Liriodendron tulipifera

tulipeiro

Liriodendron tulipifera L., conhecida pelo nome comum de tulipeiro, é a espécie norte-americana de grandes árvores do género Liriodendron, com distribuição natural no leste da América do Norte, do sul do Ontário ao norte da Florida e da costa atlântica ao Illinois (a outra espécie do género é L. chinense nativa do sueste da China).[4]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaLiriodendron tulipifera
tulipeiro
Liriodendron tulipifera (Laken).
Liriodendron tulipifera
(Laken).
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante [1]
Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: Angiospermae
Clado: Magnoliidae
Ordem: Magnoliales
Família: Magnoliaceae
Género: Liriodendron
Espécie: L. tulipifera
Nome binomial
Liriodendron tulipifera
L.
Distribuição geográfica
Distribuição.
Distribuição.
Sinónimos[2][3]
Folhas e botão floral de Liriodendron tulipifera, mostrando a bráctea amarelada.
Flor de Liriodendron tulipifera ("tulipa").
Liriodendron tulipifera com folhagem outonal e cones de sementes.
Sementes de Liriodendron tulipifera.
Madeira (polida) de L. tulipifera.
Folhas juvenis de Liriodendron tulipifera.
Folha de Liriodendron tulipifera (nervação).

Descrição

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Distribuição

A espécie Liriodendron tulipifera, a árvore-das-tulipas,[5] árvore-do-ponto,[6] tulipeira,[7] tulipeiro[8] ou tulipeiro-da-virgínia,[9] é a espécie mais conhecida das duas espécies que constituem o género Liriodendron (a outra é Liriodendron chinense, nativa do sueste da China). É nativa da costa leste da América do Norte, onde é a mais alta e imponente das espécies de árvores angiospérmicas nativa, com distribuição natural desde o sul do Ontário e o Vermont até ao centro da Flórida e Louisiana. Tal como aconteceu a muitos géneros arcto-terciários, o género Liriodendron extinguiu-se na Europa devido à longa duração da glaciação durante a última idade do gelo. Espécies do género estão presente no registo fóssil da Europa, sendo frequente a sua ocorrência como fóssil, estando também amplamente distribuídas fora da sua actual área de distribuição natural na Ásia e na América do Norte, o que demonstra a sua anterior distribuição circumpolar.

O tulipeiro-da-virgínia é a árvore do estado de Indiana, Kentucky e Tennessee.

A espécie foi introduzida em numerosas regiões temperadas de todo o mundo, até em regiões tão setentrionais como Oslo (Noruega). No Canadá, a espécie é nativa da parte sul de Ontário, atingindo uma linha que grosso modo une Hamilton a Sarnia, com numerosos espécimenes no Rondeau Provincial Park, mas a maior concentração de espécimes cultivados encontra-se na Colúmbia Britânica. Naquela província canadiana é cultivada no arquipélago da Rainha Carlota, e no interior, tão a norte como Vernon (British Columbia). No Hemisfério Sul, é cultivada em regiões da Argentina, Austrália, Chile, Nova Zelândia, África do Sul e Uruguai.

Morfologia

Em condições favoráveis é um megafanerófito que pode atingir portes de mais de 50 m de altura nos bosques virgens das montanhas dos Apalaches, normalmente sem ramificação até atingir os 25-30 m de altura, o que faz desta árvore uma apreciada fonte de madeira. É uma árvore de desenvolvimento rápido, embora sem o problema comum nesse tipo de árvores que são as madeiras débeis em consistência e pouca durabilidade. Estas características fazem da espécie uma das maiores árvores nativa do leste da América do Norte, atingindo em alguns casos os 60 m de altura, com tronco que pode atingir um diâmetro de 1,2 m à altura do peito (DAP), embora em geral a altura da árvore varie entre os 20 e os 30 m de altura. A madeira é amarelada a acastanhada, clara, com o alburno branco-cremoso. A madeira é macia, leve, moderadamente quebradiça, de grão fino e direito, com uma gravidade específica de 0,4230 (densidade: ρ = 423 kg/m3).

Prefere solos profundos, ricos e com bom conteúdo de humidade. A espécie é comum, embora não abundante, raramente ocorrendo como espécime solitário. As raízes são carnudas, especialmente nos exemplares jovens. O crescimento é relativamente rápido e a forma da copa é tipicamente cónica.[10]

O ritidoma dos troncos e ramos maduros é castanho a acinzentado, rugoso, com longas fendilhações quase paralelas. Os ramos juvenis têm ritidoma macio, liso e lustroso, inicialmente avermelhado, maturando para cinzento escuro e finalmente para acastanhado. Ramos, casca e botões são aromáticos e amargos. Os rebentos invernais apresentam coloração avermelhada, escura, recobertos por escamas obtusas que se convertem em estípulas conspícuas em torno da folha, sem a cobrir, que persistem até que a nova folha atinja o seu tamanho final. As gemas florais são recobertas por uma bráctea bivalvada, caduca.

As folhas são alternas, simples, venosas, 12-15 cm de comprimento, largas, tetralobuladas, de forma entre o cordiforme e o truncado, afiladas na base, inteiras, com o ápex cortado através de um ângulo suave, fazendo que a sua parte superior aparente ser quadrada. Venação primária proeminente. Folhas de coloração verde suave, verde brilhantes em pleno crescimento, lisas e brilhantes na face superior, verde pálido na face inferior, com venação saliente. No outono tornam-se claras, de coloração amarelo suave. Pecíolo longo, fino e anguloso.

As flores verde-pálido, raramente brancas, apresentam uma banda alaranjada nas tépalas. As flores são perfeitas, solitárias, terminais, verde amarelentas, com pedúnculos fortes, de 2,5 a 5 cm de comprimento, em forma de copo, erectas, conspícuas. Antes da abertura, o gomo floral está enclaustrado numa cobertura constituída por duas brácteas triangulares que caem quando a flor abre. O cálice é constituído por 3 sépalas, imbricadas, reflexas ou soltas, deixando espaço entre si, venosas, decíduas precocemente. A corola em forma de taça, com 6 pétalas, com 5-6 cm de comprimento, colocadas em duas filas, imbricadas, hipóginas, verde-amareladas, marcadas na base com uma mancha amarelo-alaranjado. As pétalas por vezes apresentam textura carnosa. Os estames são indefinidos, imbricados em muitos grupos na base do receptáculo; os filamentos enredados, curtos; anteras extrorsas, longas, biloculares, adnatas; lóculos abrindo longitudinalmente. Os pistilos são indefinidos, imbricados no receptáculo longo e fino. O ovário é unicelado; estilo acuminado, achatado; estigma curto, uni-lado, recurvado; 2-óvulos.

A floração inicia-se em Abril no sudeste da área de distribuição natural, sendo que as árvores do limite norte daquela área florescem em Junho. Estas árvores produzem grande quantidade de néctar, o que faz desta espécie uma das mais importantes plantas melíferas do leste dos Estados Unidos, produzindo uma variedade de mel avermelhado e de sabor forte e distintivo.

O fruto ocorre no outono e é um cone estreito, acinzentada ou acastanhado na maturidade, liso e macio, formado por muitos carpelos semelhantes a sâmaras.[10] A dispersão é anemocórica, deixando um eixo que persiste durante todo o inverno.

Taxonomia

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A espécie foi introduzida na Europa em 1663, tornando-se numa árvore frequente nos parques do continente.[11] Foi introduzida em França a partir dos princípios do século XVIII, especialmente por La Galissonnière. Alguns dos exemplares mais conhecidos foram plantados no Petit Trianon de Versailles pela rainha Marie-Antoinette em 1771 e abatidos pela tempestade de Dezembro de 1999. Dada a longevidade da árvore (300 a 500 anos), muitos exemplares pnatados nos séculos XVIII e XIX estão presentes em parques e arboretos de toda a Europa.[11]

A espécie apresenta os seguintes sinónimos taxonómicos:

  • Liriodendron fastigiatum Dippel
  • Liriodendron heterophyllum K.Koch
  • Liriodendron integrifolium Steud.
  • Liriodendron obtusilobum K.Koch
  • Liriodendron procerum Salisb.
  • Liriodendron truncatifolium Stokes
  • Liriodendron tulipifera var. acutiloba Michx.
  • Liriodendron tulipifera var. obtusiloba Michx.
  • Tulipifera liriodendrum Mill.

Híbridos e cultivares

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A partir das duas espécies (L. tulipefera e L. chinense) foram criados os híbridos Liriodendron designados por Chapel Hill e Doc Deforce's Delight, que são amplamente comercializados para fins ornamentais. São também comercializados os seguintes cultivares de L. tulipifera:

  • L. tulipifera cv. Ardis, cultivar compacto, de folha pequena, pouco utilizado;
  • L. tulipifera cv. Aureomarginatum, cultivar com folhas variegadas, com um bordo amarelo;
  • L. tulipifera cv. Fastigiatum, cultivar que cresce com hábito erecto ou colunar (fastigiado);
  • L. tulipifera cv. Glen Gold, cultivar de folhas com coloração dourada;
  • L. tulipifera cv. Mediopictum, cultivar variegado, com folhas de centro dourado.

Os tulipeiros produzem árvores de bom porte, crescendo até aos 35 m em bons solos. De modo similar a outros membros da família Magnoliaceae, as plantas juvenis apresentam raízes carnudas que se quebram facilmente se manipuladas bruscamente. O transplante deve ser feito no princípio da primavera, antes de que brotem as folhas. A maioria dos tulipeiros não tolera períodos de inundação prolongado, embora uma variedade originária das planuras litorais pantanosas dos Estados Unidos seja relativamente tolerante ao encharcamento do solo. Este ecotipo é reconhecido pelos lóbulos em forma de bota, que podem ser avermelhados. Partes do centro-leste da Flórida, perto de Orlando, é a região nativa de um ecotipo de folha semiperene que floresce mais cedo (por vezes em Fevereiro) que as outras variedades, que normalmente florescem a meados ou finais da primavera.

Notas

  1. Rivers, M.C. (2014). "Liriodendron tulipifera". IUCN Red List of Threatened Species. Version 2014.2. International Union for Conservation of Nature. Retrieved 1 September 2014.
  2. Tropicos
  3. «The Plant List». The Plant List. 23 de março de 2012. Consultado em 7 de abril de 2014 
  4. Hunt, D. (ed). 1998. Magnolias and their allies. International Dendrology Society & Magnolia Society. (ISBN 0-9517234-8-0).
  5. Infopédia. «árvore-das-tulipas | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 23 de março de 2023 
  6. Infopédia. «árvore-do-ponto | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 23 de março de 2023 
  7. Infopédia. «tulipeira | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 23 de março de 2023 
  8. Infopédia. «tulipeiro | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 23 de março de 2023 
  9. Infopédia. «tulipeiro-da-virgínia | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 23 de março de 2023 
  10. a b Keeler, Harriet L. (1900). Our Native Trees and How to Identify Them. New York: Charles Scriber's Sons. pp. 14–19 
  11. a b Jaromir Pokorny, Arbres. Éditions Gründ - 1987 (ISBN 2-7000-1818-4).

Galeria

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Literatura

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  • Bruno P. Kremer: Bäume. Heimische und eingeführte Arten Europas. Steinbachs Naturführer, Mosaik Verlag, München 1984, S. 160. ISBN 3-570-01188-7.
  • Peter Schütt, Ulla M. Lang: Liriodendron tulipifera. In: Schütt, Weisgerber, Schuck, Lang, Stimm, Roloff: Enzyklopädie der Laubbäume. Nikol, Hamburg 2006, S. 311–320. ISBN 978-3-937872-39-1.

Ligações externas

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