Miguel Mauricas
Miguel Mauricas ou Maurex (em grego: Μιχαήλ Μαυρίκας/Μαύρηξ; romaniz.: Michaél Mauríkas/Maúrex) foi um comandante naval bizantino ativo no final do século XI, principalmente durante as guerras bizantino-normandas. Sua identidade não é certa, pois diversas pessoas acabaram identificadas com ele: um "Mauricas" foi um rico marinheiro e magnata de Heracleia Pôntica, um almirante chamado nas fontes latinas de Mambrita ou Mambrica, que esteve ativo contra os normandos nas décadas de 1060 a 1080, e um Miguel Mauricas, general e governador conhecido pelos seus selos.[1][2][3]
Miguel Mauricas | |
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Nacionalidade | Império Bizantino |
Ocupação | General |
Religião | Catolicismo |
Vida
editarNo Dicionário Oxford de Bizâncio, Alexander Kazhdan aceita que o magnata Mauricas e o almirante sejam a mesma pessoa, mas considera que a identificação com Miguel Mauricas seja duvidosa, pois o primeiro não aparece como tendo nenhum dos títulos deste Mauricas.[1] De forma similar, Michael Hendy duvida da identificação do magnata Mauricas, uma "pessoa privada", com qualquer dos comandantes militares de mesmo nome, mas considera que o general Mauricas e o comandante naval sejam a mesma pessoa.[4]
Carreira
editarDe acordo com Nicéforo Briênio, Mauricas teve uma origem humilde em Heracleia e era muito habilidoso em assuntos navais, o que fez dele, nas palavras de Briênio, "indispensável" para o Império Bizantino, fazendo dele um homem rico pelos presentes que recebia dos sucessivos imperadores.[1][2] O general Miguel Mauricas aparece pela primeira vez por volta de 1050, no reinado de Constantino IX (r. 1042–1055), com o título relativamente inferior de ostiário e os selos encontrados com seu nome permitem acompanhar sua ascensão a hípato, patrício, vesta e estratego de Quios, vestarca e catepano do Tema de Dirráquio, magistro, proedro e duque do Tema Bucelário, até curopalata e duque de Antioquia.[1][5][3][6]
Em 1066, de acordo com a Breve Crônica Normanda, Mauricas (Mambrica/Mambrita) comandou um frota que impediu uma tentativa de invadir os Bálcãs do conde Godofredo de Taranto e, no ano seguinte, à frente de um exército bizantino que desembarcou na Apúlia, tomou Bari, Taranto e Castellaneta dos normandos. Ele não conseguiu impedir, porém, que eles cercasse Bari novamente em 1068 e, dois anos depois, aparece novamente lutando contra Godofredo e Roberto Guiscardo.[2][3] Por volta de 1076, de acordo com Briênio, Mauricas hospedou o futuro imperador Aleixo Comneno em suas terras em Heracleia. Aleixo, era ainda um general em campanha contra os turcos seljúcidas, e Mauricas deu-lhe muitas tropas retiradas de seu exército pessoal.[4][1][2]
Mauricas aparece novamente na crônica de Ana Comnena, sem maiores comentários, liderando uma frota conjunta de bizantinos e venezianos que venceu os normandos na primavera de 1082.[7] Ele aparece pela última vez em 1084, quando é brevemente mencionado (dux Mabrica) por Guilherme da Apúlia como sendo o comandante de um frota bizantina estacionada em Corfu.[1][5]
Ver também
editar
Precedido por Catacalo Tarcaniota |
Duque de Antioquia Ca. 1078 (?) |
Sucedido por Vasácio Palavuni |
Referências
- ↑ a b c d e f Kazhdan 1991, p. 1317.
- ↑ a b c d Skoulatos 1980, p. 197.
- ↑ a b c Stephenson 2000, p. 157.
- ↑ a b Hendy 2008, p. 240.
- ↑ a b Skoulatos 1980, p. 197–198.
- ↑ «Michael 10108 - Michael Maurix (Maurikas)» (em inglês). Prosopografia do mundo bizantino. Consultado em 16 de abril de 2014
- ↑ Ana Comnena século XI, IV.3.
Bibliografia
editar- Ana Comnena (século XI). Alexíada. Constantinopla
- Hendy, Michael F. (2008). Studies in the Byzantine Monetary Economy c. 300–1450. Cambridge, Reino Unido: Cambridge University Press. ISBN 0-521-24715-2
- Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
- Skoulatos, Basile (1980). Les personnages byzantins de I'Alexiade: Analyse prosopographique et synthese. Louvain-la-Neuve: Nauwelaerts
- Stephenson, Paul (2000). Byzantium's Balkan Frontier: A Political Study of the Northern Balkans, 900-1204. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-77017-3