Clima da cidade de São Paulo

O clima da cidade de São Paulo é considerado subtropical úmido (Cfa/Cwa de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger), com as quatro estações do ano relativamente definidas. A temperatura média anual é de 20 °C. O verão é morno, com precipitação, e o inverno é fresco, com pouca precipitação. Ao longo do ano, normalmente, a temperatura mínima nos meses mais frios é de 13 °C e a temperatura máxima nos meses mais quentes é de 29 °C e raramente são inferiores a 8 °C ou superiores a 32 °C.[1][2]

Em São Paulo, as temperaturas são aumentadas principalmente pelo efeito das ilhas de calor, que são ocasionadas pela poluição atmosférica, poucas áreas verdes e a alta concentração de edifícios.[3]

A estação meteorológica mais antiga em atividade no município de São Paulo está localizada na antiga sede do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), no bairro da Água Funda, zona sul da cidade, e opera desde 1933. No entanto, as medições oficiais da cidade são realizadas na estação meteorológica do Mirante de Santana, na zona norte, administrada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e em operação desde 1945, doze anos depois da estação do IAG/USP.[4][5] Em março de 2018, o INMET instalou uma estação automática em parceria com SESC-Interlagos, na zona sul, que entrou em operação no dia 14 e foi oficialmente inaugurada no dia 23, em alusão às comemorações do Dia Meteorológico Mundial.[6][7]

Temperatura

editar
 
Crepúsculo em São Paulo em um fim de tarde de outono

A partir da normal climatológica de 1981-2010, do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), São Paulo pode ser considerada a terceira ou quarta capital mais fria do Brasil, dependendo da referência utilizada para a classificação. Tomando-se como referência a temperatura média anual, a cidade recebe o título de terceira mais fria (deixando a segunda posição, que antes ocupava, para Porto Alegre). Tomando-se como referência a temperatura média do mês mais frio, a cidade recebe o título de quarta mais fria (deixando a terceira posição, que antes ocupava, para Florianópolis).

Por ser cortada pelo trópico de capricórnio, que marca o limite entre as zonas tropical e temperada do hemisfério sul, a capital paulista recebe a influência de sistemas meteorológicos de ambas zonas climáticas (por isso a denominação subtropical); o que favorece dias com tempo bastante variável na cidade (em especial no outono e inverno). Devido à proximidade do oceano, a maritimidade é uma constante no clima local, sendo responsável por evitar extremos de calor e frio. Durante o inverno, são comuns dias frios, por conta da passagem de massas de ar polar, intercalados por dias de grande amplitude térmica ou quentes, causados pelo avanço da massa de ar seco que instala-se sobre o interior do Brasil nessa época do ano. Durante o verão, a altitude associada às chuvas típicas da época contribuem para a não elevação em demasia das temperaturas, tanto mínimas quanto máximas. Outono e primavera são estações de transição.

 
Mirante de Santana no Jardim São Paulo, Zona Norte

As geadas, que eram comuns até o fim da década de 1970, atualmente ocorrem de forma esporádica e em regiões mais afastadas do centro da cidade; podendo, em invernos rigorosos, ocorrer em boa parte do município.[8] Em alguns anos, a massa de ar seco torna-se mais intensa que o normal, ocasionando fortes ondas de calor durante o final do inverno e/ou início da primavera. Em contrapartida, em alguns anos, massas de ar polar mais intensas que o normal causam fortes ondas de frio – como em 24 de julho de 2013, quando a máxima sequer ultrapassou os 8,5 °C.

Um estudo realizado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, com o apoio do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), indica que, por conta das ilhas de calor (formadas devido à intensa urbanização), a diferença de temperatura entre o centro da cidade e áreas mais afastadas dele pode chegar a até 10 °C.[9] Por isso, o governo do estado e a prefeitura iniciaram um projeto, com o intuito de plantar árvores na cidade, a fim de aumentar suas áreas verdes e diminuir os efeitos das ilhas de calor.[10][11]

Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), desde 1945, a menor temperatura já registrada em São Paulo foi de −2,1 °C em 2 de agosto de 1955[12] (embora tenham sido registrados −3,2 °C em 25 de junho de 1918 pelo Observatório de São Paulo, que funcionou entre 1916 e 1930);[13] a maior temperatura já registrada atingiu a marca de 37,8 °C em 17 de outubro de 2014.[14] Esse recorde quase foi ultrapassado nos dias 13 e 14 de novembro de 2023, quando foi registrada a segunda maior temperatura, de 37,7 °C,[14] durante uma onda de calor intensa.[15]

Dados climatológicos para São Paulo (Mirante de Santana)[nota 1][nota 2]
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Temperatura máxima recorde (°C) 37 36,4 34,7 33,4 32,8 28,8 30,2 33 37,1 37,8 37,7 34,8 37,8
Temperatura máxima média (°C) 28,6 29 28 26,6 23,4 22,9 22,9 24,5 25,2 26,5 26,9 28,3 26,1
Temperatura média compensada (°C) 23,1 23,5 22,5 21,2 18,4 17,5 17,2 18,1 19,1 20,5 21,2 22,6 20,4
Temperatura mínima média (°C) 19,4 19,6 18,9 17,5 14,7 13,5 12,8 13,3 14,9 16,5 17,3 18,7 16,4
Temperatura mínima recorde (°C) 10,2 11,1 11 6 3,7 1 0,4 −2,1 2,2 4,3 7 9,4 −2,1
Precipitação (mm) 292,1 257,7 229,1 87 66,3 59,7 48,4 32,3 83,3 127,2 143,9 231,3 1 658,3
Dias com precipitação (≥ 1 mm) 17 14 13 6 6 5 4 4 7 10 11 13 110
Umidade relativa compensada (%) 76,9 75 76,6 74,6 75 73,5 70,8 68,2 71,3 73,7 73,7 73,9 73,6
Insolação (h) 139,1 153,5 161,6 169,3 167,6 160 169 173,1 144,5 157,9 151,8 145,1 1 893,5
Fonte: INMET (normal climatológica de 1991-2020; horas de sol: normal de 1981-2010;[16] recordes de temperatura: 1945-presente)[12][14][17][18]

Precipitação

editar
Maiores acumulados de precipitação em 24 horas registrados em
São Paulo/Mirante de Santana por meses (INMET, 1945-presente)[nota 3][14]
Mês Acumulado Data Mês Acumulado Data
Janeiro 127,4 mm 12/01/1949 Julho 123,6 mm 05/07/2019
Fevereiro 123 mm 10/02/2020 Agosto 53,2 mm 24/08/1953
Março 106,2 mm 11/03/1994 Setembro 78,1 mm 09/09/2009
Abril 82,1 mm 07/04/2017 Outubro 86,6 mm 10/10/2023
Maio 140,4 mm 25/05/2005 Novembro 103,2 mm 27/11/1950
Junho 89,6 mm 27/06/2020 Dezembro 151,8 mm 21/12/1988

A cidade é conhecida como "terra da garoa", por ser comum o registro de chuvisco (garoa) associado à maritimidade. No entanto a densa urbanização fez com que a entrada dessa umidade marítima fosse dificultada e a ocorrência desse fenômeno tem sido cada vez mais escassa. Em vez disso, foram intensificados os registros de eventos extremos a partir da década de 1940 e em especial após os anos 1990, com tempestades mais severas intercaladas por períodos maiores sem precipitação.[20] Tempestades de granizo são mais comuns durante o verão, quando ocorrem grandes quedas em pouco tempo.[21] A precipitação anual média no Mirante de Santana é de 1 658 milímetros (mm), concentrados principalmente no verão.

O maior acumulado de precipitação registrado no Mirante de Santana em 24 horas desde o início das medições foi de 151,8 mm, no dia 21 de dezembro de 1988. Outros grandes acumulados no mesmo período foram 140,4 mm em 25 de maio de 2005, 127,4 mm em 12 de janeiro de 1949, 123,6 mm em 5 de julho de 2019, 123 mm em 10 de fevereiro de 2020, 121,8 mm em 2 de fevereiro de 1983, 114,3 mm em 15 de dezembro de 2012, 109,5 mm em 28 de fevereiro de 2011, 106,4 mm em 16 de janeiro de 1991, 106,2 mm em 11 de março de 1994, 103,5 mm em 19 de janeiro de 1977, 103,3 mm em 8 de fevereiro de 2007, 102,7 mm em 17 de fevereiro de 1988, 102 mm em 21 de fevereiro de 2016 e 101,6 mm em 24 de dezembro de 2019.[14][22][23] O mês de maior precipitação foi março de 2006, com 607,9 mm registrados.[14]

 
Estação meteorológica do Mirante de Santana, onde são realizadas as principais observações meteorológicas da cidade; ao fundo o bairro de Santana e parte da Zona Central de São Paulo

Ver também

editar

Notas

  1. Os recordes de temperatura mostrados nesta tabela são os medidos pela estação convencional, que depende de um observador para operar e tem uma série histórica mais longa, iniciada em novembro de 1945. A exceção é o mês de setembro, cujo recorde de 37,1 °C, ocorrido em 30 de setembro de 2020, foi medido pela estação automática (OMM: 86910) localizada ao lado. Este valor é superior aos 35,9 °C de máxima em 12 de setembro de 2019 (maior temperatura para o mês registrada pela medição convencional) e ocorreu durante o período em que, devido à pandemia de COVID-19, a estação convencional teve sua operação suspensa, de março de 2020 a julho de 2021, exceto de março a maio de 2021, quando operou de forma parcial, sem leitura aos sábados e domingos, por motivo de falta de pessoal.
  2. A estação automática, instalada somente em 2006, registrou máxima de 38,4 °C em 17 de outubro de 2014, no entanto, o INMET não leva em conta este número na série histórica. Sendo assim, o recorde de maior temperatura da série histórica do Mirante de Santana é o registrado pela estação convencional, de 37,8 °C no mesmo dia.
  3. Como nos recordes de temperatura, os recordes de precipitação são os medidos pela estação convencional. A estação automática, durante o período de paralisação da estação convencional, registrou 89,6 mm no dia 27 de junho de 2020,[19] sendo este o único recorde medido por esta estação mostrado na tabela, por ser superior aos 74 mm registrados pela estação convencional em 15 de junho de 1987.

Referências

  1. «Climatologia de São Paulo». Climatempo. Consultado em 30 de janeiro de 2021 
  2. «Clima, condições meteorológicas e temperatura média por mês de São Paulo (Brasil) - Weather Spark». pt.weatherspark.com. Consultado em 27 de março de 2022 
  3. «Ilha de Calor». Toda Matéria. Consultado em 26 de novembro de 2020 
  4. SALDAÑA, Paulo (12 de agosto de 2011). «A vida na estação meteorológica». Consultado em 24 de julho de 2020 
  5. ZN na Linha (fevereiro de 2008). «Mirante de Santana: O tempo oficial da cidade». Consultado em 14 de julho de 2009. Arquivado do original em 24 de março de 2014 
  6. Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) (31 de julho de 2019). «SÃO PAULO CAPITAL, BALANÇO DE JULHO DE 2019» (PDF). Consultado em 24 de julho de 2020 
  7. INMET (2018). «INMET CELEBRA O DIA METEOROLÓGICO MUNDIAL COM TEMA: "PRONTOS PARA O TEMPO, PREPARADOS PARA O CLIMA"» (PDF). Consultado em 24 de julho de 2020 
  8. «São Paulo tem inverno marcado por retorno das geadas, mortes de moradores de rua, queimadas, fuligem e recordes de calor no ano». G1. Consultado em 10 de fevereiro de 2023 
  9. Tatiana Loureiro. «Ilhas de calor em São Paulo: Pontos quentes da cidade». Superinteressante. Consultado em 11 de novembro de 2010 
  10. Eli Serenza (15 de agosto de 2011). «Especialistas vêem reflorestamento como atividade econômica e meio para reduzir desmatamentos». Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Consultado em 10 de setembro de 2011 
  11. «Subprefeituras que mais plantaram árvores em 2008 são premiadas». Prefeitura Municipal de São Paulo (SP). 19 de março de 2009. Consultado em 10 de setembro de 2011. Arquivado do original em 26 de janeiro de 2012 
  12. a b INMET (1979). «Normais Climatológicas do Brasil (1931-1960)» 2 ed. Rio de Janeiro. Consultado em 21 de julho de 2020 
  13. Eduardo Geraque (19 de junho de 2016). «SP teve 'neve de mentira' em manhã fria de 1918; caso virou folclore local». Folha de S.Paulo. Consultado em 1 de janeiro de 2019. Cópia arquivada em 1 de janeiro de 2019 
  14. a b c d e f INMET. «Banco de dados meteorológicos». Consultado em 12 de outubro de 2020 
  15. Estadão (14 de novembro de 2023). «Pelo terceiro dia consecutivo, SP tem temperatura recorde do ano». Exame. Consultado em 31 de março de 2024. Cópia arquivada em 19 de novembro de 2023 
  16. INMET. «Normais climatológicas do Brasil». Consultado em 23 de março de 2022 
  17. INMET (5 de outubro de 2020). «Capital paulista registra maior temperatura do ano e 2ª maior da série histórica de 77 anos» (PDF). Consultado em 12 de outubro de 2020. Cópia arquivada (PDF) em 18 de junho de 2022 
  18. NONATO, Viviane Samara Barbosa (8 de outubro de 2020). «São Paulo capital registra a 3ª maior temperatura em 77 anos». INMET. Consultado em 12 de outubro de 2020. Cópia arquivada em 13 de outubro de 2020 
  19. INMET (1 de julho de 2020). «SÃO PAULO CAPITAL, BALANÇO DE JUNHO DE 2020» (PDF). Consultado em 20 de julho de 2020. Cópia arquivada (PDF) em 3 de julho de 2020 
  20. Herton Escobar (28 de fevereiro de 2020). «Dados comprovam aumento de eventos climáticos extremos em São Paulo». Jornal da USP. Consultado em 23 de julho de 2020. Cópia arquivada em 30 de julho de 2020 
  21. Terra (17 de setembro de 2008). «Queda de Granizo na Grande São Paulo». Consultado em 9 de janeiro de 2012. Cópia arquivada em 24 de junho de 2012 
  22. PEGORIM, Josélia (25 de janeiro de 2014). «S. Paulo teve a maior chuva em 24h desde março de 2013». Climatempo. Consultado em 26 de abril de 2014. Cópia arquivada em 27 de abril de 2014 
  23. «São Paulo registra recorde de chuva em 24 horas para o mês de julho». Agência Brasil. 5 de julho de 2019. Consultado em 5 de julho de 2019