Bernhard Lichtenberg
Bernhard Lichtenberg foi um padre católico alemão, oposicionista ao regime nazi. É uma das pessoas agraciadas com o título de Justo entre as nações no memorial de Yad Vashem. Foi beatificado em 1996, em conjunto com Karl Leisner.
Bernhard Lichtenberg | |
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Bernhard Lichtenberg Büste Hof.JPG Beato Bernhard Lichtenberg | |
Justo entre as nações | |
Nascimento | 3 de dezembro de 1875 Ohlau, Silésia, Império Alemão |
Morte | 5 de novembro de 1943 (67 anos) trânsito para o Campo de concentração de Dachau, Alemanha Nazista |
Veneração por | Igreja Católica |
Beatificação | 23 de junho de 1996 Estádio Olímpico de Berlim por Papa João Paulo II |
Portal dos Santos |
Biografia
editarEstuda teologia católica de 1895 a 1898 em Innsbruck, e depois em Breslau (Wrocław), onde é ordenado sacerdote em 1899. Entre 1913 e 1930 é cura da paróquia do Sagrado Coração em Berlin-Charlottenburg. No decorrer da Primeira Guerra Mundial foi mobilizado num regimento, recebendo uma medalha da Cruz Vermelha. Foi eleito para o parlamento de Charlottenburg pelo Partido Católico, o Zentrum. Em 1931, o seu superior em Berlim chama-o para o capítulo da catedral.
Em 1931, Lichtenberg apela publicamente às pessoas para que vejam o filme A Oeste Nada de Novo: esse filme foi baseado no romance homónimo de Erich Maria Remarque, proibido pelo « Film-Oberprüfstelle», o comité de censura cinematográfica da época. Joseph Goebbels, futuro ministro da propaganda nazi, lançou uma campanha de intimidação contra Lichtenberg. Em 1933, depois da tomada do poder pelos nazis, a casa de Lichtenberg foi revistada pela Gestapo. Em 1935, sabendo o que eram os campos de concentração, protestou numa carta dirigida a Hermann Göring.
Em 1931 foi designado para servir como reitor da Catedral de Santa Edwiges (a Catedral de Berlim) e era ativo do Partido do Centro Alemão. Quando os nazistas começaram a sua ascensão nos anos de 1930 transformou-se num crítico contra a perseguição aos judeus.
Fez da Catedral de Berlim a sua base de combate aos nazistas com o que lhe valeu a antipatia de Joseph Goebbels, que era o líder do partido em Berlim naquele tempo e futuro ministro da propaganda de Hitler. Lichtenberg falava claramente a favor dos judeus e manteve-se assim apesar das constantes ameaças e "avisos" dos nazistas.
Em 1935 - quando as atrocidades praticadas no campo de concentração de Esterwegen tornaram-se conhecidas, foi pessoalmente à chefia da Gestapo apresentar uma nota de protesto. Na manhã seguinte à noite dos cristais a polícia cercou a catedral para intimidá-lo, onde entretanto celebrou missa em favor do judeus.
Em novembro de 1938, Bernhard Lichtenberg assistiu aos primeiros pogroms (violência contra os judeus). Numa tarde, declarou, num sermão na catedral de Santa Edviges de Berlim:
“ | Lá fora, a sinagoga arde e é uma casa de Deus. | ” |
— Bernhard Lichtenberg.
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Decide igualmente rezar publicamente cada tarde durante o ofício de vésperas "para os cristãos não-arianos perseguidos, e pelos judeus". Estende depois a oração pelos detidos nos campos de concentração.
Em 23 de Outubro de 1941, foi preso pelas SS, sendo torturado. Em Setembro de 1943, recebeu na cadeia a visita do seu superior, Monsenhor Konrad von Preysing, que lhe trouxe uma mensagem pessoal do Papa Pio XII. Em 1943, foi deportado para o campo de concentração de Dachau. Mas, doente do coração, morre durante a transferência em 5 de novembro de 1943, em condições não esclarecidas. O seu corpo foi transportado em 16 de Novembro para a igreja de São Sebastião e depois transferido em 1965 para a cripta da catedral de Santa Edviges.
Beatificação
editarEm 23 de junho de 1996, no Estádio Olímpico de Berlim, o Papa João Paulo II beatificou Bernhard Lichtenberg, em conjunto com Karl Leisner, jovem sacerdote que fora ordenado clandestinamente no campo de concentração de Dachau por Gabriel Piguet, padre de Clermont-Ferrand, também detido.
Ver também
editarBibliografia
editar- Ludger Stühlmeyer: Gerechter unter den Völkern. Vesper zu Ehren des seligen Bernhard Lichtenberg. Mit einer Biografie und Zitaten. Geleitwort von Nuntius Eterovic. Verlag Sankt Michaelsbund, München 2017, ISBN 978-3-943135-90-9.
- Barbara Stühlmeyer, Ludger Stühlmeyer: Bernhard Lichtenberg. Ich werde meinem Gewissen folgen. Topos plus Verlagsgemeinschaft, Kevelaer 2013, ISBN 978-3-8367-0835-7.
- Erich Kock: Er widerstand. Bernhard Lichtenberg. Dompropst bei St. Hedwig. Berlin 1996.
- Otto Ogiermann SJ: Bis zum letzten Atemzug. Das Leben und Aufbegehren des Priesters Bernhard Lichtenberg. Leipzig 1985.
Ligações externas
editar- «Bernhard Lichtenberg» (em inglês). Yad Vashem. Consultado em 8 de julho de 2012
- Gilbert, Sir Martin (2004). The Second World War: A Complete History (em inglês). [S.l.]: MacMillan. p. 228. Consultado em 8 de julho de 2012
- Spicer, Kevin P. (2004). «7». Resisting the Third Reich: The Catholic Clergy in Hitler's Berlin. The Unique Path of Bernhard Lichtenberg (em inglês). DeKalb: Northern Illinois University Press