Grande Muralha Hércules-Corona Borealis
Em astronomia, a Grande Muralha Hércules-Corona Borealis (Her-CrB GW)[1] é um imenso grupo de galáxias que mede mais de 10 bilhões de anos-luz,[2][3] descoberta em novembro de 2013, através de um mapeamento astronômico de explosões de raios gama que ocorrem no universo distante,[2][3] usando dados da missão Swift Gamma-Ray Burst. Sendo esta a maior estrutura conhecida do universo observável.
Descoberta
editarA superdensidade foi descoberta usando dados de diferentes telescópios espaciais operando em comprimentos de onda raios gama e raios X, além de alguns dados de telescópios terrestres. No final de 2012, eles registraram com sucesso 283 GRBs e mediram seus desvios para o vermelho espectroscopicamente. Eles os subdividiram em diferentes subamostras de grupos de diferentes redshifts, inicialmente com cinco grupos, seis grupos, sete grupos e oito grupos, mas cada divisão de grupo nos testes sugere uma anisotropia e concentração fracas, mas este não é o caso quando é subdividido para nove grupos, cada um contendo 31 GRBs; eles notaram um agrupamento significativo de GRBs da quarta subamostra (z = 1,6 a 2,1) com 19 dos 31 GRBs da subamostra concentrados nas proximidades do Segundo, Terceiro e Quarto Norte Quadrante Galácticos (NQ2, NQ3 e NQ4) abrangendo nada menos que 120 graus do céu.[4][5] Sob os atuais modelos evolutivos estelares, os GRBs são causados apenas pela colisão de estrelas de nêutrons e colapso de estrelas massivas e, como tal, as estrelas que causam esses eventos são encontradas apenas em regiões com mais matéria em geral.[4]
Características
editarEssa estrutura é um filamento galáctico,[3] ou um enorme grupo de galáxias unidas pela gravidade, com aproximadamente 10 bilhões de anos-luz (3 Gigaparsecs) em sua maior dimensão, por 7,2 bilhões de anos-luz (2,2 Gigaparsecs) na outra,[3] e é a maior estrutura conhecida no universo observável; maior que o limite máximo teórico pensado de quão grandes as estruturas universais podem ser.[1]
Localizada no redshift 1,6-2,1, o que corresponde a uma distância de 10 bilhões de anos-luz da Terra.[3] No céu, está localizada na direção das constelações de Hércules e Corona Borealis.[2]
Problemas
editarProblema da homogeneidade
editarDe acordo com o princípio cosmológico, em escalas suficientemente grandes, o universo é homogêneo, o que significa que as flutuações aleatórias em quantidades como as de densidade da matéria entre diferentes regiões do universo são pequenas. Entretanto, essas escalas diferentes existem para explicar a escala de homogeneidade, e as definições apropriadas dependem do contexto em que são usadas. Entretanto, a aplicação atual para explicar o problema da escala da homogeneidade era o "Fim da Grandeza", uma medida explicada por meio da qual o universo ficará homogêneo, mesmo em uma escala maior. A escala aceita para o "Fim da Grandeza" é de em torno de 250 a 300 milhões de anos-luz. Usando esses dados Yadav et al sugeriu que as ponta das escalas devem ser 260/h Mpc.[6] Alguns cientistas dizem que o tamanho máximo para estruturas era algo em torno de 70-130/h Mpc baseada na medida da escala da homogeneidade.[7][8][9] Não se espera que alguma estrutura seja maior que essa escala, de acordo com a distribuição homogênea e isotrópica da matéria no universo. A Grande Muralha Sloan, descoberta em 2003, mede 1,37 bilhões de anos-luz,[10] e é um pouco maior que essa escala. O Huge-LQG, descoberto em 2012 mede 4 bilhões de anos luz.[11] Entretanto, a escala dos quasares individuais essa estrutura não tem uma correlação de um a outro, proporcionando uma impossibilidade para essa estrutura.[12] A Grande Muralha Hércules-Corona Borealis é mais de 8 vezes maior que essa escala. De acordo com isso, a estrutura continuaria heterogênea se comparada a outras partes do universo mesmo na escala do "Fim da Grandeza", colocando assim o princípio cosmológico em dúvida.
Problema Evolucionário
editarEssa estrutura também possui problemas com o modelo atual da evolução do universo. À uma distância de 10 bilhões de anos luz significa que vemos estruturas como eram há 10 bilhões de anos atrás, ou seja, 3,79 bilhões anos após o Big Bang. Entretanto, os modelos atuais da evolução do universo não permitem que essa estrutura tenha se formado com apenas 3 bilhões de anos de existência do universo. A estrutura era muito grande e complexa para existir em um universo tão jovem. Atualmente não existe uma ideia de como essa estrutura evoluiu.[2]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b «A maior coisa do universo é tão grande que não deveria existir». Ciência Online. Consultado em 1 de outubro de 2020
- ↑ a b c d Klotz, Irene (19 de novembro de 2013). «Universe's Largest Structure is a Cosmic Conundrum». discovery. Consultado em 9 de dezembro de 2013
- ↑ a b c d e Horvath I., Hakkila J.; Bagoly Z. (2013). «The largest structure of the Universe, defined by Gamma-Ray Bursts». arXiv:1311.1104
- ↑ a b Erro de citação: Etiqueta
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- ↑ «College of Charleston Professor Makes Discovery of Epic Proportions». The College Today. Ron Mehanca. 15 julho de 2014. Consultado em 14 de novembro de 2014
- ↑ Yadav, Jaswant; J. S. Bagla and Nishikanta Khandai (25 de fevereiro de 2010). «Fractal dimension as a measure of the scale of homogeneity». Monthly notices of the Royal Astronomical Society. 405 (3): 2009–2015. Bibcode:2010MNRAS.405.2009Y. arXiv:1001.0617 . doi:10.1111/j.1365-2966.2010.16612.x. Consultado em 15 de janeiro de 2013
- ↑ Hogg, D.W. et al., (May 2005) "Cosmic Homogeneity Demonstrated with Luminous Red Galaxies". The Astrophysical Journal 624: 54-58. arXiv:astro-ph/0411197. Bibcode:2005ApJ...624...54H. doi:10.1086/429084.
- ↑ Scrimgeour, Morag I. et al., (May 2012) "The WiggleZ Dark Energy Survey: the transition to large-scale cosmic homogeneity". Monthly Notices of the Royal Astronomical Society 425 (1): 116-134. arXiv:1205.6812. Bibcode: 2012MNRAS.425...116S. doi: 10.1111/j.1365-2966.2012.21402.x.
- ↑ Nadathur, Seshadri, (July 2013) "Seeing patterns in noise: gigaparsec-scale 'structures' that do not violate homogeneity". Monthly Notices of the Royal Astronomical Society in press. arXiv:1306.1700. Bibcode: 2013MNRAS.tmp.1690N. doi: 10.1093/mnras/stt1028.
- ↑ Gott, J. Richard, III; et al. (maio de 2005). «A Map of the Universe». The Astrophysical Journal. 624 (2): 463–484. Bibcode:2005ApJ...624..463G. arXiv:astro-ph/0310571 . doi:10.1086/428890
- ↑ Clowes, Roger; Harris; Raghunathan; Campusano; Soechting; Graham; Kathryn A. Harris, Srinivasan Raghunathan, Luis E. Campusano, Ilona K. Söchting and Matthew J. Graham (11 de janeiro de 2012). «A structure in the early Universe at z ∼ 1.3 that exceeds the homogeneity scale of the R-W concordance cosmology». Monthly notices of the royal astronomical society. 1211 (4). 6256 páginas. Bibcode:2012arXiv1211.6256C. arXiv:1211.6256 . doi:10.1093/mnras/sts497. Consultado em 14 de janeiro de 2013
- ↑ Gaite, Jose, Dominguez, Alvaro and Perez-Mercader, Juan (August 1999) "The fractal distribution of galaxies and the transition to homogeneity". The Astrophysical Journal 522: L5-L8. arXiv:astroph/9812132. Bibcode: 1999ApJ...522L...5G. doi: 10.1086/312204.