Diapriidae trata-se de uma família relativamente grande de pequenas vespas parasitoides, pertencente à superfamília Proctotrupoidea, da ordem de insetos Hymenoptera.[1] São vespas pequenas e escuras que normalmente medem entre 2–4 mm, mas nunca menores do que 1mm ou maiores do que 8 mm. São mais frequentemente avistadas em pequenos habitats úmidos e sombreados, sendo que algumas espécies podem ser bastante abundantes. Atacam os estágios imaturos de uma grande diversidade de outros insetos, principalmente de moscas (Diptera). [2]

A diversidade morfológica em Diapriidae é enorme, havendo inúmeros casos de espécimes sem asas (ápteros), mais frequentemente em fêmeas, mas ocasionalmente nos dois sexos. Quase todas as espécies apresentam algum grau de dimorfismo sexual, logo alguns indivíduos de sexo diferente podem ter sido descritos como outra espécie. As asas caracterizam-se por uma venação bastante reduzida e sem o estigma, principalmente nas subfamílias Ambositrinae e Diapriinae. A superfície do corpo é sempre lisa e lustrada, as antenas robustas, com escapo engrossado, partindo geralmente de uma projeção transversa bem distanciada do clípeo. Metassoma peciolado com o segundo tergito engrossado; ovipositor recolhido para dentro do gáster.

São vespas que ocorrem pelo mundo todo, atualmente conhecidas mais de 2.300 espécies, sendo que especialistas estimam que o número real de espécies existentes ao redor do mundo pode ser o dobro. A maioria destas espécies não descritas são de fora da Europa. Estão distribuídas dentre cerca de 200 gêneros que se encontram distribuídos dentre quatro subfamílias: Ambositrinae, Belytinae, Diapriinae e Ismarinae. Para Ambositrinae (que inclui cerca de 20 espécies de distribuição Gondwanica) existem informações sobre a biologia de uma única espécie; acredita-se que os hospedeiros sejam moscas (Diptera) das famílias Mycetophilidae e Sciaridae. Para Belytinae, também existem as mesmas suspeitas, dado que são observadas ovipositando sobre cogumelos. Sobre Ismarinae, sabe-se quase nada, mas seus hospedeiro são larvas de Dryinidae atacando cigarrinhas (Cicadellidae). Já Diapriinae são conhecidos de atacarem muitos insetos, principalmente moscas Muscidae, Tabanidae, Calliphoridae, Anthomyidae, Tachinidae, Sarcophagidae, Stratiomyidae, Syrphidae, Chloropidae e Tephritidae; também atacam besouros Coleoptera das famílias Staphylinidae e Psephenidae, e mesmo larvas de formigas (Formicidae), ou mesmo de outras vespas (Braconidae e Eulophidae).

A Região Neotropical alberga uns 80 gêneros. As subfamílias Betylinae[3] e Ambosirinae são mais abundantes e diversa nos bosques de regiões temperadas e frias, como o sul do Chile e Argentina; no entanto, há poucas espécies de Betylinae registradas no neotrópico até o momento. A subfamília Diapriinae [4]contém espécies muito ecologicamente especializadas, de forma que podem ocorrem em ambientes extremos como nos litorais e ilhas perto da zona antártica[5], ou mesmo dentro de colônias ferozes de formigas de correição (Formicidae, Ecitoninae) ou de cupins (Dyctioptera, Termitidae). No Brasil, encontram-se registrados cerca de 30 gêneros de Diapriidae[6].

Sobre sua importância econômica, muitas espécies são consideradas como bons potenciais agentes de controle biológico[7][8], mas as aplicações até o momento não tiveram muito êxito. São idealizadas atuando contra moscas-pragas, principalmente que atacam frutos e flores ornamentais.

Referências

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  1. Lak, Malvina; Nel, André (março de 2009). «An enigmatic diapriid wasp (Insecta, Hymenoptera) from French Cretaceous amber». Geodiversitas (1): 137–144. ISSN 1280-9659. doi:10.5252/g2009n1a12. Consultado em 23 de janeiro de 2025 
  2. Carlos Henrique Marchiori (30 de abril de 2022). «Description of the Diapriidae Family (Insecta: Hymenoptera)». International Journal of Frontiers in Science and Technology Research (2): 001–018. ISSN 2783-0446. doi:10.53294/ijfstr.2022.2.2.0030. Consultado em 23 de janeiro de 2025 
  3. Quadros, Alex Leite; Brandão, Carlos Roberto F. (16 de março de 2017). «Genera of Belytinae (Hymenoptera: Diapriidae) recorded in the Atlantic Dense Ombrophilous Forest from Paraíba to Santa Catarina, Brazil». Papéis Avulsos de Zoologia (6): 57–91. ISSN 1807-0205. doi:10.11606/0031-1049.2017.57.06. Consultado em 23 de janeiro de 2025 
  4. Masner, Lubomir (janeiro de 1969). «Two New Genera of Diapriinae (Diapriidae, Hymenoptera) With Transantarctic Relationships». Psyche: A Journal of Entomology (3): 311–325. ISSN 0033-2615. doi:10.1155/1969/43204. Consultado em 23 de janeiro de 2025 
  5. Loiácono, Marta S.; Margaría, Cecilia B.; Aquino, Daniel A. (2013). «Diapriinae Wasps (Hymenoptera: Diaprioidea: Diapriidae) Associated with Ants (Hymenoptera: Formicidae) in Argentina». Psyche: A Journal of Entomology: 1–11. ISSN 0033-2615. doi:10.1155/2013/320590. Consultado em 23 de janeiro de 2025 
  6. Quadros, Alex Leite. «Diversidade dos Belytinae (Hymenoptera: Diaprioidea: Diapriidae) ao longo de um gradiente latitudinal de Mata Atlântica Ombrófila Densa». Consultado em 23 de janeiro de 2025 
  7. Vieira, Júlia Gabriela Aleixo; Krüger, Alexandra Peter; Scheuneumann, Tiago; Morais, Maíra Chagas; Speriogin, Hugo Julio; Garcia, Flávio Roberto Mello; Nava, Dori Edson; Bernardi, Daniel (22 de outubro de 2019). «Some Aspects of the Biology of Trichopria anastrephae (Hymenoptera: Diapriidae), a Resident Parasitoid Attacking Drosophila suzukii (Diptera: Drosophilidae) in Brazil». Journal of Economic Entomology. ISSN 0022-0493. doi:10.1093/jee/toz270. Consultado em 23 de janeiro de 2025 
  8. Marchiori, C.H.; Penteado-Dias, A.M. (janeiro de 2001). «TRICHOPRIA ANASTRAPHAE (HYMENOPTERA: DIAPRIIDAE) PARASITÓIDE DE DIPTERA, COLETADAS EM ÁREA DE MATA NATIVA E PASTAGEM EM ITUMBIARA, GOIÁS, BRASIL». Arquivos do Instituto Biológico (1): 123–124. ISSN 1808-1657. doi:10.1590/1808-1657v68n1p1232001. Consultado em 23 de janeiro de 2025