Pelotão Especial de Fronteira de Forte de Coimbra
O Pelotão Especial de Fronteira de Forte de Coimbra é uma unidade do Exército Brasileiro localizada no município de Corumbá, no estado de Mato Grosso do Sul, e subordinada ao 17.º Batalhão de Fronteira.[1][2] Sua denominação histórica de “Companhia Portocarrero” é uma homenagem ao Coronel Hermenegildo de Albuquerque Porto Carrero, responsável pela defesa do Forte durante a Guerra do Paraguai e evitou o derramamento de sangue de sua tropa.[3]
Pelotão Especial de Fronteira de Forte de Coimbra | |
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Estado | Mato Grosso do Sul |
Subordinação | 18.ª Brigada de Infantaria de Fronteira |
Criação | 1775 |
História
editarDe acordo com o pesquisador Raul Silveira de Mello, o primitivo Forte Coimbra foi oficialmente fundado em 13 de setembro de 1775, embora a decisão de estabelecê-lo tenha sido tomada muito antes, no contexto da assinatura e das demarcações decorrentes do Tratado de Madri (1750).[4][1]
A região do chamado Mato Grosso era conhecida desde o início do século XVIII quer por bandeirantes paulistas e quer por missionários Jesuítas de Assunção, no Paraguai. Diante da necessidade de demarcação das terras por ambas as Coroas, era conveniente a implantação de algum ponto de apoio naquela região. Por parte de Portugal, desse modo, floresceu a ideia de se construir um presídio mais ao sul, próximo aos espanhóis.
A partir da chegada à região do primeiro governador da capitania de Mato Grosso, em 1751, e de várias mudanças governamentais e planos consolidados de defesa e expansão, o quarto capitão-general da capitania, Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, determinou a fundação de um forte no curso do rio Paraguai para impedir o avanço espanhol e coibir a atuação dos índios Paiaguás. Para essa tarefa, designou o Capitão Mathias Ribeiro da Costa, com instruções para alcançar a região chamada de Fecho dos Morros, onde hoje se localiza Porto Murtinho, 292 quilômetros mais abaixo no curso do rio, a vinte dias de canoa de Cuiabá.[4]
A partir de 1791, dado o precário estado de conservação do Forte de Nossa Senhora do Carmo, como era conhecido, foram iniciadas obras para reconstrução da estrutura, em alvenaria de pedra e cal. Em 1795 assumiu o comando do forte o Capitão Francisco Rodrigues do Prado.[4]
Essa nova estrutura ainda se encontra em obras quando uma expedição de quatro escunas e duas canoas guarnecidas com 600 homens, sob o comando do Governador do Paraguai, D. Lázaro de Ribera, na Guerra de 1801, atacou o Forte Novo de Coimbra então guarnecido com apenas 42 homens, que resistem a um cerco de dez dias, de 16 a 25 de setembro de 1801.[4]
Em 1851 o armamento do forte foi aumentado com quatro peças de calibre 24 libras e algumas de calibres 9 e 6, que jaziam desde 1820 às margens do rio Guaporé, destinadas ao Real Forte Príncipe da Beira, de acordo com informação do Almirante Augusto Leverger, Barão de Melgaço. Obras de reforma e de ampliação foram executadas entre 1855 e 1856. Por ocasião da invasão do Paraguai ao sul de Mato Grosso, materializado quando cinco batalhões de infantaria e dois regimentos de cavalaria a pé, num total de 3.200 homens, armados com doze canhões raiados, uma bateria de trinta foguetes franceses de 24 mm, protegidos por dez embarcações de guerra (entre as quais o Marquês de Olinda, adaptado) sob o comando do Coronel paraguaio Vicente Barrios, intimaram o forte a se render (27 de dezembro de 1864).[4]
Apesar do comando da praça ser do Capitão Benito de Faria, nele se encontrava em visita de inspeção naquele mês, o Tenente-coronel Hermenegildo de Albuquerque Porto Carrero, comandante do Corpo de Artilharia de Mato Grosso e do Distrito Militar do Baixo Paraguai, que assumiu, a título eventual, o comando do forte, frente à ameaça. A posição brasileira estava então artilhada com onze peças de bronze de alma lisa em bateria, e mais vinte sem reparos, guarnecido por 125 oficiais e soldados de artilharia a pé, reforçados por cerca de 30 guardas nacionais, alguns guardas de alfândega, meia dúzia de prisioneiros e duas dezenas de índios mansos. Durante dois dias, os combates foram intensos. As esposas e familiares dos oficiais e praças prepararam cartuchos de pólvora, ataduras, e atenderam como possível os feridos. Sem recursos para resistir e distante de reforços, o forte foi evacuado em ordem, na noite de 28 para 29. O forte (e a bateria fronteira, no Morro da Marinha) permaneceu ocupado pelas forças paraguaias até abril de 1868, quando o abandonaram conduzindo a sua artilharia e tudo o que nele existia. Findo o conflito, iniciou-se a reconstrução do forte, cujos danos sofridos haviam sido consideráveis, quase perdendo as próprias muralhas sob o fogo da artilharia inimiga.
A partir de 1950, passa a ser denominada 1ª Bateria do 6º Grupo de Artilharia de Costa e Forte Coimbra. Em 1992, recebe nova denominação, agora como 3ª Companhia do 17º Batalhão de Caçadores e Forte Coimbra e, em 1996, passa a ter a atual denominação. Em 2002, ganha estandarte e denominação histórica. A companhia foi desativada em 2017, tornando-se apenas um Pelotão Especial de Fronteira dentro do 17.º Batalhão de Fronteira.[1]
Referências
- ↑ a b c Ferreira, João Paulo (13 de setembro de 2021). «FORTE COIMBRA: Conheça a história desse lugar histórico do MS que hoje completa 246 anos!». Jornal O SUL-MATO-GROSSENSE. Consultado em 18 de março de 2023
- ↑ «Pelotão Especial de Fronteira de Forte de Coimbra». 18ª Brigada de Infantaria de Pantanal. 13 de março de 2023. Consultado em 13 de abril de 2023
- ↑ Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul. «Instituto MS — Por que o tenente-coronel Hermenegildo de Albuquerque Porto Carrero, ordenou a fuga de toda a guarnição do Forte de Coimbra, em fins de 1864?». Instituto MS. Consultado em 18 de março de 2023
- ↑ a b c d e Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul. «O Forte de Coimbra e ... nós. - Artigos». Instituto MS. Consultado em 18 de março de 2023