Porta Esquilina
Porta Esquilina era um portão da antiga Muralha Serviana[1]. Segundo a tradição, sua construção remonta ao século VI a.C., quando se acredita que a muralha teria sido construída pelo rei Sérvio Túlio. Porém, segundo os estudiosos modernos e as evidências arqueológicas, ela seria do século IV a.C.[2].
Porta Esquilina | |
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Arco de Galiano, a antiga Porta Esquilina. | |
Diagrama da Muralha Serviana com a Porta Esquilina (nº 3). | |
Informações gerais | |
Tipo | Portão |
Geografia | |
País | Itália |
Cidade | Roma |
Localização | Região III - Ísis e Serápis |
Coordenadas | 41° 53′ 45″ N, 12° 30′ 05″ L |
Porta Esquilina |
Localização
editarA Porta Esquilina se abria entre Roma e o monte Esquilino, a leste da cidade e que servia, na época republicana, como cemitério. Depois, a região foi tomada pelos mais belos jardins dos imperadores romanos, como os Jardins de Mecenas[3]. Ao norte da Porta Esquilina estava o áger (aterro), uma seção fortificada da Muralha Serviana[4]. A sudoeste estavam alguns monumentos notáveis, como a Casa Dourada de Nero, as Termas de Tito e as Termas de Trajano[5]. Duas grandes estradas romanas, a via Labicana e a via Prenestina, partiam da Porta Esquilina[6], mas deixavam Roma como uma única via até se separarem definitivamente perto da muralha exterior da cidade, a Muralha Aureliana[1].
História
editarSeguindo o conceito do pomério, aparentemente havia uma "tradição" não oficial romana de que certos tipos de assassinatos deveriam ser realizados "fora" da cidade e, por isso, diversos autores antigos incluem a Porta Esquilina em suas descrições de atos do tipo. Por exemplo, Cícero conta que a morte de Asino de Larinum teria ocorrido "fora da Porta Esquilina"[7] e Tácito afirma que o astrólogo Públio Márcio teria sido executado pelos cônsules fora da Porta Esquilina[8].
A Porta Esquilina também foi mencionada na literatura antiga como uma importante via de entrada e saída de Roma. Lívio narra o plano estratégico do cônsul Valário para atrair salteadores etruscos que atacavam os romanos. Valário ordenou que o gado, que havia sido recolhido para o interior da muralha por segurança, fosse retirado pela Porta Esquilina para que os etruscos fossem atraídos para o sul para que os romanos pudessem emboscá-los e envolvê-los por todos os lados[9]. Cícero, num discurso minimizando a grandiosidade dos triunfos, menciona como ele pisoteou seus louros macedônios ao entrar na cidade pela Porta Esquilina, o que sugere que este portão era utilizado para os triunfos da época[10]. Outro exemplo é a descrição de Plutarco sobre a primeira marcha sobre Roma de Sula[11], que ordenou que a Porta Esquilina fosse conquistada e enviou algumas de suas forças para tomá-la. Porém, pedras e tijolos foram atirados nelas por cidadãos romanos que Mário havia recrutado para defender a cidade[12].
Inicialmente, a Porta Esquilina era um arco simples construído no século I d.C., que depois foi transformado numa estrutura tripla no século III[13] que alcançava 8,8 metros de altura[1], uma obra patrocinada pelo equestre Marco Aurélio Vítor em 262 em homenagem ao imperador romano Galiano[14]. Apesar de as evidências arqueológicas terem revelado sinais das fundações de um pilar a mais, os arcos adicionais de Aurélio Vítor não sobreviveram e atualmente apenas o arco central original permanece no local[13].
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c Platner, S.B. & Ashby, T. A Topographical Dictionary of Ancient Rome. London: Humphrey Milford Oxford University, Press. 1929 (em inglês)
- ↑ Holloway, R. Ross. The Archaeology of Early Rome and Latium. London and New York: Routledge Press. 1994 (em inglês)
- ↑ Speake, Graham. A Dictionary of ancient history. Oxford, OX, UK: Blackwell Reference, 1994. (em inglês)
- ↑ Palmer, Robert E. A. Jupiter Blaze, Gods of the Hills, and the Roman Topography of CIL VI, 377. American Journal of Archaeology, Vol. 80, No. 1, pp. 43-56. (Winter, 1976) (em inglês)
- ↑ Bunson, Matthew. Encyclopedia of the Roman Empire. New York: Facts on File, 1994. (em inglês)
- ↑ The Geography of Strabo. London. George Bell & Sons. 1903. (em inglês)
- ↑ Cic. Pro. Clu. 37. M. Tullius Cicero. The Orations of Marcus Tullius Cicero, trad. C.D. Yonge, B. A. London. Henry G. Bogn, York Street, Covent Garden. 1856. (em inglês)
- ↑ Tac. Ann. ii. 32. Complete Works of Tacitus. Tácito. Alfred John Church. William Jackson Brodribb. Sara Bryant. New York: Random House, Inc. Random House, Inc. ed. 1942. (em inglês)
- ↑ Lívio. ii. 11. 5. History of Rome. Trad. Rev. Canon Roberts. New York, New York. (em inglês)
- ↑ Cic. In Pis. 61, M. Tullius Cicero. The Orations of Marcus Tullius Cicero, trad. C. D. Yonge, B. A. London. George Bell & Sons, York Street, Covent Garden. 1891. (em inglês)
- ↑ Plut. Sulla 9. 6
- ↑ Carney, T. F.The Flight and Exile of Marius. Greece & Rome, 2nd Ser., Vol. 8, No. 2, pp. 98-121 (Out., 1961). (em inglês)
- ↑ a b Holland, Leicester B. The Triple Arch of Augustus. American Journal of Archaeology, Vol. 50, No. 1, pp. 52-59 (Jan. - Mar., 1946). (em inglês)
- ↑ Marindin, G. E., William Smith LLD,and William Wayte. A Dictionary of Greek and Roman Antiquities. Albemarle Street, London. John Murray. 1890. (em inglês)