Cneu Cornélio Cipião Asina
Cneu Cornélio Cipião Asina (em latim: Cneus Cornelius Scipio Asina) foi um político da família dos Cipiões da gente Cornélia da República Romana, eleito cônsul por duas vezes, em 260 e 254 a.C., com Caio Duílio e Aulo Atílio Calatino respectivamente. Era filho de Lúcio Cornélio Cipião Barbato, cônsul em 298 a.C., e irmão de Lúcio Cornélio Cipião, cônsul em 259 a.C.. Públio Cornélio Cipião Asina, cônsul em 221 a.C., era seu filho.
Cneu Cornélio Cipião Asina | |
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Cônsul da República Romana | |
Consulado | 260 a.C. 254 a.C. |
Primeiro consulado (260 a.C.)
editarCipião Asina foi eleito cônsul com Caio Duílio em 260 a.C., o quinto ano da Primeira Guerra Púnica, e teve honra de ser o primeiro comandante de uma frota romana lançada no Mar Mediterrâneo. Enquanto patrulhava as águas do Estreito de Messina, que separa a Sicília da península Itálica, com seus primeiros navios, soube que Lípara, nas ilhas Líparas, estava prestes a desertar para o lado romano. Ansioso para assegurar este importante porto marítimo e receber a glória pela conquista, Cipião Asina correu para as ilhas sem considerar a segurança de sua própria frota. Não se sabe ao certo se os cartagineses planejaram a situação toda, como propõe Floro,[1] mas a frota romana foi aprisionada no porto da cidade por Aníbal Giscão, o general que escapou do cerco de Agrigento dois anos antes. Sem experiência em batalhas navais, as tripulações romanas entraram em pânico e fugiram para terra firme, deixando os navios abandonados com seu capitão, que acabou aprisionado. Embora não tenha havido quase nenhuma luta, o encontro é conhecido como Batalha das ilhas Líparas.
Esta trapalhada valeu-lhe o pejorativo cognome "Asina" (literalmente, "jumenta" em latim), patrocinado por seus adversários políticos. Segundo Macróbio,[2] a origem foi o o casamento de uma de suas filhas, que teria chegado ao Fórum Romano montada num jumento carregado de ouro.
Segundo consulado (254 a.C.)
editarLibertado provavelmente quando Marco Atílio Régulo desembarcou na África, nem a humilhação da derrota e nem o fato de ter sido o primeiro almirante romano derrotado em combate acabaram com sua carreira. Em 254 a.C., o décimo-primeiro ano da Primeira Guerra Púnica, Cipião Asina foi novamente eleito, desta vez com Aulo Atílio Calatino. Os cônsules dedicaram-se à reconstrução da frota, com 220 novas naves, depois que a frota anterior se perdeu numa tormenta. Com uma nova frota, os dois percorreram a costa norte da Sicília e capturaram a cidade de Cefalù (Kephalodon) com a ajuda de um traidor. Enquanto tentavam cercar Drépano, foram forçados a recuar para Messina devido à chegada de reforços cartagineses. Em seguida, os cônsules atacaram o porto de Panormo (moderna Palermo, a atual capital da Sicília) e forçaram a rendição da cidade.[3] Os romanos permitiram que os que pudessem pagar 2 minas de ouro por cabeça (o equivalente a 200 dracmas) comprassem sua segurança e saquearam a residência dos que não podiam.[4]
Contudo, apenas Asina celebrou o triunfo por esta importante vitória.[4][5][6]
Legado
editarPelo fato de ter enfrentado na vida sucessos e derrotas, começando com um consulado, um longo período de aprisionamento, um novo consulado e finalmente um triunfo, Asina foi citado por Valério Máximo em suas histórias sobre como a vida pode sofrer grandes mudanças.[7]
Árvore genealógica
editarVer também
editarCônsul da República Romana | ||
Precedido por: Lúcio Valério Flaco |
Caio Duílio 260 a.C. |
Sucedido por: Lúcio Cornélio Cipião |
Precedido por: Marco Emílio Paulo |
Aulo Atílio Calatino II 254 a.C. com Cneu Cornélio Cipião Asina II |
Sucedido por: Cneu Servílio Cepião |
Referências
- ↑ Floro, História Romana, II, 2.
- ↑ Macróbio, Saturnales, I, 6.
- ↑ Políbio, Histórias, I, 38.
- ↑ a b Smith, 560
- ↑ Diodoro Sículo, XXXIII, 18, 5
- ↑ Fastos Triunfais.
- ↑ Valério Máximo, Nove Livros de Feitos e Dizeres Memoráveis, VI, 9.11.
Bibliografia
editar- Broughton, T. Robert S. (1951). «XV». The Magistrates of the Roman Republic. Volume I, 509 B.C. - 100 B.C. (em inglês). I. Nova Iorque: The American Philological Association. 578 páginas