Flecha de Prata
O Flecha de Prata, igualmente conhecido como Expresso de Prata, foi um serviço ferroviário rápido da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que ligava as cidades de Lisboa e do Porto, em Portugal.
Flecha de Prata
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Descrição
editarConsistiu num comboio rápido, entre as cidades de Lisboa e o Porto, que fazia o percurso em pouco mais de quatro horas.[1] O material circulante rebocado era composto por carruagens de aço inoxidável, produzidas pela empresa americana Budd,[2] e que usavam bogies do tipo Pennsylvania.[3] Em termos de locomotivas, foram usadas as das séries 501 a 508[4] e Série 351 a 370.[5]
História
editarA viagem inaugural teve lugar no dia 8 de Agosto de 1940, durante o evento da Exposição do Mundo Português, tendo saído da Gare do Rossio, em Lisboa, e chegado à estação de São Bento, no Porto, 4 horas e 34 minutos depois, estabelecendo um novo marco no tempo de viagem entre as duas cidades por via ferroviária.[1] Pelo caminho, o comboio parou em Santarém, Coimbra-B e Albergaria.[1] O ponto de maior velocidade na viagem foi atingido na recta entre Pombal e Alfarelos, quando o comboio chegou aos 132 Km/h, uma das maiores velocidades atingidas até então em território nacional.[1] Era composto por um furgão, duas carruagens e dois vagões-restaurantes,[1] e rebocado pela locomotiva 503, da Série 501 a 508 à qual foram adicionados vários elementos aerodinamicos.[4] A viagem contou com a participação do Ministro das Obras Públicas, Duarte Pacheco, e de outros altos elementos do governo e da C. P., o comandante americano Lebreton, e o arquitecto Cottinelli Telmo[1]
Previa-se que o Flecha de Prata iria ser então a a principal imagem de marca dos caminhos de ferro portugueses.[4] Os serviços iniciaram-se ainda nesse ano, apesar das grandes restrições à circulação ferroviária, causadas pela escassez de carvão devido ao deflagrar da Segunda Guerra Mundial.[6] Com efeito, logo em 1941 as viagens foram suspensas.[7]
Num artigo publicado em 23 de Junho de 1949 no jornal Comercio de Portimão, foram criticadas várias medidas introduzidas pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, incluindo a introdução de antigas carruagens de terceira classe noutros comboios rápidos, embora elevadas à categoria de segunda classe. Porém, o jornal denunciou a forma como, apesar destas carruagens terem sido ligeiramente alteradas de forma a melhorar as condições de conforto, ainda assim não atingiam os padrões do antigo material concebido de origem para a segunda classe.[8]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d e f «As novas carruagens da CP: O «Expresso de Prata» ligou Lisboa ao Porto em pouco mais de quatro horas e regressa esta noite à exposição do Mundo Português». Diário de Lisboa. Ano 20 (6363). Lisboa. 8 de Agosto de 1940. p. 5. Consultado em 27 de Outubro de 2024 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares
- ↑ REIS et al, 2006:62
- ↑ MARTINS et al, 1996:103
- ↑ a b c SILVA, José Eduardo Neto da (2005). «As locomotivas "Pacific" da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses». Foguete. Ano 4 (13). Entroncamento: Associação de Amigos do Museu Nacional Ferroviário. p. 45. ISSN 124550 Verifique
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(ajuda) - ↑ REIS et al, 2006:100
- ↑ REIS et al, 2006:100
- ↑ MONTÊS, António (16 de Julho de 1941). «Viagens de turismo para portugueses» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 53 (1286). p. 387-388. Consultado em 29 de Outubro de 2024
- ↑ «Uma lamentável resolução da C. P.» (PDF). Comercio de Portimão. Ano 23 (1186). Portimão. 23 de Junho de 1949. p. 1. Consultado em 27 de Outubro de 2024 – via Hemeroteca Digital do Algarve
Bibliografia
editar- MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X