Eugénio Lisboa

ensaísta e crítico literário português

Eugénio Almeida Lisboa ComSEOIHComM (Lourenço Marques, 25 de maio de 1930Lisboa, 9 de abril de 2024) foi um ensaísta e crítico literário português, especialista em José Régio.

Eugénio Lisboa
Nascimento 25 de maio de 1930
Lourenço Marques, Portugal
Morte 9 de abril de 2024 (93 anos)
Lisboa, Portugal
Prémios Prémio Literário Município de Lisboa (1985)

Grande Prémio de Literatura Biográfica (2013) Prémio Tributo de Consagração Quinta das Lágrimas (2018)

Género literário Ensaio, crítica
Magnum opus Crónica dos Anos da Peste (1973)

Biografia

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Nasceu em Lourenço Marques (atual Maputo), Moçambique, em maio de 1930. Em 1947 foi para Lisboa estudar engenharia eletrotécnica no Instituto Superior Técnico. Obtida a licenciatura e cumprido o serviço militar, regressou a Moçambique em 1955.[1]

Em Lourenço Marques desenvolveu intensa atividade cultural, na imprensa, no Cineclube e no Rádio Clube. Com Rui Knopfli, amigo de longa data, codirigiu os suplementos literários de jornais desafetos do regime colonial, casos de A Tribuna e A Voz de Moçambique. Em paralelo, foi gestor de uma petrolífera e professor de Literatura.

Deixou Moçambique em março de 1976, ano em que foi para França ocupar o cargo de diretor-geral da Compagnie Française des Pétroles. O ramo petrolífero foi a sua principal atividade profissional durante vinte anos (1958-78), em acumulação com a docência universitária de Literatura Portuguesa, nas universidades de Lourenço Marques, Pretória (1974-75) e Estocolmo (1977-78).

A partir de maio de 1978 exerceu funções diplomáticas, ocupando durante dezassete anos consecutivos (1978-95) o cargo de conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Londres. Mais tarde, presidiu à Comissão Nacional da UNESCO (1996-98) e foi professor catedrático convidado da Universidade de Aveiro (1995-2000).[2]

Crítico e ensaísta, dedicou exigente atenção à obra de José Régio logo a partir do primeiro livro, José Régio. Antologia, Nota Bibliográfica e Estudo (1957). A generalidade dos ensaios que escreveu e publicou em Moçambique foram coligidos nos dois volumes de Crónica dos Anos da Peste (1973 e 1975; tomo único desde 1996). Fez teatro radiofónico no Rádio Clube de Moçambique, a partir de textos de Racine, Ibsen e Régio.[2]

Colaborou em numerosos jornais e revistas de Lourenço Marques e da Beira: A Tribuna, A Voz de Moçambique, Diário de Moçambique, Notícias (Lourenço Marques), Notícias da Beira, Objectiva, Tempo, Paralelo 20. Em Portugal, tem colaboração dispersa no Jornal de Letras, LER, A Capital, Diário Popular, O Tempo e o Modo, Colóquio-Letras, Nova Renascença, Oceanos e outros. [2] É autor de dezenas de introduções, prefácios, posfácios e recensões críticas. Foi colunista na revista LER. Dirigiu a publicação, na Imprensa Nacional, das obras completas de José Régio.

Devido à censura do Estado Novo, usou os pseudónimos literários Armando Vieira de Sá, John Land e Lapiro da Fonseca.[1]

Faleceu na manhã de 9 de abril de 2024 no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, aos 93 anos, vítima de doença oncológica.[3] Era pai do crítico de música João Lisboa.[3]

Prémios e distinções

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Foi membro da Academia das Ciências de Lisboa, na Classe de Letras, e Doutor Honoris Causa pela Universidade de Nottingham, do Reino Unido (1988) e pela Universidade de Aveiro (2002).[4][5]

Em março de 2018, recebeu o Prémio Tributo de Consagração, outorgado pela Fundação Quinta das Lágrimas, de Coimbra.[6]

Foi agraciado com os graus de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (2 de fevereiro de 1980), Comendador da Ordem do Mérito (27 de abril de 1993) e Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (29 de agosto de 2019), todos das ordens honoríficas portuguesas.[7]

A Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM), criou em 2016 o Prémio Imprensa Nacional Eugénio Lisboa, em sua homenagem com o objectivo de incentivar a criação literária moçambicana.[5]

Foi distinguido com vários prémios literários, nomeadamente:[8]

  • 1985 - Prémio Literário Município de Lisboa, por A matéria intensa

Bibliografia Activa

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Entre a sua obra encontram-se: ensaios, poesia e antologias:[9][10][1][11]

Ensaio e crítica

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  • 1957 - José Régio. Antologia, Nota Bibliográfica e Estudo
  • 1973 - Crónica dos Anos da Peste. Tomo I
  • 1975 - Crónica dos Anos da Peste. Tomo II
  • 1976 - José Régio. A Obra e o Homem
  • 1978 - José Régio. Uma Palavra Viva
  • 1978 - Versos e Alguma Prosa de Jorge de Sena
  • 1984 - O Segundo Modernismo em Portugal
  • 1984 - Jorge de Sena. A Obra e o Homem
  • 1984 - Estudos sobre Jorge de Sena (edição)
  • 1985 - O Particular, o Nacional e o Universal
  • 1986 - Poesia Portuguesa: do Orpheu ao Neo-realismo
  • 1987 - As Vinte e Cinco Notas do Texto
  • 1989 - José Régio. A Confissão Relutante
  • 1992 - José Régio. Uma Literatura Viva
  • 1996 - Crónica dos Anos da Peste (reedição abreviada em volume único)
  • 1999 - O Objecto Celebrado
  • 2000 - Portugaliae Monumenta FrivolaPrémio Jacinto do Prado Coelho da Associação Internacional de Críticos Literários
  • 2001 - O Essencial sobre José Régio
  • 2002 - No Eça nem com uma flor se toca: Eça visto por Régio
  • 2009 - Indícios de Oiro (em dois volumes)
  • 2010 - Ler Régio
  • 2016 - Correspondência com José Régio
  • 2018 - Aperto Libro
  • 2019 - Uma Conversa Silenciosa
  • 2020 - José Régio: A Obra e o Homem, Opera Omnia
  • 2021 - Vamos Ler! Um Cânone para o Leitor Relutante, Editora Guerra & Paz

Memórias e Diário

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  • 2012 - Acta Est Fabula 1930-1947 — Vol 1 — Grande Prémio de Literatura Biográfica da Associação Portuguesa de Escritores
  • 2016 - Acta Est Fabula 1947-1955 — Vol 2
  • 2013 - Acta Est Fabula 1955-1976 — Vol 3
  • 2014 - Acta Est Fabula 1976-1995 — Vol 4
  • 2015 - Acta Est Fabula 1995-2015 — Vol 5
  • 2017 - Acta Est Fabula 2015-2017 — Vol 6
  • 2017 - Diário de Viagens Fora da Minha Terra 1996-2013

Poesia

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  • 1985 - A Matéria Intensa — Prémio Cidade de Lisboa
  • 2001 - O Ilimitável Oceano
  • 2020 - Poemas em Tempo de Peste, Editora Guerra & Paz
  • 2022 - Poemas em Tempo de Guerra Suja, Editora Guerra & Paz
  • 2024 - Soneto - Modo de Usar, Editora Guerra & Paz

Organização de antologias no Reino Unido

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Referências

  1. a b c Ribeiro, Tânia Pinto (15 de julho de 2021). «Eugénio Lisboa». Imprensa Nacional. Consultado em 9 de abril de 2024 
  2. a b c «Biografia: Eugénio Lisboa». Direcção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB). Consultado em 9 de abril de 2024 
  3. a b «Morreu o ensaísta, poeta e crítico cultural Eugénio Lisboa». Público. 9 de abril de 2024 
  4. «Doutores honoris causa pela UA». Universidade de Aveiro. Consultado em 23 de agosto de 2014. Cópia arquivada em 28 de julho de 2014 
  5. a b «Prémio Imprensa Nacional/Eugénio Lisboa». Imprensa Nacional. Consultado em 9 de abril de 2024 
  6. Renascença (13 de março de 2018). «Rosa Oliveira vence Prémio Literário Fundação Inês de Castro 2017 - Renascença». Rádio Renascença. Consultado em 9 de abril de 2024 
  7. «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Eugénio Almeida Lisboa". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 9 de abril de 2024 
  8. «Prémios atribuídos a obras de Eugénio Lisboa». livro.dglab.gov.pt. Consultado em 9 de abril de 2024 
  9. «Eugénio Lisboa». Wook 
  10. «Obras de Eugénio Lisboa, presentes no catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal». Biblioteca Nacional de Portugal. Consultado em 9 de abril de 2024 
  11. «Bibliografia Activa de Eugénio Lisboa». Direcção Geral do Livro, dos Arquivos e Bibliotecas (DGLAB). Consultado em 9 de abril de 2024 

Ligações Externas

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