Piauí (monitor)
O Piauí foi o quarto monitor fluvial da classe Pará construído para a Marinha do Brasil durante a Guerra do Paraguai, no final da década de 1860. O Piauí passou pelas fortificações de Humaitá em julho de 1868 e prestou apoio de fogo ao exército durante o resto da guerra. O navio foi destinado à Flotilha do Mato Grosso após a guerra. O Piauí foi sucateado em 1893.
Piauí | |
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Linhas da Classe Pará | |
Brasil | |
Operador | Armada Imperial Brasileira |
Fabricante | Arsenal de Marinha da Corte, Rio de Janeiro |
Homônimo | Província do Piauí |
Batimento de quilha | 8 de dezembro de 1866 |
Lançamento | 8 de janeiro de 1868 |
Descomissionamento | 23 de junho de 1897 |
Características gerais | |
Tipo de navio | Monitor |
Classe | Pará |
Deslocamento | 500 toneladas |
Comprimento | 39 |
Boca | 8,54 |
Calado | 1,51 – 1,54 |
Propulsão | Duas máquinas a vapor (cada uma com duas caldeias), cada uma com uma hélice de 1,3 metros |
- | 177 cv (130 kW) |
Velocidade | 8 nós |
Armamento | Provavelmente 1 canhão Whitworth de 120 libras |
Tripulação | 43 homens, sendo 8 oficiais e 35 praças. |
Design e descrição
editarOs monitores fluviais da classe Pará foram projetados para atender à necessidade da Marinha do Brasil em possuir navios blindados, de pequeno calado e capazes de suportar fogo pesado. A configuração do monitor foi a escolhida porque o projeto com torres não apresentava os mesmos problemas de abordagem de navios e fortificações inimigas que os couraçados casamata já em serviço no Brasil apresentavam. A torre de canhão oblonga ficava numa plataforma circular que tinha um pivô central. Era girada por quatro homens através de um sistema de engrenagens; eram necessários 2,25 minutos para uma rotação completa de 360 graus. Um rostro de bronze também foi instalado nesses navios. O casco foi revestido com metal Muntz para reduzir a bioincrustação.[1][2]
A sua construção, assim como a dos outros da sua classe, foi inspirada nos estudos e experiências de combates da Guerra Civil Americana e da própria guerra do Paraguai, além de ser considerado uma inovação em sua época. Apenas britânicos, franceses e norte-americanos possuíam tais embarcações. Os navios mediam 39 metros de comprimento, com uma boca de 8,54 metros. Eles tinham um calado de entre 1,51 e 1,54 metros e deslocavam 500 toneladas. Com apenas 0,3 metros de borda livre tiveram que ser rebocados entre o Rio de Janeiro e a sua área de operação.[1] A sua tripulação era composta por 43 oficiais e homens.[3]
Propulsão
editarOs navios da classe Pará tinham duas máquinas a vapor de ação direta, cada uma dirigindo uma hélice de 1,3 metros. Os seus motores eram movidos por duas caldeiras tubulares a uma pressão de 59 psi. Os motores produziram um total de 180 cavalos de potência indicados que deu aos monitores uma velocidade máxima de 8 nós (14 quilômetros por hora) em águas calmas. Os navios carregavam carvão suficiente para um dia.[4]
Armamento
editarO Piauí carregava um canhão Whitworth de 120 libras (RML) na sua torre de canhão. O canhão de 120 libras tinha um alcance máximo de 5540 metros.[nota 1][6] Ele pesava 7556 kg e disparava um projéctil de 178 milímetros que pesava 68,5 kg.[7] Uma característica incomum é que a estrutura de ferro, criada no Brasil, foi projetada para girar verticalmente com o cano do canhão; isso foi feito de modo a minimizar o tamanho da porta do canhão através da qual projecteis do inimigo poderiam entrar.[8]
Armadura
editarO casco dos navios da classe Pará era feito de três camadas de madeira que se alternavam na orientação. Tinham uma espessura de 457 milímetros e eram cobertas com uma camada de madeira de peroba-comum de 102 milímetros. Os navios tinham um cinturão de linha de água completo de ferro forjado, com uma altura de 0,91 metros; ele tinha uma espessura máxima de 102 milímetros a meio da embarcação, diminuindo para 76 milímetros e 51 milímetros nas extremidades do navio. O convés curvo foi blindado com ferro forjado de 12,7 milímetro.[1]
A torre do canhão tinha a forma de um retângulo com cantos arredondados. Foi construído de forma muito semelhante ao casco, mas a frente da torre era protegida por uma armadura de 152 milímetro, os lados em 102 milímetros e a parte traseira em 76 milímetros. O seu teto e as partes expostas da plataforma sobre a qual repousava eram protegidos por 12,7 milímetros de armadura. A casa do piloto blindada foi posicionada à frente da torre.[1]
Serviço
editarO batimento de quilha do Piauí deu-se no Arsenal de Marinha da Corte no Rio de Janeiro, no dia 8 de dezembro de 1866, durante a Guerra do Paraguai, que viu a Argentina e o Brasil aliarem-se contra o Paraguai. Ele foi lançado em 8 de janeiro de 1868 e comissionado no final daquele mês. Juntamente com os encouraçados Silvado e Cabral, o Piauí passou pelas enfraquecidas fortificações paraguaias em Humaitá no dia 21 de julho de 1868. Ele bombardeou Assunção naquele mesmo dia.[9][10] O monitor e vários encouraçados brasileiros bombardearam as baterias paraguaias em Angostura, a jusante de Assunção, nos dias 28 de outubro, 19 de novembro e 26 de novembro. O Piauí, juntamente com os navios irmãos Ceará e Santa Catarina, rompeu as defesas paraguaias em Guaraio em 29 de abril de 1869 e expulsou os seus defensores.[11] Em 31 de agosto de 1869 o monitor tentou, sem sucesso, localizar e destruir os remanescentes da Marinha do Paraguai no rio Manduvirá. Na década de 1880, o armamento do navio foi reforçado com um par de metralhadoras de 11 mm.[12][8] Após a guerra, ele foi designado para a Flotilha do Mato Grosso e foi desarmado em Ladário em virtude do Aviso de 23 de junho de 1897.[5]
Ver também
editarNotas
Referências
- ↑ a b c d Gratz, p. 153
- ↑ Preston 1999, p. 153.
- ↑ Gratz, p. 154
- ↑ Gratz, pp. 154–56
- ↑ a b «NGB - Monitor Encouraçado Piauí». www.naval.com.br. Consultado em 14 de janeiro de 2021
- ↑ Gratz, pp. 153–54
- ↑ Holley, p. 34
- ↑ a b Gratz, p. 155
- ↑ Preston 1999, p. 157.
- ↑ Gratz, p. 157
- ↑ Donato, pp. 186, 300
- ↑ Preston 1999, p. 155.
Bibliografia
editar- Donato, Hernâni (1996). Dicionário das batalhas brasileiras. Col: Biblioteca "Estudos brasileiros". 17. São Paulo: Instituição Brasileira de Difusão Cultural. OCLC 19455576
- Gratz, George A. (1999). «The Brazilian Imperial Navy Ironclads, 1865–1874». In: Preston, Antony. Warship 1999–2000. London: Conway Maritime Press. ISBN 0-85177-724-4
- Holley, Alexander Lyman (1865). A Treatise on Ordnance and Armor. New York: D. Van Nostrand. OCLC 5079161
- Martini, Fernando Ribas de (2018). «Monitores sob ataque: do Alagoas em Humaitá ao Pernambuco em Porto Esperança, a dura arte de aprender lições» (PDF). Revista Navigator. 14 (28). ISSN 0100-1248
- Preston, Antony (1999). Warship 1999-2000. London: Conway Maritime Press. ISBN 0851777244. OCLC 44885448
Ligações externas
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