Ipomoea purpurea, a Glória da Manhã, Corda-de-viola, é uma espécie do gênero Ipomoea, nativa do México e da América Central. Esse nome que designa muitas das 500-700 espécies de Ipomoea, se deve ao comportamento das suas flores abertas durante a noite ou na luz. A palavra grega "Ips" designa verme (σκουλήκι), "ipomoea" refere-se ao seu entrelaçamento. As ipomoeas já foram designadas como "Convolvulus" e essa espécie por Convolvulus pupurea por sua cor, somente no século XX recebeu seu nome atual "Glória da Manhã" (Morning Glory).[1]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaIpomoea purpurea

Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Solanales
Família: Convolvulaceae
Género: Ipomoea
Espécie: I. purpurea
Nome binomial
Ipomoea purpurea
L.

Como todas glórias-da-manhã a planta se enlaça ao redor de estruturas com seus galhos. Crescendo a uma altura de 2 a 3 metros. As folhas tem forma de coração e os galhos tem pêlos marrons. As flores são hemafroditas, com cinco pétalas, tem forma de trombeta, predominando o azul para púrpura ou branco, com 3 a 6 cm de diâmetro.[2]

Composição bioquímica

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Segundo Meira et al. foi isolada a partir Ipomoea purpurea (L.) Roth. uma glicoresina chamada ipopurpuroside, constituída da glicose, glicose , ramnose e 6-desoxi- D -glicose ligados glicosidicamente ao ácido ricinoleico. Outros glicoresinas chamadas marubajalapins I-XV, foram isolados a partir da fracção jalapina da parte de série (folhas e caules) de I. purpurea (Pharbitis purpurea). Das flores dessa espécie foram isolados e cianidinas e pelargonidinas Em estudo para a investigação de novos fontes de alcalóides ergolinicos dentro do gênero Ipomoea, a I. purpurea foi considerada uma espécies alcalóide-negativo, embora os relatórios anteriores indicaram a presença de alcalóides ergolinicos. Talvez porque I. purpurea é muitas vezes confundida com I. tricolor uma espécie alcalóide-positivo.[3]

Cultivo e utilização

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A Ipomoea purpúrea tem ampla utilização como espécie ornamental nas regiões temperadas e tropicais, uma gama de variedades e cores tem sido selecionadas com diversas hibridizações. Uma das utilizações medicinais dessa espécie são os preparados conhecidos como essências florais Como essência floral a Ipomeia existe em vários sistemas, como no Sistema Floral de Minas, com o nome de "Ipomea", no Sistema Floral do Nordeste com o nome de "Água Azul", no Sistema Florais da Califórnia com o nome de "Morning Glory", no Sistema Florais das Araucárias com os nomes Corda-de-Viola (Ipomoea purpurea) e Sininho Vermelho (Ipomoea hederifolia).[4],[5]

 
Ergina, também conhecida como amida de ácido D-lisérgico LSA com efeitos sedativos e análogos ao LSD (dietilamida do ácido lisérgico)

O grande número de variedades e dificuldades de classificação por outro lado dificultam sua utilização que fundamenta-se inclusive em conhecimento étnico - tradicional da civilização asteca destruída pela colonização. Possivelmente correspondendo ou sendo similar a uma das plantas denominadas "Ololiuqui" cujas sementes triangulares tem histórico de uso como psicodélico; É possível que tanto estas assim como as sementes da Ipomoea tricolor (para alguns autores I. violacea [6]) contenham ergina.[7] Os efeitos da ergina são relatados como quase idênticos ao do LSD.[8] Há controvérsias ainda quanto a ser a Ipomoea corymbosa (L.) a planta considerada mágico-medicinal conhecida na cultura asteca como ololiuhqui.[9] Para Shultes e Hofmann (2010) [10] Ipomoea violacea é a planta utilizada como enteógeno nas áreas de descendentes dos Astecas (zapotecas e chatinos) em Oaxaca (México) onde é também conhecida por badoh negro, tlitlitzin além de ololiuhqui um nome que designa várias sementes.

Entre as ipomoeas a espécie com maior produção e cultivo talvez seja a a Ipomoea batatas em função do aproveitamento de seus tubérculos na alimentação. Entre outras espécies do gênero (Ipomoea) podem ainda ser citadas, por seu efeito farmacológico no sistema nervoso, a Ipomoea pes-caprae com efeitos analgésicos, antiinflamatórios e a jalapa ou batata de purga Ipomoea purga também com analgésica, antiinflamatórias além de depurativa laxante, purgativa.[11]

Uso étnico

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A palavra Nahuatl "ololiuhqui" se refire à semente, enquanto a O nome da planta (Turbina corymbosa) em geral é "coaxoxouhqui", "cobra azul". Existem várias menções de suas propriedades medicinais nos códigos de Florentino e Durán e na história natural de Francisco Hernández. A semente é aplicada como um remédio tópico para a gota. Além disso, moída junto com o "picietl" ou o tabaco, tem a "estranha virtude de desvanecer enjoos e se aplicada por meio de emplastro amortece as carnes” admiravelmente também“ alivia os ossos deslocados ou quebrados e a cintura relaxada das mulheres, fortalecendo-as. ” O restante da planta também é mencionado vários benefícios: a casca moída alivia doenças do estômago, coração oprimido e febre; a raiz funciona como um purgativo e a sementes moídas tem propriedades de produzir alterações perceptivas. [12]

Galeria

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Notas e referências

  1. Ipomoea purpurea. Botanical illustrations by milly acharya. Botanix Cons. Out. 2013
  2. «Germplasm Resources Information Network: Ipomoea purpurea». Consultado em 21 de agosto de 2008. Arquivado do original em 24 de setembro de 2015 
  3. MEIRA, Marilena; SILVA, Eliezer Pereira da; DAVID, Jorge M and DAVID, Juceni P.. Review of the genus Ipomoea: traditional uses, chemistry and biological activities. Rev. bras. farmacogn. [online]. 2012, vol.22, n.3 [cited 2013-10-10], pp. 682-713 . Available from: PDF access on 10 Oct. 2013.
  4. Hallot, Ana Catarina. Ipomeia. Estudo floral, Rio Flor, RJ, Julho de 2009 Assoc dos Terap. Florais do Estado do Rio de Janeiro Arquivado em 20 de julho de 2009, no Wayback Machine. Jun. 2011
  5. Kaminsky, Patricia; Katz, Richard. Flower Essence Repertory. Nevada. Flower Essence Society.... in: Morning Glory Flower Essence (Ipomoea purpurea) Ananda Apothecary Acesso, out. 2013
  6. Morning Glory Erowid Acesso em Out. 2013
  7. Richard H. Uva, Joseph C. Neal and Joseph M. Ditomaso, Weeds of The Northeast, (Ithaca, NY: Cornell University Press, 1997), Pp. 214-217
  8. Charles Savage, Willis W. Harman and James Fadiman, Ipomoea purpurea: A Naturally Occurring Psychedelic Arquivado em 24 de dezembro de 2005, no Wayback Machine.
  9. Richardson P. Mick. Flores alucinógenas, (SP, Nova Cultural, 1988), Pp.55-58
  10. Shultes, Richard E.; Hofmann, Albert. Plantas de los Dioses: orígenes del uso de los alucinógenos. México, Fundo de Cultura Económica, 2010
  11. Plantas que Curam - do abacate até zimbro BATATA DE PURGA Arquivado em 7 de outubro de 2013, no Wayback Machine. Texto on line, consulta em out.2013
  12. Fray Bernardino de Sahagún, Historia general de las cosas de la Nueva España, 1540-1577 (Libro XI, de las cosas naturales, capítulo séptimo, en que se trata de todas las hierbas); Martín de la Cruz, Códice De la Cruz-Badiano, 1552; Francisco Hernández, Historia natural de Nueva España, ca. 1577 apud: CHAVARRÍA, María del Pilar Cuairán (Ed.) Xochipilli, el Señor de las Flores. Ciudad de México: Secretaría de Cultura/ Instituto Nacional de Antropología e Historia / Museo Nacional de Antropología, 2018 https://xochipilliuniversomexica.inah.gob.mx/home.html p.63-66

Ligações externas

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. Corda-de-Viola, Florais das Araucárias, 2015