Forças Armadas de Cuba
As Forças Armadas Revolucionárias Cubanas (em espanhol: Fuerzas Armadas Revolucionarias — FAR) consiste de uma força militar terrestre, aérea e naval, além de milícias paramilitares territoriais (Milicias de Tropas Territoriales – MTT), Exército Juvenil do Trabalho (Ejército Juvenil del Trabajo – EJT) e as Brigadas de Produção e Defesa (Brigadas de Producción y Defensa – BPD), mais a organização de Defesa Civil (Defensa Civil de Cuba – DCC) e a Instituição de Reservas Nacionais (Instituto Nacional de las Reservas Estatales – INRE). Todos estes grupos estão subordinados ao Ministério das Forças Armadas Revolucionárias (Ministerio de las Fuerzas Armadas Revolucionarias – MINFAR).
Forças Armadas Revolucionárias Cubanas Fuerzas Armadas Revolucionarias | |
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País | Cuba |
Fundação | 1868 |
Forma atual | 1960 |
Ramos | Exército Força Aérea Marinha Forças Paramilitares |
Sede(s) | Havana |
Lideranças | |
Presidente de Cuba | Miguel Díaz-Canel (Comandante em chefe) |
Ministro da Defesa | General Álvaro López Miera |
Disponível para o serviço militar |
3,134,622 homens, idade , 3,022,063 mulheres, idade |
Pessoal ativo | ~ 50 000 militares (2019)[1] |
Pessoal na reserva | 40 000 reservistas 1 146 000 paramilitares[2] |
Despesas | |
Percentual do PIB | 2,9% (2018)[3] |
Indústria | |
Fornecedores estrangeiros | Rússia China Coreia do Norte União Soviética (antigamente) |
As forças armadas são há muito tempo a instituição mais poderosa de Cuba.[4] As FAR gerem muitas empresas em sectores económicos-chave que representam cerca de 4% da economia cubana.[5][6] Estas empresas são geridas pela holding Grupo de Administração Empresarial S.A. (GAESA), que se reporta ao Ministério das Forças Armadas Revolucionárias (MINFAR).[5] As FAR também serviram como base do ex-primeiro secretário do Partido Comunista Cubano, bem como do ex-presidente de Cuba, Raúl Castro. Em numerosos discursos, Raúl Castro enfatizou o papel das forças armadas como “parceiro do povo”.[7]
Generalidades
editarEntre 1966 e o fim da década de 1980, o governo da União Soviética apoiou irrestritamente o regime de Cuba, mantendo suas forças armadas atualizadas e bem equipadas com armamento soviético, projetando assim um dos exércitos mais poderosos da América Latina. A primeira missão militar de Cuba no exterior foi em Gana, na África, em 1961. Outra missão aconteceu na Argélia, em 1963, com uma brigada médica.[8] Outros países também viram presença de tropas cubanas desde a década de 60, como na Síria em 1973, Etiópia em 1978, e Nicarágua e El Salvador na década de 80. A maior intervenção foi em Angola, que durou de 1975 a 1991.
O governo soviético forneceu apoio militar e financeiro a Cuba por décadas. Após a invasão da Baía dos Porcos e a crise dos mísseis, o auxílio russo aumentou consideravelmente, chegando ao seu auge nos anos 80.
Vários expurgos, por razões políticas ou criminais, aconteceram em Cuba. Notavelmente, em 1989, o governo fez uma "limpa" nas forças armadas, prendendo vários oficiais como o general Arnaldo Ochoa (figura notória no desenrolar dos eventos da Revolução Cubana), o ministro do interior, coronel Antonio de la Guardia, e o general Patricio de la Guardia, sob acusações de corrupção e tráfico de drogas. Os generais Ochoa e Antonio acabaram sendo executados. Após estas mortes, o exército foi reduzido em tamanho, e o ministério do interior passou então para o controle do então comandante-general Raúl Castro (irmão de Fidel Castro).
O poderio militar cubano caiu consideravelmente após o fim da União Soviética. As forças terrestres caíram de mais de 130 000 para 79 000 soldados.[9] Segundo agências de inteligência dos Estados Unidos, nos anos 90, as forças armadas cubanas estavam desmoralizadas, seus equipamentos não tinham peças de reposição e estavam ficando obsoletos, mas ainda tinham boa capacidade defensiva.[10] O governo de Cuba começou a investir mais em defesa civil.
Em 2012, o país estreitou seus laços militares com a China.[11]
História
editarO Exército Cubano
editarO Exército Cubano na sua forma original foi estabelecido pela primeira vez em 1868 pelos revolucionários cubanos durante a Guerra dos Dez Anos. Em 1902, foi fundado o Exército Nacional de Cuba (em castelhano: Ejército Nacional de Cuba) que executaria a Revolta dos Sargentos em 1933, buscando melhores condições, e depondo o presidente Gerardo Machado sob a liderança do então Sargento Fulgencio Batista.[12] Em 1935, a força foi renomeada Exército Constitucional de Cuba (em castelhano: Ejército Constitucional de Cuba). Sob esta designação executou o golpe-de-estado de 10 de março de 1952, colocando uma junta militar liderada por Batista no governo.[13] O cuartelazo (quartelada) foi uma realização de habilidade organizacional consumada, com o eixo da conspiração passando pelas instalações militares da capital; as quais caíram nas mãos dos conspiradores sem resistência. Com o controlo das guarnições de Havana, as forças armadas rebeldes avançaram sobre a própria capital, alcançaram as vias levando às áreas suburbanas da cidade e, por fim, capturaram os comandos provinciais.[14]
Galeria
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Soldados cubanos.
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O navio Rio Damuji n° 390 da marinha.
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Um antigo caça MiG-21 de Cuba na década de 1980.
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Um caça MiG-29, modelo usado pela força aérea cubana. Não se sabe se eles estão em condição de voo.
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Vladimir Putin e Raúl Castro em inspeção a tropas cubanas.
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Dois militares cubanos em uma moto.
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Um Mil Mi-8 da força aérea cubana.
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Um caça MiG-27 cubano.
Referências
- ↑ International Institute for Strategic Studies: The Military Balance 2015, p. 392
- ↑ «2021 Cuba Military Strength»
- ↑ «Cuba - the World Factbook». 30 de março de 2022
- ↑ Latell, Brian (2003). «The Cuban military and transition dynamics» (PDF). Studies University of Miami. Institute for Cuban and Cuban-American (em inglês): 1-49. ISBN 0-9704916-9-7. Consultado em 21 de setembro de 2023. Arquivado do original (PDF) em 26 de março de 2009
- ↑ a b LeoGrande, William M. (28 de junho de 2017). «Does the Cuban Military Really Control Sixty Percent of the Economy?». HuffPost (em inglês). Consultado em 22 de setembro de 2023
- ↑ Suchlicki, Jaime (2007). «Challenges to a Post-Castro Cuba» (PDF). Harvard International Review (em inglês). Consultado em 21 de setembro de 2023. Arquivado do original (PDF) em 10 de junho de 2010
- ↑ Zilla, Claudia (25 de abril de 2007). «The Outlook for Cuba and What International Actors Should Avoid» (PDF) (em inglês): 1-5. Consultado em 21 de setembro de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 6 de junho de 2009
- ↑ John Williams, Cuba: Havana's Military Machine, The Atlantic, agosto de 1988
- ↑ International Institute for Strategic Studies Military Balance 2007, p.70
- ↑ Bryan Bender, 'DIA expresses cconcern over Cuban intelligence activity,' Jane's Defence Weekly, 13 de maio de 1998, p.7
- ↑ Cuba and China strengthen military cooperation – Armyrecognition.com, 16 de setembro de 2012
- ↑ Aguilar, Luis E. (1972). Cuba 1933: Prologue to Revolution (em inglês). Ithaca, Nova York: Cornell University Press. p. 159–160. ISBN 978-0801406607. OCLC 226154.
Já em 26 de agosto de 1933, a chamada "Junta de los Ocho", formada por sargentos insatisfeitos, começou a se reunir no clube de praças no quartel militar de Columbia. O resultado foi a formação da União Militar de Columbia. O programa desta junta visava organizar os escalões inferiores do exército, a fim de obter melhores condições e melhores oportunidades de promoção. Logo, percebendo a desorganização e fraqueza dos oficiais de alta patente, começaram a tramar uma insurreição geral.
- ↑ Perez, Louis A. , Jr (1976). «The Civilian Interregnum, 1940-1952». Army Politics in Cuba, 1898-1958 (em inglês). Pittsburgh, Pennsylvania: University of Pittsburgh Press. p. 126-127. ISBN 978-0822976066. OCLC 1945402
- ↑ Perez, Louis A. , Jr (1976). «The Restoration of Army Preeminence, 1952-1953». Army Politics in Cuba, 1898-1958 (em inglês). Pittsburgh, Pennsylvania: University of Pittsburgh Press. p. 128. ISBN 978-0822976066. OCLC 1945402
Bibliografia
editar- Perez, Louis A. , Jr (1976). Army Politics in Cuba, 1898-1958 (em inglês). Pittsburgh, Pennsylvania: University of Pittsburgh Press. 258 páginas. ISBN 978-0822976066. OCLC 1945402
Ligações externas
editar- «O legado de Raúl Castro» no site Jacobina.