Castelo de Alvor
O Castelo de Alvor, também denominado como Castelo de Albur ou Forte de Alvor, localiza-se na vila e freguesia de Alvor, Município de Portimão, Distrito de Faro, em Portugal.[1] Consiste num castelo medieval, que foi destruído pelo Sismo de 1755, tendo sobrevivido apenas alguns restos de muralhas.[2] Foi classificado como Imóvel de Interesse Público em 1984.[2]
Castelo de Alvor | |
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Informações gerais | |
Nomes alternativos | Castelo de Albur Forte de Alvor |
Tipo | Castelo |
Aberto ao público | |
Estado de conservação | Ruínas |
Património de Portugal | |
Classificação | Imóvel de Interesse Público |
Ano | 1984 |
DGPC | 72957 |
SIPA | 1297 |
Geografia | |
País | Portugal |
Localidade | Alvor |
Coordenadas | 37° 07′ 45″ N, 8° 35′ 37″ O |
Localização em mapa dinâmico |
Descrição
editarO castelo de Alvor situa-se no interior da povoação, junto a uma enseada na Ria de Alvor, nas imediações do ponto onde desaguam as ribeiras de Arão, Alvor e Farelo.[3] Desta forma, não só protegia o povoado, mas também a foz destes três cursos de água, que no passado serviam de acesso ao interior da região.[3] Ao mesmo tempo também permitia controlar uma parte da faixa costeira,[3] correspondente ao extremo oriental da Baía de Lagos.[4]
O castelo era composto por uma fortificação que seria provavelmente a antiga alcáçova, e pelas muralhas que rodeavam a povoação.[5] A cintura de muralhas em redor da vila desapareceu completamente, mas da alcáçova ainda sobreviveram alguns vestígios, incluindo dois lanços das suas muralhas, integradas na malha urbana da vila, ocupando originalmente uma área de cerca de 960 m².[5] A alcáçova teria uma planta de forma sub-quadrangular, seguindo desta forma a tipologia comum das fortalezas islâmicas na região.[6] Tinha caminho de ronda no topo das muralhas, tendo sido encontrados os vestígios de uma escada adossada ao canto meridional,[5] com cerca de meio metro de largura.[3] O pano de muralha no lado Sudoeste tem cerca de 1,70 m de espessura na parte mais elevada, e atinge os 6 m de altura.[3] As muralhas construídas em alvenaria de pedra, com blocos principalmente de calcário, embora tenha sido igualmente empregue arenito vermelho, mais conhecido como grés de Silves, com argamassa em cal, pedras de pequenas dimensões, e cacos de cerâmica.[5] Outro elemento sobrevivente é a porta principal, situada a Norte, e que tinha uma configuração em cotovelo, provavelmente com uma torre albarrã.[5] A porta tinha uma largura de 2,50 m, com os cachimbos dos gonzos a uma altura de 2,6 m em relação ao piso.[3] No lado nascente da alcáçova encontram-se os alicerces de uma torre, e os vestígios de um muro muito espesso, construído no mesmo aparelho da fortaleza, que poderia ser uma barbacã.[3]
A alcáçova situa-se junto à Rua Poeta António Aleixo e ao Largo do Castelo,[1] nas imediações do mercado municipal.[7]
História
editarAntecedentes
editarInicialmente, a área de Alvor foi ocupada por um castro lusitano, que por volta do século 7 a.C. se tornou num importante centro económico, onde se estabeleceram primeiro os fenícios e depois os gregos e cartagineses.[1] Em 436, a fortaleza teria sido conquistada pelo comandante cartaginês Aníbal, recebendo o nome de Portus Annibalis.[1] A povoação mudou depois de nome para Ipses,[3] tendo continuado a ser habitada durante o período romano.[5]
Escavações feitas entre 1986 e 1988 no centro histórico de Alvor, coordenadas por Maria Teresa Júdice Gamito, revelaram a presença de muralhas e outras estruturas, confirmando a presença do castro.[8]
O castelo medieval
editarEm 716 a povoação foi tomada pelas forças muçulmanas, tendo permanecido como um importante centro político e comercial.[1] O castelo foi construido durante o período de domínio islâmico, provavelmente a partir do século IX, devido aos problemas de instabilidade que surgiram nessa época.[5] Seria originalmente um hisn, um pequeno castelo islâmico, ou um al-bury, uma torre.[5] Com efeito, foi durante o período de transição entre o Emirado de Córdova e o Califado Omíada que a povoação perdeu o nome romano e passou a ser conhecida como Alvor.[5]
Segundo o investigador Christophe Picard, o castelo de Alvor faria parte de uma rede de fortificações islâmicas ao longo da costa, em conjunto com os de Estômbar, Portimão e Albufeira.[9]
Em 1189 os castelos de Alvor, Albufeira e Silves foram conquistados pelo rei D. Sancho, com o apoio de um grupo de cruzados alemães e dinamarqueses que tinham passado pelo Porto de Lisboa.[10] Segundo o investigador Jorge Larcher, o castelo de Alvor foi o primeiro a ser conquistado, tendo a batalha sido considerada como uma preparação para o futuro assalto à importante cidade de Silves.[4] Larcher refere que a povoação de Albur foi destruída no ataque, levando a uma «grande mortandade nos seus habitantes»,[4] tendo Marques Guedes apontado que o número de mortos poderia ter alcançado a «meia dúzia de milhares».[11] Após a batalha os atacantes dispersaram-se, com os cruzados a retomar o seu percurso para oriente, enquanto que as forças portuguesas regressaram com alguns cativos, tendo-se voltado a reunir mais tarde nesse ano para o ataque a Silves.[4] Porém, logo em 1191 os almóadas contra-atacaram, tendo voltado a controlar quase todo o território a Sul do Rio Tejo.[12] O castelo de Alvor só foi definitivamente reconquistado pelas forças cristãs em 1240, durante o reinado de D. Afonso III (1238–1253).[13] Em 1300 o rei D. Dinis ordenou que o castelo fosse reconstruído.[1]
Séculos XVI a XVIII
editarEm 1573 o rei D. Sebastião ordenou a construção do conjunto de muralhas em redor da povoação, obra que no entanto não terá chegado a ser concluída.[14] Em 1606, o escritor Henrique Fernandes Serrão descreveu a povoação de Alvor, tendo feito uma referência ao castelo, então guarnecido com «grossa artilharia».[15] A estrutura foi quase completamente destruída pelo Sismo de 1755.[1]
Século XX
editarO castelo foi classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.º 29, de 25 de Junho de 1984.[16]
Em 25 de Abril de 1979, o espaço da antiga alcáçova foi convertido num espaço infantil,[1] de forma a permitir o seu usufruto por parte da comunidade, e ao mesmo tempo recordar a sua importância como símbolo da reconquista cristã.[17]
Ver também
editar- Lista de património edificado em Portimão
- Estação de Socorros a Náufragos de Alvor
- Igreja Paroquial de Alvor
- Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Alvor
- Morábito de São João
- Pólo de Leitura de Alvor
- Castelo de Lagos
- Castelo de Portimão
- Castelo de São João do Arade
- Castelo de Silves
- Forte da Meia Praia
- Forte de Santa Catarina (Portimão)
Referências
- ↑ a b c d e f g h NETO, João (1991). «Castelo de Alvor / Forte de Alvor». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 26 de Fevereiro de 2024
- ↑ a b FERNANDES e JANEIRO, 2005:37
- ↑ a b c d e f g h GOMES, Rosa Varela (2002). Silves (xelb), uma cidade do gharb al andalus território e cultura. Col: Trabalhos de Arqueologia. Volume 23. Lisboa: Instituto Português de Arqueologia. p. 130. ISBN 972-8662-05-x. ISSN 0871-2581. Consultado em 22 de Fevereiro de 2024 – via Issuu
- ↑ a b c d LARCHER, Jorge (1940). «Castelos do Algarve» (PDF). Boletim da Junta de Província do Algarve. Faro: Junta de Província do Algarve. p. 133-134. Consultado em 22 de Fevereiro de 2024 – via Hemeroteca Digital do Algarve
- ↑ a b c d e f g h i «Castelo de Alvor». Base de Dados do Património Islâmico em Portugal. Consultado em 21 de Fevereiro de 2024
- ↑ GOMES, 1998:135
- ↑ «Castelo de Alvor». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 22 de Fevereiro de 2024
- ↑ «Escavação (1986)». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 26 de Fevereiro de 2024
- ↑ PICARD, 1998:31
- ↑ CAPELO et al, 1994:31
- ↑ GUEDES, A. Marques (31 de Março de 1940). «Castelos do Algarve» (PDF). Revista dos Centenários. Ano II (15). Lisboa: Secretariado da Propaganda Nacional. p. 9. Consultado em 22 de Fevereiro de 2024 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ CAPELO et al, 1994:32
- ↑ CAPELO et al, 1994:36
- ↑ «Castelo de Alvor». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 22 de Fevereiro de 2024
- ↑ «Resenha histórica da Freguesia de Alvor». Junta de Freguesia de Alvor. Consultado em 16 de Março de 2024
- ↑ PORTUGAL. Decreto n.º 29/84, de 25 de Junho. Presidência do Conselho de Ministros e Ministério da Cultura. Publicado no Diário da República n.º 145, Série I, de 25 de Junho de 1984.
- ↑ FREITAS, Mário de (15 de Agosto de 2016). «Afinal Alvor tem castelo! Afinal Alvor tem história…». Barlavento. Consultado em 22 de Fevereiro de 2024
Bibliografia
editar- CAPELO, Rui Grilo; MONTEIRO, Augusto José; NUNES, João Paulo; et al. (1994). RODRIGUES, António Simões, ed. História de Portugal em Datas. Lisboa: Círculo de Leitores. 480 páginas. ISBN 972-42-1004-9
- FERNANDES, José Manuel; JANEIRO, Ana (Dezembro de 2005). O Neo-tradicionalismo na arquitectura, ou o “Português Suave” (PDF). Arquitectura no Algarve: Dos primórdios à actualidade, uma leitura de síntese. Faro: Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve. ISBN 972-643-138-7. Consultado em 18 de Março de 2024
- PICARD, Christophe; GOMES, Rosa Valera; et al. (1998). Portugal Islâmico: os últimos sinais do Mediterrâneo (PDF). Lisboa: Museu Nacional de Arqueologia. 335 páginas. ISBN 972-776-000-7. Consultado em 27 de Fevereiro de 2024
Ligações externas
editar- Castelo de Alvor / Forte de Alvor na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural
- Castelo de Alvor na base de dados Ulysses da Direção-Geral do Património Cultural
- Castelo de Alvor na base de dados Portal do Arqueólogo da Direção-Geral do Património Cultural