Mico (gênero)
O gênero Mico é um táxon da subfamília Callitrichinae, família Cebidae. No passado, foi considerado sinônimo de Callithrix ou classificado como subgênero deste.[3]
[1][2] Mico | |||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||
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Espécie-tipo | |||||||||||||||||
Simia argentata Linnaeus, 1766 | |||||||||||||||||
Espécies | |||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||
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Taxonomia
editarAs espécies de Mico eram tradicionalmente classificadas em Callithrix ("grupo Argentata"), mas filogenias com base em sequencias de DNA evidenciaram que o "grupo Argentata" de Callithrix era mais proximamente relacionado a Cebuella pygmaea do que dos Callithrix do leste do Brasil.[4] Frente a um Callithrix parafilético, optou-se por revalidar o nome Mico, para se referir aos saguis amazônicos previamente incluídos em Callithrix.[5] Estudos subsequentes, utilizando dados de pelagem, morfologia dentária e craniana, e genética evidenciaram inúmeras diferenças entre Mico e Callithrix.[6] Ambos gêneros também diferem na distribuição geográfica: as espécies de Mico são encontradas principalmente na Amazônia, enquanto que as do gênero Callithrix são encontradas predominantemente na Mata Atlântica do leste brasileiro.[7] Alguns autores classificam o sagui-anão, Callibella humilis,no gênero Mico, com base em evidências morfológicas e genéticas.[8][6][9][10]
Várias subespécies de Mico argentatus e Mico humeralifer agora são consideradas espécies distintas.[3][1][2][7] Ademais, 6 espécies das 14 conhecidas foram descritas após 1990.[1][11]
Espécies
editarNome(s) popular(es) | Nome científico | Autor e data |
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sauim, sagui do Rio Acari | Mico acariensis | (Roosmalen et al., 2000) |
sauim-branco | Mico argentatus | (Linnaeus, 1766) |
sauim-branco | Mico chrysoleucos | (Wagner, 1842) |
sauim | Mico emiliae | (Thomas, 1920) |
sagui-de-santarém | Mico humeralifer | (É. Geoffroy in Humboldt, 1812) |
sauim, mico-leãozinho, jeitinho | Mico humilis | (Roosmalen et al., 1998) |
sauim | Mico intermedius | (Hershkovitz, 1977) |
sauim-branco | Mico leucippe | Thomas, 1922 |
sauim, branquinho | Mico marcai | (Alperin, 1993) |
sauim | Mico mauesi | (Mittermeier, Schwarz & Ayres, 1992) |
sagui-de-rabo-preto | Mico melanurus | (É. Geoffroy in Humboldt, 1812) |
sagui-de-cabeça-preta | Mico nigriceps | (Ferrari & Lopes, 1992) |
mico-cinza, sauim-branco, sagui de Rondônia | Mico rondoni | Ferrari et al., 2010 |
mico-leão, sauim-de-cara-branca | Mico saterei | (Silva Júnior & Noronha, 1998) |
Distribuição Geográfica e Habitat
editarAs espécies do gênero são endêmicas da Amazônia brasileira, a sul do Rio Madeira e Rio Amazonas, exceto por Mico melanurus, que ocorre em formações savânicas como o Cerrado no Brasil e o Chaco, na Bolívia e Paraguai.[2][12][13] Os saguis do gênero Mico ocorrem nos estados brasileiros do Amazonas, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia.
Embora Mico melanurus apresente uma distribuição ampla no Cerrado, Chaco e em áreas limítrofes da Amazônia, a maioria das espécies amazônicas possuem distribuição mais restrita e frequentemente delimitada por rios. Mico intermedius, por exemplo, só é encontrado entre os rios Aripuanã e Roosevelt, nos estados do Amazonas e de Mato Grosso, e Mico rondoni só ocorre em Rondônia, com sua distribuição delimitada pelos rios Madeira, Mamoré e Ji-Paraná.[14] Como exceção, Mico emiliae atinge a área de transição Cerrado/Amazônia no sudeste de Mato Grosso.[15]
Descrição
editarAs espécies de Mico possuem um porte médio, se comparado a outros saguis (300–470 g - excluindo Mico humilis).[16] Três espécies possuem tufos auriculares constituídos por pelos em ambos os lados do pavilhão auditivo: Mico chrysoleucos, Mico humeralifer, Mico mauesi. Mico intermedius possui tufos apenas na face externa do pavilhão auditivo, e as demais espécies possuem a orelha praticamente nua. A cauda geralmente é negra, contrastando com a coloração ventral e dorsal do animal, mas pode ser anelada.
A fórmula dentária é . Os incisivos inferiores são da mesma altura dos caninos, e a face interna desses dentes apresenta uma camada mais fina de esmalte.[17] Os primeiros molares superiores possuem um aspecto triangular em vista oclusal, ocasionado pela perda do hipocone e pelo deslocamento do protocone para o nível da centrocrista.[18]
Ecologia
editarOs saguis amazônicos do gênero Mico possuem uma área de vida entre 5 e 28 hectares.[19][20] Os grupos podem conter até 15 indivíduos e são geralmente compostos por uma fêmea reprodutiva dominante e um ou dois machos adultos reprodutivos, mas grupos grandes podem ter mais fêmeas em idade reprodutiva. São frugívoros-insetívoros, e usam sua mandíbula e incisivos especializados para abrir buracos em troncos de árvore em busca de exsudatos. Alguns autores sugeriram que os saguis do gêneros Callithrix, Mico e Saguinus têm preferência por florestas com algum grau de distúrbio, devido a esse ambiente proporcionar uma maior disponibilidade de frutos e insetos.[19]
Geralmente onde ocorrem são os únicos primatas de pequeno porte (< 400 gramas), porém Mico emiliae e Saguinus weddelli são sintópicos em Rondônia, assim Mico argentatus e Saguinus niger no Pará. Existe apenas um caso conhecido de sintopia entre duas espécies de Mico: entre Mico humilis e Mico marcai.
Referências
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- ↑ a b c Rylands AB; Mittermeier RA (2009). «The Diversity of the New World Primates (Platyrrhini): An Annotated Taxonomy». In: Garber PA; Estrada A; Bicca-Marques JC; Heymann EW; Strier KB. South American Primates: Comparative Perspectives in the Study of Behavior, Ecology, and Conservation 3ª ed. Nova Iorque: Springer. pp. 23–54. ISBN 978-0-387-78704-6
- ↑ a b Groves, C. (2001). Primate Taxonomy. Smithsonian Institution Press. ISBN 1-56098-872-X
- ↑ Barroso, C. M. L.; Schneider, H.; Schneider, M. P. C.; Sampaio, I.; Harada, M. L.; Czelusniak, J.; Goodman, M. (1 de agosto de 1997). «Update on the Phylogenetic Systematics of New World Monkeys: Further DNA Evidence for Placing the Pygmy Marmoset (Cebuella) within the Genus Callithrix». International Journal of Primatology (em inglês). 18 (4): 651–674. ISSN 0164-0291. doi:10.1023/A:1026371408379
- ↑ Rylands, Anthony B. (1 de janeiro de 2000). An assessment of the diversity of New World primates (em inglês). [S.l.]: Conservation International
- ↑ a b Garbino, Guilherme S. T. (1 de dezembro de 2015). «How many marmoset (Primates: Cebidae: Callitrichinae) genera are there? A phylogenetic analysis based on multiple morphological systems». Cladistics (em inglês). 31 (6): 652–678. ISSN 1096-0031. doi:10.1111/cla.12106
- ↑ a b Rylands, Mittermeier, Coimbra-Filho, Heymann, de la Torre, Silva Jr., Kierulff, Noronha and Röhe (2008). Marmosets and Tamarins: Pocket Identification Guide. Conservation International. ISBN 978-1-934151-20-4
- ↑ Schneider, Horacio; Bernardi, Jose Antonio R.; Da Cunha, Divino B.; Tagliaro, Claudia H.; Vallinoto, Marcelo; Ferrari, Steve F.; Sampaio, Iracilda (1 de janeiro de 2012). «A molecular analysis of the evolutionary relationships in the Callitrichinae, with emphasis on the position of the dwarf marmoset». Zoologica Scripta (em inglês). 41 (1): 1–10. ISSN 1463-6409. doi:10.1111/j.1463-6409.2011.00502.x
- ↑ Digby, L., Ferari, S. & Saltzman, W. (2007). «Callitrchines». In: Campbell, C.; et al. Primates in Perspective. Oxford: Oxford University Press. pp. 85–106. ISBN 978-0-19-517133-4
- ↑ van Roosmalen, M G. M., and van Roosmalen, T. (2003). The description of a new marmoset genus, Callibella (Callitrichinae, Primates), including its molecular phylogenetic status. Arquivado em 25 de julho de 2011, no Wayback Machine. Neotropical Primates 11(1): 1–10.
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- ↑ Garbino, Guilherme Siniciato Terra. «The Southernmost Record ofMico emiliae(Thomas, 1920) for the State of Mato Grosso, Northern Brazil». Neotropical Primates. 18 (2): 53–55. doi:10.1896/044.018.0204
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- ↑ Rosenberger, A. L. (17 de fevereiro de 1978). «Loss of Incisor Enamel in Marmosets». Journal of Mammalogy (em inglês). 59 (1): 207–208. ISSN 0022-2372. doi:10.2307/1379899
- ↑ Natori, Masahito (1 de julho de 1986). «Interspecific relationships ofCallithrix based on the dental characters». Primates (em inglês). 27 (3): 321–336. ISSN 0032-8332. doi:10.1007/BF02382074
- ↑ a b Rylands, Anthony B. (1 de dezembro de 1986). «Ranging behaviour and habitat preference of a wild marmoset group, Callithrix humeralifer (Callitrichidae, Primates)». Journal of Zoology (em inglês). 210 (4): 489–514. ISSN 1469-7998. doi:10.1111/j.1469-7998.1986.tb03652.x
- ↑ Albernaz, Ana Luisa; Magnusson, William E. (1 de outubro de 1999). «Home-Range Size of the Bare-ear Marmoset (Callithrix argentata) at Alter do Chão, Central Amazonia, Brazil». International Journal of Primatology (em inglês). 20 (5): 665–677. ISSN 0164-0291. doi:10.1023/A:1020748601620