Desta divergência fundamental com os fundadores do PRP/BR na cadeia, resulta a cisão e posterior expulsão destes e de alguns dos seus apoiantes. e posterior transferência de operacionais, militantes e sedes para o [[Projecto Global (FP-25 de Abril)|Projecto Global]], a super estrutura no qual incluía as [[Forças Populares 25 de Abril|FP-25]] (organização armada) e a FUP (organização política) e o próprio [[Otelo Saraiva de Carvalho]]<ref name=":02">{{citar livro|url=https://books.google.pt/books/about/Viver_e_morrer_em_nome_das_FP_25.html?id=HbUgtwAACAAJ&redir_esc=y|título=Viver e Morrer em nome das FP-25|ultimo=Vilela|primeiro=António José|editora=Casa das Letras|ano=2005|local=Cruz Quebrada|páginas=336-339|capitulo=Réus do processo 396/91 (crimes de sangue)|isbn=972-46-1594-4}}</ref><ref name=":142">{{Citar livro|url=http://worldcat.org/oclc/1245348114|título=Presos por um fio : Portugal e as FP-25 de Abril|ultimo=Poças|primeiro=Nuno Gonçalo|editora=Casa das Letras|ano=2021|local=Lisboa|páginas=44-52|capitulo=As organizações precedentes|isbn=978-989-66-1033-3}}</ref><ref name=":0" /> algo que o próprio sempre negou.<ref name=":2" />
Deste vazio surge um maior protagonismo de Pedro Goulart<ref name=":0" /> que defende o elevar e radicalizar o patamar da violência armada, promovendo maior violência contra pessoas,,<ref name=":9" /><ref>{{citar livro|url=https://www.google.pt/books/edition/_/TS4tEAAAQBAJ?hl=pt-PT&gbpv=1&pg=PT96&dq=Traduziu-se,+na+pr%C3%A1tica,+no+princ%C3%ADpio+do+fim+do+PRP/BR.+Nos+meses+seguintes+assistiu-se+a+um+extremar+de+posi%C3%A7%C3%B5es+entre+as+duas+fa%C3%A7%C3%B5es,+ficando+clara+a+divis%C3%A3o+entre+os+elementos+diretivos+do+partido.+Pedro+Goulart+e+todos+aqueles+que+defendiam+o+empenhamento+de+Otelo+Saraiva+de+Carvalho+na+luta+pol%C3%ADtica+e+na+utiliza%C3%A7%C3%A3o+de+viol%C3%AAncia+como+forma+de+luta+come%C3%A7aram+a+controlar+a+OUT.+No|título=DINFO - A Queda do Último Serviço Secreto Militar|ultimo=Cavaleiro Ângelo|primeiro=Fernando|data=maio de 2021|editora=Casa das Letras|isbn=9789896608163|citacao=Depois de mais reuniões, discussões e planeamento diverso, em abril de 1978 foi fundada a OUT, no decurso do congresso do PRP/BR (...) Logo desde a sua criação surgiram divergências entre militantes que não queriam perder a sua ligação ao PRP e outros que preferiam esquecer o PRP e olhar unicamente para a OUT. A cisão iniciada em 1976, com Isabel do Carmo de um lado e Pedro Goulart do outro, condenava também a OUT a uma luta interna. (...) .. As duas grandes operações da Polícia Judiciária, que contaram com o apoio da DINFO, uma a 20 de junho e outra a 20 de julho de 1978, resultaram na prisão dos principais dirigentes do PRP/BR e de algumas dezenas de militantes, envolvidos em atentados terroristas e assaltos a bancos. Traduziu-se, na prática, no princípio do fim do PRP/BR. Nos meses seguintes assistiu-se a um extremar de posições entre as duas fações, ficando clara a divisão entre os elementos diretivos do partido. Pedro Goulart e todos aqueles que defendiam o empenhamento de Otelo Saraiva de Carvalho na luta política e na utilização de violência como forma de luta começaram a controlar a OUT.}}</ref><ref>{{citar livro|url=https://www.google.pt/books/edition/Presos_Por_Um_Fio/JoIrEAAAQBAJ?hl=pt-PT&gbpv=1&dq=As+FP-25+ocuparam+esse+espa%C3%A7o+ideol%C3%B3gico+e+estrat%C3%A9gico+que+existia+no+seio+da+milit%C3%A2ncia+revolucion%C3%A1ria:+a+nova+organiza%C3%A7%C3%A3o+considerava+que+a+melhor+forma+de+prosseguir+os+seus+objectivos+de+tomada+do+poder+e+de+combater+o+imperialismo+e+o+capitalismo+passava,+necessariamente,+por+ataques+directos+ao+capital,+fosse+sob+a+forma+de+danos+provocados+ao+patrim%C3%B3nio+privado+ou+de+baleamentos+directos+sobre+os+capitalistas,+e+acabou+por+se+inspirar+nos+m%C3%A9todos+da+ETA+para+se+organizar+e+planear+a+sua+ac%C3%A7%C3%A3o.+A+pris%C3%A3o+de+Isabel+do+Carmo+e+Carlos+Antunes+revelou-se+decisiva+para+que+as+correntes+(ainda)+mais+radicais+do+PRP/BR+ganhassem+espa%C3%A7o+de+actua%C3%A7%C3%A3o.+Havia,+com+efeito,+em+muitos+sectores+da+milit%C3%A2ncia+do+PRP+o+desejo+de+avan%C3%A7ar+para+um+novo+patamar+do+exerc%C3%ADcio+da+viol%C3%AAncia.+Isabel+do+Carmo+e+Carlos+Antunes+n%C3%A3o+pretendiam+dar+esse+salto+qualitativo,+e+ao+serem+presos+a+organiza%C3%A7%C3%A3o+perdeu+o+norte.+%C3%89+por+isso+que+nenhum+dos+dois+assume+qualquer+complac%C3%AAncia+para+com+os+actos+mais+violentos+das+BR+-+como+o+assassinato+de+Jos%C3%A9+Pl%C3%A1cido&pg=PT33&printsec=frontcover|título=Presos Por Um Fio|ultimo=Gonçalo Poças|primeiro=Nuno|data=abril de 2021|editora=Casa das Letras|isbn=9789896610333|citacao=E Isabel do Carmo apontava o dedo ao «bando dos quatro», um grupo do qual faria parte Pedro Goulart, que teria sido responsável pela crise interna no PRP que levou à expulsão de históricos, como a própria Isabel do Carmo e Carlos Antunes. Estes já eram passado. Era necessário avançar para um novo patamar de violência e Carmo e Antunes já não serviam esse propósito. Era em Otelo, na OUT e depois na FUP que estava o caminho aberto para o degrau seguinte da luta armada}}</ref><ref name=":8">{{Citar periódico |url=https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/26182 |título=O terrorismo e a expressão terrorista em português |data=2012 |acessodata=2023-10-29 |ultimo=Barata |primeiro=Tiago Miguel Ramalho |pagina=2 |paginas=2 |citacao=A 20 de Abril de 1980 o grupo revela-se à sociedade com a publicação do “Manifesto ao Povo Trabalhador” acompanhado de uma aparatosa operação de rebentamento de petardos por todo o país. Neste manifesto os líderes (...) expuseram a sociedade tal como a percepcionavam, apontando a necessidade de mudança, através da revolução armada como a única solução. Entre os nomes destacam-se Otelo Saraiva de Carvalho, Mota Liz e Pedro Goulart).}}</ref><ref>{{citar livro|url=https://opj.ces.uc.pt/wp-content/uploads/pdf/06.pdf|título=Relatório do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa - Volume II -Porquê tão lentos? - Três casos especiais de morosidade na administração da justiça|ultimo=Santos|primeiro=Boaventura de Sousa|ultimo2=Gomes|primeiro2=Conceição|ultimo3=de Sousa|primeiro3=Fátima|ultimo4=Dias|primeiro4=João Paulo|ultimo5=Rolla|primeiro5=Maria Ana|ultimo6=Pereira|primeiro6=Rui|editora=Observatório Permanente da Justiça Portuguesa - Centro de Estudos Sociais - Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra|ano=1998|página=|páginas=42-43|citacao=2.1. A organização investigada 2.1.1. Origem e composição (...) 9 A caracterização aqui feita, de forma breve, é da organização objecto de investigação e de acusação, tal como emerge e resulta tratada neste processo. (...) A Organização Unitária dos Trabalhadores (OUT) foi criada em Congresso, especialmente dinamizado pelo Partido Revolucionário do Proletariado (PRP), em Abril de 1978. (...) no rescaldo do chamado "caso PRP" que levou à prisão vários elementos deste partido político, entre eles os "históricos" Isabel do Carmo e Carlos Antunes, e à cisão entre a direcção e a linha mais radical dirigida, entre outros, pelos arguidos: Pedro Goulart da Silva e José Ricardo. De entre as resoluções aprovadas no Congresso de criação da OUT constavam: (...) um programa de luta imediata. A violência armada e a criação de um exército popular eram indicados como os meios adequados à conquista do poder.}}</ref><ref>{{citar livro|url=https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/28396/1/Master_pedro_barreto_costa.pdf|título=“Caem os Muros, Caem as Vontades?” – A reconfiguração da esquerda revolucionária em Portugal: o caso do Partido Comunista Português (Reconstruído) (1974-1995)|ultimo=da Costa|primeiro=Pedro Manuel Barreto|editora=Departamento de História - ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa|ano=2022|páginas=45-46|citacao=Em abril de 1978, fundavam, na Marinha Grande, a Organização Unitária dos Trabalhadores (OUT), uma organização revolucionária, adepta de um socialismo de base e que admitia a via armada para alcançar o socialismo. A prisão, pouco depois, de dois dos dirigentes históricos do PRP (Isabel do Carmo e Carlos Antunes) permitiu que outro histórico, Pedro Goulart, encaminhasse a maior parte das estruturas e armas deste partido para a OUT. E da OUT até às Forças Populares-25 de Abril seria um passo (Poças, 2021: 30-33, 44-53).}}</ref> através de baleamentos, assassinatos e raptos (estes últimos nunca concretizados).<ref name=":9" /><ref>{{Citar web|ultimo=Castelo-Branco|primeiro=Manuel|url=https://observador.pt/especiais/brigadas-revolucionarias-unir-organizar-armar-em-nome-da-revolucao-socialista/|titulo=Brigadas Revolucionárias: Unir, Organizar, Armar, em nome da Revolução Socialista|acessodata=2023-04-17|website=Observador|lingua=pt-PT|citacao=A 15 de Novembro de 1979, na Marinha Grande, nas vésperas do julgamento de Isabel do Carmo e Carlos Antunes, é assassinado à queima-roupa com três tiros na cabeça José Manuel Plácido, um dissidente da organização PRP/BR. José Plácido era um elemento importante, porque seria dos poucos a ter conhecimento da origem e do destino dos fundos. É a terceira vítima mortal da organização. Ao contrário das duas mortes anteriores — “danos colaterais” de um assalto a um banco e troca de tiros com a polícia —, esta foi uma morte premeditada e planeada. Carlos Antunes e Isabel do Carmo, que estavam detidos, negam ter tido conhecimento ou dado qualquer ordem para matar ou ferir, o que, a ser verdade, nos leva a concluir que Pedro Goulart tinha já tomado conta da organização. O PRP/BR passava agora para outro patamar da violência armada, do qual resultaria a criação das FP-25.}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=Pereirinha|primeiro=Sónia Simões, Tânia|url=https://observador.pt/especiais/as-bombas-as-balas-e-os-inimigos-a-abater/|titulo=FP-25 de Abril. As bombas, as balas e os "inimigos a abater"|acessodata=2024-08-31|website=Observador|lingua=pt-PT|citacao=Apesar de terem sido propostos logo no início da ação das FP-25 — numa ata de um plenário da estrutura operacional do Projeto Global, em maio de 1982, há várias referências a “engarrafamentos” e à necessidade de se tornarem “tarefa prioritária” —, os raptos de empresários e industriais nunca chegaram a concretizar-se.}}</ref> Pedro Goulart contestou sempre essa versão. A FUP a que irá pertencer defendia a "violência revolucionária de massas (...) - greves, manifestações, concentrações" em contraste à violência armada das FP-25.<ref>{{citar livro|título=Resistência|ultimo=Goulart|primeiro=Pedro|editora=Edições Dinossauro|ano=2001|local=Lisboa|isbn=9728165293|pagina=83}}</ref> Não se demarcou das futuras ações da FP-25 de Abril porque, segundo o próprio, não tinha de se demarcar porque argumentava que não era a sua organização e porque as FP-25 "lutavam contra gente que reprimia os trabalhadores".<ref name=":2" /> No entanto, MES, FSP, UDP, PCP(R) e independentes, fundadores da FUP abandonaram a plataforma por não concordarem com a não demarcação da FUP das ações das FP-25 de Abril, ficando a mesma apenas com elementos do PRP, OUT e FSP.<ref name=":10">{{Citar livro|url=https://www.google.pt/books/edition/Otelo_O_Revolucion%C3%A1rio/hOnZWc4ShW8C|título=Otelo O Revolucionário|ultimo=Moura|primeiro=Paulo|data=2012-04-03|editora=Leya|lingua=pt-BR|citacao=Um destes assaltos foi a um banco, no Cacém, e causou a morte de um militar da GNR. (...) Depois disto, entre os elementos da recém criada FUP espalhou-se um grande mal estar. (...) No momento em que tentavam angariar apoio popular para as eleições, aqueles actos de violência colocavam em causa a imagem do grupo todo. Houve logo quem quisesse emitir um comunicado repudiando os atentados, mas os elementos da OUT e do PRP opuseram-se. Os militantes das FP-25 eram camaradas seus, alegavam, pelo que não os podiam atraiçoar, por muito que considerassem erradas as suas acções pontuais.(...) Mas, pouco depois, realizou-se uma reunião de todos os líderes da frente comum, (...) Augusto Mateus, do MES, disse logo a Otelo: «Temos aqui um problema grave a considerar (....) Pois nós propomos um comunicado muito violento contra isso (...)» Houve reacções diferentes. Otelo declarou imediatamente:«Sim senhor, por mim, assino». Mas Pedro Goulart protestou. (...) O comunicado for aprovado (...) com votos a favor dos elementos do MES, FSP, UDP, PCP(R) e independentes, e contra dos representantes do PRP e da OUT. Seria a única tomada de posição contra os atentados violentos. Nunca mais a FUP se demarcaria das acções das FP-25 (....) Todas as outras forças abandonaram a organização. A FUP prosseguiu, mas constituída apenas por elementos oriundos do PRP e da OUT, além da FSP, de Manuel Serra.}}</ref>
Entre 1980 e 1987, as FP-25 foram diretamente responsáveis por 13 assassinatos, inclusive uma criança — às quais acrescem ainda as mortes de 5 dos seus operacionais e um dissidente/arrependido assassinado na véspera de ir depor a julgamento. Além disso foram responsáveis por dezenas de baleamentos, atentados com explosivos, assaltos a bancos, empresas e viaturas de transporte de valores.<ref>{{Citar web|ultimo=Castelo-Branco|primeiro=Manuel|url=https://observador.pt/especiais/a-lei-da-bala-os-25-anos-sobre-a-amnistia-as-forcas-populares-25-de-abril/|titulo=À lei da bala. Os 25 anos sobre a amnistia às Forças Populares-25 de Abril|acessodata=2022-05-29|website=Observador|lingua=pt-PT}}</ref> Nesta luta armada, existiam discordâncias sobre o uso de violência letal e, se empregue, o nível da mesma, contudo segundo relatos de membros das próprias FP-25 de Abril, esta era direccionada a alvos específicos, sem jamais recorrer à violência indiscriminada.<ref>{{citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/26964731 |título=From the Armed Struggle against the Dictatorship to the Socialist Revolution: The Narrative Restraints to Lethal Violence among Radical Left Organisations in Portugal |data=2020 |periódico=Perspectives on Terrorism |número=6 |ultimo=da Silva |primeiro=Raquel and Ana Sofia Ferreira |pagina=145-146 |volume=14 |quote=According to a former FP-25 militant, the organisation: […] appeared in the context of a major assault from the right, in order to articulate more radical ways of struggle and to show the workers that when certain forms of struggle are exhausted, (...) there are other ways of acting. (...) For another former militant, the FP-25 was the armed wing of the workers against the abuses of the employers (...) The use of lethal violence was fiercely debated within the FP-25 and not all militants agreed with it. Several former militants mention endless discussions and conflicts around what type of violence was acceptable. Some considered that people should not be killed, because such an action could harm the struggle and turn out to be ineffective (...) Others perceived killing a representative of the class they were fighting against to have the potential to set an example for the workers and encourage them in their struggle (...) The latter standpoint prevailed, as it was decided that discriminate lethal violence was possible (...) Indiscriminate lethal violence was seen as counterproductive, however. According to the accounts of former FP-25 militants, the decision to kill someone had to be justified by the actions of specific victims:}}</ref>
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