Pará (monitor)
O Pará foi um dos monitores fluviais da classe Pará construídos para a Marinha do Brasil durante a Guerra do Paraguai no final da década de 1860. O Pará participou na Passagem de Humaitá em fevereiro de 1868 e forneceu apoio de fogo ao exército pelo resto da guerra. O navio, que carregava um canhão Whitworth de 70 libras na sua torre de canhão, foi destinado à Flotilha do Mato Grosso após a guerra. Em 1884, o Pará foi desarmado e descartado.
Pará | |
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Passagem de Humaitá, efetuada na noite de 19 de fevereiro de 1868 pelos encouraçados Barroso, Bahia e Tamandaré, levando a reboque os monitores Rio Grande, Alagoas e Pará (Angelo Agostini, A Vida Fluminense, 1868). | |
Brasil | |
Operador | Armada Imperial Brasileira |
Fabricante | Arsenal de Marinha da Corte, Rio de Janeiro |
Homônimo | Província do Grão-Pará |
Batimento de quilha | 8 de dezembro de 1866 |
Lançamento | 21 de maio de 1867 |
Comissionamento | 15 de junho de 1867 |
Destino | Descartado em 10 de dezembro de 1884 |
Características gerais | |
Tipo de navio | Monitor |
Classe | Pará |
Deslocamento | 500 toneladas |
Comprimento | 39 |
Boca | 8,54 |
Calado | 1,51 – 1,54 |
Propulsão | Duas máquinas a vapor (cada uma com duas caldeias), cada uma com uma hélice de 1,3 metros |
- | 177 cv (130 kW) |
Velocidade | 8 nós |
Armamento | 1 canhão Whitworth de 70 libras |
Blindagem | Cinturão: 51 – 102 mm Torre de canhão: 76 – 152 mm Convés: 12,7 mm |
Tripulação | 43 homens |
Design e descrição
editarOs monitores fluviais da classe Pará foram projetados para atender à necessidade da Marinha do Brasil em possuir navios blindados, de pequeno calado e capazes de suportar fogo pesado. A configuração do monitor foi a escolhida porque o projeto com torres não apresentava os mesmos problemas de abordagem de navios e fortificações inimigas que os couraçados casamata já em serviço no Brasil apresentavam. A torre de canhão oblonga ficava numa plataforma circular que tinha um pivô central. Era girada por quatro homens através de um sistema de engrenagens; eram necessários 2,25 minutos para uma rotação completa de 360 graus. Um rostro de bronze também foi instalado nesses navios. O casco foi revestido com metal Muntz para reduzir a bioincrustação.[1]
A sua construção, assim como a dos outros da sua classe, foi inspirada nos estudos e experiências de combates da Guerra Civil Americana e da própria guerra do Paraguai, além de ser considerado uma inovação em sua época. Apenas britânicos, franceses e norte-americanos possuíam tais embarcações.[2] Os navios mediam 39 metros de comprimento, com uma boca de 8,54 metros. Eles tinham um calado de entre 1,51 e 1,54 metros e deslocavam 500 toneladas.[3] Com apenas 0,3 metros de borda livre tiveram que ser rebocados entre o Rio de Janeiro e a sua área de operação.[1] A sua tripulação era composta por 43 oficiais e homens.[3]
Propulsão
editarOs navios da classe Pará tinham duas máquinas a vapor de ação direta, cada uma dirigindo uma hélice de 1,3 metros. Os seus motores eram movidos por duas caldeiras tubulares a uma pressão de 59 psi. Os motores produziram um total de 180 ihp que deu aos monitores uma velocidade máxima de 8 nós em águas calmas. Os navios carregavam carvão suficiente para um dia.[4]
Armamento
editarO Pará carregava um canhão Whitworth de 70 libras na sua torre de canhão. O canhão de 70 libras tinha uma elevação máxima de 15 graus e tinha um alcance máximo de 5540 metros.[5] A Whitworth de 70 libras pesava 3892 kg e disparava um projéctil de 140 milímetros que pesava 36,7 kg.[6] Uma característica incomum é que a estrutura de ferro, criada no Brasil, foi projetada para girar verticalmente com o cano do canhão; isso foi feito de modo a minimizar o tamanho da porta do canhão através da qual projecteis do inimigo poderiam entrar.[7]
Armadura
editarO casco dos navios da classe Pará era feito de três camadas de madeira que se alternavam na orientação. Tinham uma espessura de 457 milímetros e eram cobertas com uma camada de madeira de peroba-comum de 102 milímetros. Os navios tinham um cinturão de linha de água completo de ferro forjado, com uma altura de 0,91 metros; ele tinha uma espessura máxima de 102 milímetros a meio da embarcação, diminuindo para 76 milímetros e 51 milímetros nas extremidades do navio. O convés curvo foi blindado com ferro forjado de 12,7 milímetros.[1]
A torre do canhão tinha a forma de um retângulo com cantos arredondados. Foi construído de forma muito semelhante ao casco, mas a frente da torre era protegida por uma armadura de 152 milímetros, os lados em 102 milímetros e a parte traseira em 76 milímetros. O seu teto e as partes expostas da plataforma sobre a qual repousava eram protegidos por 12,7 milímetros de armadura. A casa do piloto blindada foi posicionada à frente da torre.[1]
Serviço
editarO batimento de quilha do Pará deu-se no Arsenal de Marinha da Corte no Rio de Janeiro, no dia 8 de dezembro de 1866, durante a Guerra do Paraguai, que viu a Argentina e o Brasil aliarem-se contra o Paraguai. O navio foi lançado no dia 21 de maio de 1867 e concluído em 15 de junho de 1867. Ele foi rebocado para o Río da Prata no dia 20 de junho de 1867 e subiu o rio Paraná através dos seus próprios meios, embora a sua passagem mais a norte tenha sido bloqueada pelas fortificações paraguaias em Humaitá. No dia 19 de fevereiro de 1868, seis couraçados brasileiros, incluindo o Pará, passaram por Humaitá à noite. O Pará e os seus dois navios irmãos, os monitores Alagoas e Rio Grande, foram amarrados aos couraçados maiores para o caso de algum motor deles ficar inoperacional pelos canhões paraguaios. O encouraçado Barroso liderou com o Rio Grande, seguido pelo Bahia com o Alagoas e Tamandaré com o Pará. O monitor teve que ser encalhado após passar pela fortaleza para evitar que se afundasse.[8]
O Pará foi reparado no dia 27 de fevereiro, quando se juntou a um esquadra naval enviada para capturar a cidade de Laureles. No dia 15 de outubro bombardeou o Forte de Angostura na companhia do Brasil, Silvado, Rio Grande, Alagoas e Ceará. Em 17 de maio de 1869, o Pará juntou-se a um esquadrão de bloqueio nos rios Jejuy e Araguaia. Depois da guerra, foi designado para a recém-formada Flotilha do Mato Grosso. Em 10 de dezembro de 1884, foi desarmado e descartada em Ladário.[9]
Ver também
editarNotas
editar- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Brazilian monitor Pará».
Referências
- ↑ a b c d Gratz 1999, p. 153.
- ↑ Martini 2018, p. 111.
- ↑ a b Gratz 1999, p. 154.
- ↑ Gratz 1999, pp. 154-156.
- ↑ Gratz 1999, pp. 153-154.
- ↑ Holley 1865, pp. 34.
- ↑ Gratz 1999, p. 155.
- ↑ Gratz 1999, pp. 149-150.
- ↑ Gratz 1999, p. 157.
Bibliografia
editar- Gratz, George A. (1999). «The Brazilian Imperial Navy Ironclads, 1865–1874». In: Preston, Antony. Warship 1999–2000. Conway Maritime Press. Londres: [s.n.] ISBN 0-85177-724-4
- Holley, Alexander Lyman (1865). A Treatise on Ordnance and Armor. Nova York: D. Van Nostrand
- Martini, Fernando Ribas de (2018). «Monitores sob ataque: do Alagoas em Humaitá ao Pernambuco em Porto Esperança, a dura arte de aprender lições» (PDF). Revista Navigator. 14 (28). ISSN 0100-1248
Ligações externas
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