Alonormatividade
Alonormatividade é o conceito de que todos os seres humanos experimentam atração sexual e atração romântica. É a força que sustenta a sexualidade compulsória, os sistemas sociais e estruturas que privilegiam ou incentivam relacionamentos sexuais em detrimento de indivíduos solteiros.[1][2]
O termo pode ser considerado uma expansão da heteronormatividade, a ideia de que a heterossexualidade heterorromântica é a sexualidade padrão ou normativa. O termo é frequentemente usado ao discutir a patologização,[3] apagamento[4] e desumanização[5] de indivíduos assexuais e arromânticos na sociedade, mídia e nos discursos acadêmicos. Ela pode ser considerada a combinação de sexonormatividade e amatonormatividade, ou um termo guarda-chuva para ambos os conceitos.[6][7]
Etimologia
editarA alonormatividade foi derivada de alossexual, que, por sua vez, foi derivada do prefixo grego allo-, que significa "diferente" ou "outro", e -sexual, ou seja, atração direcionada a um alvo fora de si mesmo. O segundo elemento, -normatividade, refere-se à visão de mundo societária que considera a alossexualidade alorromântica como normal ou desejada.[8]
Efeitos
editarA alonormatividade, por sua definição, nega a existência da identidade assexual ou arromântica em seres humanos. Assim, crescer em uma sociedade alonormativa pode levar indivíduos assexuais a se sentirem quebrados ou isolados antes ou mesmo depois de descobrirem a assexualidade.[4][9] Porque a alonormatividade apresenta a assexualidade como desviante, ela também contribui para a medicalização[10] e discriminação contra assexuais.[11]
Ver também
editarReferências
- ↑ Hart-Brinson, Peter; Tlachac, M. L.; Lepien, Emily (27 de junho de 2023). «Contradictions in Experiences of Compulsory Sexuality and Pathways to Asexual Citizenship». Sexuality & Culture (em inglês). ISSN 1936-4822. doi:10.1007/s12119-023-10110-1. Consultado em 15 de outubro de 2023
- ↑ Brandley, ben; Spencer, Leland G. (1 de janeiro de 2023). «Rhetorics of Allonormativity: The Case of Asexual Latter-day Saints». Southern Communication Journal (em inglês) (1): 1–15. ISSN 1041-794X. doi:10.1080/1041794X.2022.2108891. Consultado em 15 de outubro de 2023
- ↑ Schneckenburger, Stella A.; Tam, Michelle W. Y.; Ross, Lori E. (6 de junho de 2023). «Asexual competent practices in healthcare: A narrative review». Journal of Gay & Lesbian Mental Health (em inglês): 1–21. ISSN 1935-9705. doi:10.1080/19359705.2023.2214528. Consultado em 15 de outubro de 2023
- ↑ a b Mollet, Amanda L. (2020). «"I Have a Lot of Feelings, Just None in the Genitalia Region": A Grounded Theory of Asexual College Students' Identity Journeys». Journal of College Student Development (2): 189–206. ISSN 1543-3382. doi:10.1353/csd.2020.0017. Consultado em 15 de outubro de 2023
- ↑ Brandley, ben; Dehnert, Marco (17 de março de 2023). «"I am not a Robot, I am Asexual": A Qualitative Critique of Allonormative Discourses of Ace and Aro Folks as Robots, Aliens, Monsters». Journal of Homosexuality (em inglês): 1–24. ISSN 0091-8369. doi:10.1080/00918369.2023.2185092. Consultado em 15 de outubro de 2023
- ↑ Mollet, Amanda L.; Lackman, Brian (24 de janeiro de 2021). «Allonormativity and Compulsory Sexuality». Brill (em inglês): 26–30. ISBN 978-90-04-50672-5. doi:10.1163/9789004506725_006. Consultado em 15 de outubro de 2023
- ↑ Oliveira, Elisabete Regina Baptista De (6 de março de 2015). «"Minha vida de ameba": os scripts sexo-normativos e a construção social das assexualidades na internet e na escola». São Paulo. doi:10.11606/t.48.2015.tde-11052015-102351. Consultado em 15 de outubro de 2023
- ↑ «The term 'allosexual'». www.asexuality-handbook.com. Consultado em 15 de outubro de 2023
- ↑ Kelleher, Sinéad; Murphy, Mike (22 de junho de 2022). «Asexual identity development and internalisation: a thematic analysis». Sexual and Relationship Therapy (em inglês): 1–29. ISSN 1468-1994. doi:10.1080/14681994.2022.2091127. Consultado em 15 de outubro de 2023
- ↑ «Asexuality and the Health Professional | Psychology Today Canada». www.psychologytoday.com (em inglês). Consultado em 15 de outubro de 2023
- ↑ Steelman, Sarah M.; Hertlein, Katherine M. (2 de abril de 2016). «Underexplored Identities: Attending to Asexuality in Therapeutic Contexts». Journal of Family Psychotherapy (em inglês) (2): 85–98. ISSN 0897-5353. doi:10.1080/08975353.2016.1169014. Consultado em 15 de outubro de 2023