de ferryboats usam o porto de Heraclião, onde há mais serviços mais frequentes e para mais destinos. Ocasionalmente, no verão, há também serviços rápidos de catamarã e hidrofólio para Santorini.[12] Além do porto comercial, há também uma marina com capacidade para 255 barcos de recreio.[13]
História
editarO sítio arqueológico de Priniáticos Pírgos, situado 12 km a sul da cidade, apresenta vestígios de ocupação que remontam 5º milénio a.C. (neolítico final) e vão até ao período bizantino, no final do 1º milénio d.C.[14]
O local onde se encontra a cidade foi povoado na Idade do Bronze Final por ocupantes dóricos de Lato, a cidade-fortaleza, situada nas colinas, cerca de 8 km a ocidente de Ágios Nikolaos. Tal aconteceu numa altura em que os habitantes de Lato se sentiram mais seguros contra os ataques vindos pelo mar que até aí os assolavam e a facilidade de acesso ao porto se tornou mais importante.[15] A cidade portuária foi chamada Lato pros Camára ou simplesmente Cámara (em grego clássico: Καμάρα), que significa "Lato dos Arcos", o que se supõe ser uma referência a algum tipo de estrutura com arcos (camares em grego).[11] Algumas obras identificam Lato pros Camára com Lato Etera, mas aparentemente a generalidade das fontes académicas usam o último topónimo com designação alternativa da cidade dórica do interior, Lato.[nt 1]
Lato pros Camára é descrita por Ptolomeu como situando-se a leste de Olunte (Ptol. 3.17.5), a 15 estádios (pouco mais de 2,5 km) segundo o Itinerário Marítimo. Xenion, um historiador cretense citado por Estêvão de Bizâncio, diz que a cidade chegou a chamar-se Lato,[16] contudo os académicos modernos distinguem a cidade portuária da cidade do interior e apontam Camára como o porto de Lato.[15] Lato pros Camára tinha uma acrópole dupla e escarpada, uma ágora e um pritaneu, ao qual se acedia por uma escadaria e junto ao qual existia um templo e outros edifícios públicos.[17] A cidade continuou a existir muito depois de Lato ter sido abandonada c. 200 a.C.[15] Porém, durante o período romano declinou acentuadamente e aparentemente já não existia no período bizantino.[7]
Os venezianos, que controlaram Creta entre os séculos XIII e XVII, chamaram à vila Porto di San Niccolò devido à capela existente na península ocidental. No século XIII construíram uma fortaleza na colina mais alta da costa para proteger tráfico marítimos, a que chamaram Castel Mirabello e que deu o nome à baía. A fortaleza sofreu grandes estragos em 1303 devido a um sismo e em 1537 foi incendiada pelos turcos, sendo depois reconstruída. Em 1645 foi rendida aos turcos pelo seu comandante, mas os venezianos retomaram-na e destríram-na completamente.[11] Atualmente nada resta dela.[7]
O local voltou a ganhar alguma vida no século XIX, quando o seu porto voltou a estar ativo,[7] apesar das infraestruturas normalmente associadas a um verdadeiro porto só terem sido construídas em 1965. Quando Ágios Nikolaos foi escolhida como capital da província de Lasíti em 1905, no anfiteatro natural em volta do lado, o atual centro da cidade, viviam apenas 95 pessoas.[6] A seguir à integração de Creta na Grécia em 1913, o estatuto de Ágios Nikolaos como capital do oriente de Creta foi confirmado.[7]
Nos anos 1980, a cidade tinha-se tornado uma estância que atraía muitos turistas desordeiros e que procuravam sobretudo o divertimento desregrado com muito alcóol à mistura. Uma campanha do prefeito de então orientou o turismo para gente mais calma e civilizada, o que fez com que os jovens que procuravam esse tipo de férias passasse a preferir Mália e Ágios Nikolaos orientasse a sua oferta turística sobretudo para turismo de gama mais alta.[6]
Notas
editar- O texto inclui trechos inicialmente baseados na tradução dos artigos «Agios Nikolaos, Crete» na Wikipédia em inglês (acessado nesta versão) e «Lato pros Kamara» na Wikipédia em inglês (acessado nesta versão).
- ↑ a b Algumas fontes identificam Lato Etera com com Lato pros Camára. No entanto, a generalidade das obras académicas referem-se a Lato Etera como outro nome de Lato, a cidade dórica situada a 8 km da costa, a oeste de Ágios Nikolaos. Lato pros Camára era o porto de Lato (Etera)[2][3] e ambas as cidades estavam ligadas por uma estrada que atravessava a planície da Lacónia. Distavam uma hora e meia de marcha.[4]
Referências
- ↑ «Resultados do censo de 2011» (XLS). www.statistics.gr (em grego). Serviço Estatístico Nacional da Grécia. Consultado em 10 de fevereiro de 2014
- ↑ Kofou, Anna (1992), Crete: all the museums and archaeological sites (em inglês) 3ª ed. , Ekdotike Athenon, p. 184, 194, consultado em 10 de fevereiro de 2014
- ↑ The Annual of the British School at Athens (em inglês), British School at Athens. MacMillan, 1935, p. 94, consultado em 10 de fevereiro de 2014
- ↑ Pendlebury, John Devitt Stringfellow (1969), The Archaeology of Crete, ISBN 9780819601216 (em inglês), Biblo & Tannen, p. 10, consultado em 10 de fevereiro de 2014
- ↑ «Lei "Kallikratis" (reforma administrativa)» (PDF). www.kedke.gr (em grego). Ministério do Interior da Grécia. 11 de agosto de 2010. Consultado em 10 de fevereiro de 2014
- ↑ a b c Facaros, Dana; Theodorou, Linda (2003), Greece, ISBN 9781860118982 (em inglês), Cadogan Guides. New Holland Publishers, p. 729, consultado em 10 de fevereiro de 2014, arquivado do original em 22 de fevereiro de 2014
- ↑ a b c d e f g h i j k Fisher, John; Garvey, Geoff (2007), The Rough Guide to Crete, ISBN 978-1-84353-837-0 (em inglês) 7ª ed. , Nova Iorque, Londres, Deli: Rough Guides, p. 175
- ↑ «Lake Voulismeni» (em inglês). Município de Ágios Nikolaos. www.aghiosnikolaos.gr. Consultado em 10 de fevereiro de 2014
- ↑ «Beaches» (em inglês). Município de Ágios Nikolaos. www.aghiosnikolaos.gr. Consultado em 10 de fevereiro de 2014
- ↑ a b c «Museums» (em inglês). Município de Ágios Nikolaos. www.aghiosnikolaos.gr. Consultado em 10 de fevereiro de 2014
- ↑ a b c Iozzo, Mario (1996), Art and History of Crete, ISBN 9788880294245 (em inglês), Casa Editrice Bonechi, p. 132, consultado em 10 de fevereiro de 2014
- ↑ a b c Fisher & Garvey, p. 231
- ↑ Marina de Ágios Nikolaos (em inglês). www.marinaofaghiosnikolaos.gr. Página visitada em 10 de fevereiro de 2014
- ↑ «Priniatikos Pyrgos Research Project» (em inglês). www.priniatikos.net. Consultado em 10 de fevereiro de 2014
- ↑ a b c Hogan, C. Michael. «Lato Hillfort Fieldnotes». The Modern Antiquarian (em inglês). www.themodernantiquarian.com. Consultado em 10 de fevereiro de 2014
- ↑ Smith, William (1854), «Camara», Dictionary of Greek and Roman Geography 🔗 (em inglês), Londres: Walton and Maberly
- ↑ Willetts, R. F. (1965), Ancient Crete: From Early Times Until the Roman Occupation, ISBN 9781134528318 (em inglês), Routledge (publicado em 2013), p. 57–58, consultado em 10 de fevereiro de 2014
Ligações externas
editar- Marina de Ágios Nikolaos (em inglês). www.marinaofaghiosnikolaos.gr