Caburé-miudinho

espécie de ave

O caburé-miudinho (nome científico: Glaucidium minutissimum)[3] é uma espécie endêmica do Brasil de ave da família dos estrigídeos (Strigidae).

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCaburé-miudinho
Desenho de 1838 de uma fêmea
Desenho de 1838 de uma fêmea
Espécime avistado em Linhares, Espírito Santo, Brasil
Espécime avistado em Linhares, Espírito Santo, Brasil
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Strigiformes
Família: Strigidae
Género: Glaucidium
Espécie: G. minutissimum
Nome binomial
Glaucidium minutissimum
(Wied-Neuwied, 1830)
Distribuição geográfica
Distribuição do caburé-miudinho
Distribuição do caburé-miudinho
Sinónimos

Etimologia

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O nome popular caburé deriva do tupi kawu're. Originalmente era um termo (também presente na variante cauré) que indicava corujas e falcões. Sua primeira ocorrência registrada é do ano de 1587. Em 1631, houve novo uso com o sentido de "ave dos bubonídeos". De acordo com o Dicionário Histórico das Palavras Portuguesas de Origem Tupi (DHPT), o vocábulo tupi "parece proceder de cabu-ré, que quer dizer propenso às vespas escuras, ou que se alimenta dela". Teodoro Sampaio em O Tupi na Geografia Nacional (TupGN) argumenta que derivou do tupi caá-por-é (da raiz ka'a-, "mato"), que significa "dado a morar no mato". A partir desta acepção, comenta, surgiram sentidos totalmente distintos de caburé como "habitante da roça", "mestiço" ou "árvore".[4]

Taxonomia

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Já argumentou-se que o nome científico aqui utilizado pertence, na verdade, ao caburé-de-pernambuco, sendo G. sicki o nome teoricamente adequado ao caburé-miudinho.[5] Contudo, isso não ganhou ampla aceitação.[6] Anteriormente, esta espécie incluía como subespécies o caburé-de-colima (Glaucidium palmarum), o caburé-de-tamaulipas (Glaucidium sanchezi), caburé-centro-americano (Glaucidium griseiceps), caburé-subtropical (Glaucidium parkeri) e mochinho-da-baixa-califórnia (Glaucidium hoskinsii).[1]

Distribuição e habitat

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Esta espécie tem um alcance extenso. Reside no Brasil entre Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e sul da Bahia e também está presente em Goiás.[7] Acasala no Belize, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Panamá e Peru.[1] Habita florestas tropicais e subtropicais úmidas persistentes e bordas de florestas, assim como dosséis de arbustos abertos[8] situadas até 1 100 metros de altitude.[1]

Descrição

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Essa é uma das menores espécies de coruja da América do Sul, com média de 55 gramas e 15 centímetros. O comprimento da asa pode atingir de 8.5 a 9.1 centímetros, enquanto a cauda pode atingir um comprimento de 4.9 a 5.4 centímetros. Sua cabeça é arredondada, sem tufos nas orelhas. O disco facial castanho-acinzentado pálido não é pronunciado e mostra algumas linhas concêntricas avermelhadas. Seus olhos são amarelados, com sobrancelhas esbranquiçadas. A parte superior do corpo é relativamente escura, marrom-avermelhada com pequenas manchas brancas. As asas são marrom-escuras e relativamente curtas. A cauda é marrom escuro com cinco barras claras. A parte inferior do corpo é cinza claro ou branco, com listras marrom-avermelhadas. A garganta mostra uma área arredondada esbranquiçada. As pernas são emplumadas, com dedos eriçados e amarelados. As garras são do tipo chifres com pontas escuras. O bico é amarelo-esverdeado.[9][10]

Biologia

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O caburé-miudinho se alimenta principalmente de insetos, às vezes capturando pequenos vertebrados. É ativo ao anoitecer e ao amanhecer, mas ocasionalmente caça durante o dia. A canção do macho é de duas a quatro notas longas separadas por pausas curtas.[9][10]

Conservação

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Não há dados concretos com relação à população de caburé-miudinho, mas se assume que esteja declinando.[1] Em 2005, foi classificado como em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[11] em 2010, como vulnerável na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais;[12] em 2014, como pouco preocupante no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo;[13] e em 2018, como pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[7][14]

Referências

  1. a b c d e BirdLife International (2012). Glaucidium minutissimum (em inglês). IUCN 2018. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2018. Página visitada em 16 de abril de 2022..
  2. a b Vielliard, Jacques (31 de dezembro de 1989). «Uma nova espécie de Glaucidium (Aves, Strigidae) da Amazônia». Revista Brasileira de Zoologia. 6 (4): 685 
  3. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 159. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  4. Grande Dicionário Houaiss, verbete caburé
  5. König, C.; Weick, F. (2005). «A new Least Pygmy Owl (Aves: Strigidae) from southeastern Brazil». Stuttgarter Beiträge zur Naturkunde Serie A (688) 
  6. Comitê Sul-Americano de Classificação (2008). «Change the name of Least Pygmy-Owl to Glaucidium sicki». Consultado em 16 de abril de 2022. Cópia arquivada em 19 de setembro de 2015 
  7. a b «Glaucidium minutissimum (Wied, 1811)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 16 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022 
  8. Weick, Friedhelm (2006). Owls (Strigiformes): Annotated and Illustrated Checklist. Berlim: Springer. p. 164. ISBN 978-3-540-35234-1 
  9. a b Lewis, Deane (30 de outubro de 2020). «Least Pygmy Owl ~ Glaucidium minutissimum». Owl Pages. Consultado em 16 de abril de 2022. Cópia arquivada em 16 de abril de 2022 
  10. a b Howell, Steve N. G.; Robbins, Mark B. (1995). «Species Limits of the Least Pygmy-Owl (Glaucidium Minutissimum) Complex» (PDF). Wilson Bulletin. 107 (1): 7-25. Cópia arquivada (PDF) em 16 de abril de 2022 
  11. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  12. «Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais» (PDF). Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM. 30 de abril de 2010. Consultado em 2 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 21 de janeiro de 2022 
  13. Bressan, Paulo Magalhães; Kierulff, Maria Cecília Martins; Sugleda, Angélica Midori (2009). Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo - Vertebrados (PDF). São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA - SP), Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 25 de janeiro de 2022 
  14. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018