Ponte Grande (São Paulo)

A Ponte Grande foi um bairro situado ao norte do distrito do Bom Retiro, zona central do município de São Paulo, Brasil. A região balneária era destinada a competições aquáticas e localizava-se nas proximidades da atual Ponte das Bandeiras, na margem sul do Rio Tietê.

Ponte Grande
Bairro de São Paulo
Ponte Grande
Distrito Bom Retiro
Região Administrativa Centro

Situado na várzea sul do rio Tietê fazia contraposição à Ponte Pequena, bairro localizado nas imediações de uma pequena ponte que cruzava o rio Tamanduateí.[1]

História

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Ponte Grande circa 1870-1882, em imagem do fotógrafo carioca Marc Ferrez (1843-1923). Acervo da Biblioteca Mário de Andrade

A região se desenvolveu após a construção da Ponte Grande, erguida na primeira década de 1700. A ponte ligava o bairro da Luz, no centro da cidade de São Paulo colonial a "Estrada para Bragança",[2] (atual Rua Voluntários da Pátria) localizada na época na Fazenda de Sant' Ana, a principal fazenda suburbana do Colégio de São Paulo dos Campos de Piratininga.[3] Atravessava o rio Tietê, que na época era chamado de rio Guaré. Graças a essa obra se deu mais efetivamente o desenvolvimento das terras setentrionais, além-Tietê. Construída com árvores das margens do rio inicialmente recebeu ao longo do tempo cobertura de ferro fundido sobre pilares de pedra.[4]

Até o final do século XIX era uma região balneária, e um dos locais preferidos da população para fotografias. À margem do rio e de seus canais subsidiários, existiam vários restaurantes e lugares reservados a piqueniques e passeios em barcos. Na região existiam propriedades rurais, a principal delas pertencia ao General Couto de Magalhães, a "Chácara Ponte Grande" e abrigava um observatório astronômico e um Museu Indígena. O observatório, popularmente chamado de “Observatório da Ponte Grande”, é considerado o primeiro da cidade. Estima-se que tenha sido construído entre os anos 1865-1870 e tenha passado por demolição no final da década de 1930.[4]

Em 1884, após uma crescente urbanização na cidade de São Paulo, o Rio Tietê recebeu sua primeira interferência civilizatória, através do Projeto de Regularização do Rio Tietê e Dique Marginal, liderado pelo engenheiro João Pereira Ferraz, visando a retificação do rio, da região até Osasco.[5]

No início do século XX, mais especificamente em 1907, houve a inauguração do Clube de Regatas Tietê e a região era um local privilegiado para as torcidas que acompanhavam as regatas dos clubes Regatas Tietê e Esperia, realizadas no rio. A Travessia de São Paulo a Nado era realizada entre a Ponte Grande até a Ponte da Vila Maria, com flutuadores com cordas e raias, em uma extensão de 5500 metros.[6][7]

Além da tradição nos esportes aquáticos o bairro abrigou os primeiros estádios de dois grandes clubes de futebol paulistanos. A Chácara da Floresta (Estádio da Floresta) construído em 1906, pertenceu a São Bento e foi o primeiro estádio do São Paulo Futebol Clube. E no ano de 1918 foi inaugurado o Estádio da Ponte Grande, situado em um terreno da antiga Rua dos Imigrantes (atual Rua José Paulino), onde o Sport Club Corinthians Paulista foi fundado.[8] Na época, a prefeitura acordou com o então presidente do clube, João Baptista Maurício, o direito de posse da área, situada entre os terrenos do Clube de Regatas Tietê e da Associação Atlética das Palmeiras.[9]

Em 1918 o bairro fez parte do percurso da ‘Taça Estadinho’, primeira corrida de rua de São Paulo organizada pelo jornal O Estado de S. Paulo, antecedendo a tradicional Corrida Internacional de São Silvestre.[10]

Em 1940 a Ponte Grande foi demolida, obsoleta para demanda da metrópole, sendo substituída pela atual Ponte das Bandeiras - Senador Romeu Tuma inaugurada oficialmente em 1942, construída em arco de concreto.[11] E a partir dessa década, a denominação "Ponte Grande" caiu em desuso, abrangendo os atuais bairros da Ponte Pequena e Bom Retiro, situados no distrito do Bom Retiro, administrado pela Prefeitura Regional da Sé, zona central paulistana.[12]

Referências

  1. «Ponte Grande e Ponte das Bandeiras». Mãe Natureza. Consultado em 15 de janeiro de 2025 
  2. «DICIONÁRIO DE RUAS». dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br. Consultado em 28 de janeiro de 2021 
  3. «Santana chega aos 227 anos como a locomotiva da Zona Norte». Jornal Semanário da Zona Norte. 24 de julho de 2009. Consultado em 19 de agosto de 2009. Arquivado do original em 26 de agosto de 2014 
  4. a b «A ponte, o observatório e o brigadeiro». Sampa Histórica. 4 de outubro de 2014. Consultado em 15 de janeiro de 2025 
  5. Trentin, Teixeira, Juliana (fevereiro de 2015). «O processo Tietê : uma proposta possível» 
  6. Capital, Redação Carta. «O fim do Clube de Regatas Tietê». CartaCapital 
  7. «Clubes do Tietê». www.daee.sp.gov.br. Consultado em 30 de novembro de 2018 
  8. «Ponte Grande». www.acervosccp.com 
  9. A Vida Sportiva em São Paulo (23 de março de 1918). «Palestra Itália x Corinthians». Vida Sportiva, Ano II edição 31, página 19/republiucado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 27 de julho de 2020 
  10. «A Taça Estadinho: corrida de rua promovida pelo Estadão antecedeu a São Silvestre». Estadão. Consultado em 15 de janeiro de 2025 
  11. «Prefeitura libera uso de nome de Tuma para ponte das Bandeiras - 18/04/2017 - Mônica Bergamo - Colunistas - Folha de S.Paulo». m.folha.uol.com.br 
  12. «Era uma vez em SP... Ponte Grande». Estadão. Consultado em 15 de janeiro de 2025