Francisco Eduardo da Costa

Francisco Eduardo da Costa (Lamego, 15 de março de 1818Santo Ildefonso, Porto, 27 de agosto de 1855) foi um compositor, pianista, chefe de orquestra e professor de música portuense da primeira metade do século XIX.[1][2][3][4][5][6]

Francisco Eduardo da Costa
Francisco Eduardo da Costa
Retrato de Francisco Eduardo da Costa, por João António Correia (Paris, Imp. Lemercier, 1850)
Nascimento 15 de março de 1818
Lamego
Morte 27 de agosto de 1855
Porto
Sepultamento Cemitério do Prado do Repouso
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação pianista, compositor, maestro
Distinções
  • Cavaleiro da Ordem de Cristo
Instrumento piano

Biografia

editar

Francisco Eduardo da Costa era filho de José Luís da Costa, que teria casado em Viana do Castelo, com uma senhora de nome desconhecido. Algumas obras apontam a cidade de nascimento do compositor como Lamego, divergindo de outras, em que se afirma ter sido no Porto.

Segundo Joaquim de Vasconcelos, o pai, que trabalhava nos cartórios da cidade de Viana, por falta de meios para a sua subsistência, mudou-se para Lamego, onde teria nascido o seu filho. Movidos pelo mesmo motivo, mudam-se para o Porto, em 1822. José Luís da Costa, aficionado da música e tocador de clarinete, incutiu nos filhos o gosto pela música, interessando-se em proporcionar-lhes uma educação musical. Entre os 4 filhos, Francisco Eduardo demonstrava, já na infância, uma disposição e sagacidade natural, tornando-se o discípulo predileto de seu pai. O primeiro campo em que Francisco demonstra as suas habilidades, com apenas 5 anos, é num manicórdio, sendo admirado pelo círculo de amigos da família, que, movidos, lhe encomendam um piano de Londres.

Francisco Eduardo da Costa aperfeiçoa através de um estudo metódico o piano e a Música teórica, revelando um talento nato, tocando em pouco tempo saraus para a nata da sociedade portuense. D. Pedro IV, num destes saraus, admirado pelos talentos do jovem pianista, em conversa com dois ajudantes (J. de Calça e Pina e Barão de Saavedra), revela o desejo de o enviar para França, para lá terminar a educação artística e vir ocupar de seguida os lugares de Mestre da Real Câmara e da Família Real, vagos pela morte de Marcos Portugal. Tal não se concretizou, muito devido à precoce morte do rei.

Em 1833, com apenas 15 anos, é acometido de graves problemas intestinais, que o acompanham nos anos seguintes. Terminada a Guerra Civil Portuguesa em 1834, começou a escrever e a compor, principiando com ensaios de quintetos e sextetos para vários instrumentos. A visita feita ao Porto em 1835 de D. Maria II, proporcionou ao artista a ocasião para a orquestração de um Te-Deum, que se cantou na Igreja da Lapa. O êxito desta composição foi lisongeiro, pois no ano seguinte, em 1836, encontra-se no Teatro de São João, à testa da companhia lírica, dirigindo tudo o que era relativo ao canto. É nesta época que funda uma Sociedade Filarmónica, com ajuda de amigos e colegas.

O bispo do Porto, D. Jerónimo Rebelo, motivado pelos elogios que ouvia a favor de Francisco Eduardo, chama-o para ser Mestre e Organista da Sé Catedral, com a ideia de se utilizar dos serviços do jovem professor, que deixa neste lugar memória de artista distinto e mestre consciencioso. Inicia neste período uma larga produção de música sacra.

Em 1854 adoece gravemente com tuberculose, pausando o seu trabalho. Um contemporâneo descreve-o da seguinte forma: "(...) Perfeito modelo de bons filhos, bom irmão, bom amigo e excellente amigo dos seus collegas (...) que as Damas portuenses o tinham em tanta estima, que não se prestavam de boa vontade a cantar nos saraus, se o joven artista não as acompanhava (...)".

Faleceu solteiro com apenas 37 anos, na Rua da Alegria, freguesia de Santo Ildefonso, no Porto, a 27 de agosto de 1855. Encontra-se sepultado no Cemitério do Prado do Repouso, num jazigo com monumento encimado por um busto "mandado erigir pelos amigos e admiradores".

Francisco Eduardo da Costa foi também Cavaleiro da Ordem de Cristo, membro do Conservatório Real da Música de Lisboa e membro-fundador do Clube Portuense Os Bailes.

A vida deste compositor portuense é extensamente abordada no romance O Arco de Vandôma de Alberto Pimentel.[1][2][3][4][5][6]

  • Te-Deum a grande orchestra (1835);
  • Missa de Santa Isabel (1836);
  • Missa a grande orchestra, dedicada à Sociedade Filarmónica;
  • Grande Missa, dedicada à Ordem Terceira de São Francisco;
  • Credo, dedicado à Ordem supra;
  • Missa com Órgão e vozes e acompanhamento de Baixos, dedicada ao Bispo do Porto;
  • Grande Missa com acompanhamento de orchestra, oferecida ao Conde de Ferreira;
  • 2 Missas com acompanhamento de orchestra;
  • 2 Missas mais pequenas;
  • 6 Credos;
  • 4 Graduaes;
  • Libera-me a grande orchestra;
  • Responsórios a grande orchestra, que serviram nas exéquias fúnebres de D. Maria II em 1853, mandadas celebrar pela Câmara do Porto;
  • 6 Symphonias (Fantasias para orquestra).

Referências

  1. a b c Vasconcelos, Joaquim de (1870). Os musicos portuguezes: biographia-bibliographia. [S.l.]: Imprensa Portugueza 
  2. a b Rigaud, João-Heitor (2013). «O Porto musical no início do séc. XX» (PDF). Meloteca. Consultado em 16 de fevereiro de 2021 
  3. a b Silva, Innocéncio Francisco da (1870). Diccionário bibliográphico portuguez: Suplemento, 1-15. [S.l.]: Imprensa Nacional 
  4. a b «Registos de óbitos da Paróquia de Santo Ildefonso (1835-05-25 - 1859-12-27)». pesquisa.adporto.arquivos.pt. Arquivo Distrital do Porto. Consultado em 16 de fevereiro de 2021 
  5. a b Ponte, Brigadeiro Nunes da (1963). Recordando o velho Porto. [S.l.: s.n.] 
  6. a b França, José Augusto (1974). O romantismo em Portugal: Os anos da razão (II). [S.l.]: Livros Horizonte