Rock rolinga

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O rock rolinga, também conhecido por rock stone, rock cabeza, rock barrial ou simplesmente rocanrol (simplificação argentina para 'rock and roll'),[1] é uma subgênero de rock and roll nascido na Argentina que se baseia basicamente no estilo (musical e visual) da banda inglesa The Rolling Stones, originando uma tribo urbana de fanáticos por esta banda e por outros artistas nacionais. Os termos "rolingas", "stones", "stonachos" ou "chabones"[2] são geralmente usados para designar os integrantes desta tribo urbana, geralmente pessoas originárias de bairros de classe média baixa.

Rock rolinga
Origens estilísticas Rock and roll, blues, country, rhythm and blues, boogie-woogie
Contexto cultural Década de 1990 na Argentina
Instrumentos típicos Guitarra elétrica, bateria, baixo, saxofone, Harmônica, teclados
Popularidade Ampla na Argentina e Uruguai.
Subgêneros
Rock stone melódico.
Gêneros de fusão
Rock chabón, Reggae chabón, Punk cabeza.
Formas regionais
Buenos Aires (Argentina)
Montevideo (Uruguai)

Atualmente na Argentina, apesar do declive do gênero durante a década de 2000, as 'bandas rolingas' - como são denominados os expoentes musicais nacionais do estilo - ainda conservam considerável popularidade. Mais além do aspecto comercial, observa-se uma enorme quantidade de seguidores marcando presença nos shows e aparições de bandas rolingas. Alguns exemplos deste tipo de grupo musical são os Ratones Paranoicos (considerados os criadores do estilo),[3] Viejas Locas, Intoxicados, La 25, Jóvenes Pordioseros, Ojos Locos, La Mocosa, Balas Perdidas, Barrios Bajos, Hijos del Oeste, Callejeros e Los Gardelitos.

História

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Antecedentes e nascimento

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Quando o rock argentino nasceu era considerado uma subcultura marginal. O rock pesado do princípio dos anos 70 também era uma subcultura marginal, ainda que em alguns casos, como nas músicas de Pappo, possuíam letras que tratavam sobre temas da vida cotidiana em bairros e subúrbios. Somado a isso, seus shows também eram dados em pequenos bares e pubs de diferentes bairros de classe média baixa de Buenos Aires, mostrando um caso de underground com inspiração suburbana. Até os anos 90 este estilo seria considerado underground.

Desde os anos 80, paralelamente ao apogeu do pop rock, houve bandas que, partindo-se de um ponto marginal, cresceram realizando uma série de ações próprias das bandas under. No princípio da referida época a Argentina experimentou uma “primeira época dourada do heavy metal”, com toda uma corrente de bandas under metaleras lideradas pelo grupo V8. Entretanto, outras bandas como Patricio Rey y sus Redonditos de Ricota haviam crescido exercendo um estilo de rock que desembocaria diretamente no rock rolinga. O livro História del Rock Argentino publicado em 1986, de Osvaldo Marzullo e Pancho Muñoz, havia classificado ambas as bandas como “rock marginal”.[4] Outras das características que, segundo o dito livro, se destacava nas duas bandas eram seus desenvolvimentos, apesar da falta de apoio de produção; e também a origem contraposta (ou “abaixo”) da cultura dominante, convertendo-se em representantes do circuito underground. Estas características seriam influências do rock rolinga, ainda que também influenciariam outros gêneros, como o punk local. O blues de Memphis la Blusera e Mississippi Blues Band também havia influenciado o gênero com sua temática.

O caso do grupo Ratones Paranoicos foi mais direto. Formado em 1984 a banda também havia sido classificados como parte do “rock marginal”, assim como uma banda underground. O livro supracitado menciona que “tiveram várias mudanças em sua formação”,[5] entretanto, desde o princípio eles tocavam um estilo de rock imitando os Rolling Stones. Em 1988 nascia a banda Los Piojos, em 1989 veio à cena Viejas Locas e em 1993 foi a vez dos Jóvenes Pordioseros. Estas bandas seriam os principais expoentes do gênero que, com a ajuda da banda que buscavam imitar, levariam ao sucesso massivo na Argentina. Apesar disso, a banda Los Piojos incursionava em outros gêneros também característicos dos bairros e subúrbios, como o candombe e o ska, perdendo assim muitos seguidores radicais por um lado, mas ganhando outros admiradores por outro, chegando a ser uma das bandas mais importantes do país.

Em 1987, o pop rock, reinante na Argentina, começou a perder peso frente a cena marginal devido a vários fatores: o sucesso do grupo Sumo e dos Patricio Rey y sus Redonditos de Ricota, somadas à visita dos Ramones na Argentina, que ocasionou a ressuscitação do punk (formando bandas insígnias como Attaque 77 e 2 Minutos); a popularização de estilos tropicais como o reggae (encabeçado por Los Pericos) e o ska (encabeçado por Los Auténticos Decadentes e Los Fabulosos Cadillacs); e a mudança na temática do próprio pop rock com os discos do grupo Vírus e Soda Stereo. A morte de Luca Prodan, líder da banda Sumo, avivaria a chama do rock marginal. Além disso havia algumas causas extra-musicais: a pobreza na Argentina, a decadência institucional e moral que o país experimentou durante o corrupto governo de Carlos Saul Menem e o crescimento desde meados dos anos 80 das torcidas organizadas de futebol.

Em meados dos anos 90, apesar do crescimento do “novo rock argentino” sua ascensão era lenta e modesta, ainda não havia conseguido desenvolver-se por completo. Nenhuma banda pertencente a esse movimento havia alcançado ainda um segmento massivo de público como as bandas pop dos anos 80. Sua música, intelectual em alguns casos (e que exigia várias leituras para sua compreensão e bom gosto, estavam longe de ser demagógica) também estava desenvolvendo-se. Devido a estes fatores o movimento ainda era muito vulnerável ao surgimento de um novo fenômeno musical que fosse simples e acessível para o público mais marginal.


Apogeu e definição

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Em 1995 os Rolling Stones chegaram à Argentina, país que fazia parte da turnê Voodoo Lounge Tour. Os integrantes da banda escolheram como bandas de abertura dos shows os Ratones Paranoicos e Viejas Locas. Sua influência foi absorvida pelo rock local, dando origem ao rock rolinga, gênero que capturou toda a atenção do público obtendo imediatamente o sucesso comercial e massivo, e abafando os outros gêneros (“novo rock”) ou debilitando-os (punk).

Em sua definição mais simples, o rock rolinga é franco, simples e centrada nas guitarras, com influência do blues e dos Rolling Stones, de onde se origina seu nome. O qualificativo “barrial” justifica-se pelo fato de que as bandas que o formaram provêm dos distintos bairros e subúrbios de classe média baixa (em alguns casos, classe baixa) dentro ou ao redor da grande Buenos Aires, professando a identificação assim a identificação suburbana mencionada. O fato do estilo também ser classificado de “rock chabón”[nota 1] corresponde a que seus seguidores são majoritariamente jovens do sexo masculino.

Repercussão

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Depois da morte de Luca Prodan, a banda Sumo se desintegrou gerando dois novos conjuntos musicais: Divididos e Las Pelotas.[2] Esta última seria a banda mais relacionada ao rock rolinga (apesar da estreita relação entre o grupo Divididos e as bandas stones) ainda que não formasse parte do gênero. O terceiro disco dos Divididos, La era de la Boludez, fez que a banda fosse considerada por certos meios como o álbum "Lado A" da banda Sumo, opinando que Las Pelotas era o “Lado B”, no entanto os primeiros também brilhariam na cena underground. No início dos anos 2000 (e depois do seu hit “Será”), a popularidade do grupo Las Pelotas estava em plena ascensão, apesar de que depois da saída do seu principal membro o futuro da banda ficou pendente.

Além disso, ao conseguir levar às multidões sua temática suburbana, indiretamente havia para o êxito de várias outras bandas que, embora não fossem rolingas, flertavam com o estilo. O rock rolinga indiretamente contribuiu para a decolagem de bandas argentinas de blues que até então eram conhecidas apenas no circuito underground. Entre elas estão Memphis la Blusera e Mississippi Blues Band, que por sua vez haviam influenciado o próprio gênero. Los Caballeros de la Quema e uma série de bandas marginais do rock não-rolinga também chegaram a topo do sucesso aproveitando a onda do rock barrial. O mesmo aconteceu para o grupo Attaque 77 e em alguns aspectos para 2 Minutos, ironicamente bandas de punk rock.

O rock rolinga também foi responsável pela ascensão de um fenômeno social: incentivou o crescimento das torcidas organizadas e evidenciou a pobreza na Argentina. O estilo também influenciaria a música que viria anos mais tarde, em especial a cumbia villera, além dos gêneros contemporâneos ao estilo, como as influências ao reggae argentino que, segundo a mídia local, poderia ser considerado uma espécie de “reggae stone”.[6]

No final dos anos 90 o rock rolinga era qualificado pela imprensa de diversas maneiras. O gênero havia sido qualificado pela edição argentina da revista Rolling Stone, ao cobrir um show do grupo Los Piojos, como um gênero que chegaria ao fim do século como o único estilo musical que realmente merecesse atenção[7] – ainda que, na mesma revista, a crítica do disco No Security da banda de Mick Jagger, dizia que era uma banda que não arriscava musicalmente e que o disco era “mais do mesmo”. A revista Madhouse, voltada para um público punk e metaleiro, revelou que “já estavam cansados da bandeira stone e de qualquer porcaria que quisesse vender sob o guarda-chuva deste movimento rock”, e ao mesmo tempo criticavam positivamente a banda Catupecu Machu.

Críticas

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Mesmo gozando de um sucesso retumbante o rock rolinga, desde o princípio, foi criticado por uma grande parte da sociedade e dos músicos da época.

Houve críticas para toda a cultura “chabón” em geral. A imprensa especializada advertiu sobre o empobrecimento na linguagem que o rock rolinga implicava[8] e sua carência criativa de falar repetidamente sobre temas que seus intérpretes julgassem polêmicos.[1] Claudio Díaz, autor do Libro de Viajes y Extravios: un Recorrido por el Rock Argentino (1965-1985), opinou que a música estava cada vez mais sem sentido, que a planificação do rock era parte de um fenômeno geral de empobrecimento relacionado com as mudanças nas coordenadas culturais do rock e da sociedade em geral. Segundo suas próprias palavras, “o rock dos anos 70 até os anos 80 estava fortemente ancorado pela literatura, poesia e filosofia, intimamente relacionado com os movimentos vanguardistas. Isso agora não existe mais. O mundo das referências culturais, desde a popularização do que se tem chamado de rock chabón, é o bairro, o futebol, a cerveja, etc”.

Em seu livro El Rock Perdido, Sergio Marchi argumenta que com Patricio Rey y sus Redonditos de Ricota, os referentes do rock nacional voltaram-se estereotipados, ora criticavam a televisão e a mídia sensacionalista ora exaltavam a vida cotidiana dos bairros, das galerias e das ruas, era o caso de bandas como Los Piojos e La Renga, que, segundo o autor, transformaram grandes artistas como Fito Paez e Gustavo Cerati em “dinossauros” ou, mais radicalmente, em inimigos. Mais adiante Marchi criticou o rock rolinga, entre outras coisas, por sua falsidade, dizendo que seus intérpretes escondiam sua falta de talento, dizendo também que tocavam mal porque eram autênticos, que eles acreditavam que não saber tocar era um mérito. Marchi declarou que os rolingas achavam que se soubessem três tons musicais já podiam formar uma banda; que, segundo a “filosofia do gênero”, se você não é daqueles que toma uma cerveja na esquina você é um careta, o jornalista acredita que o rock não nasceu para aprisionar, mas sim para proporcionar liberdade, mas esclarece que não é a liberdade de sair por aí fazendo o que quiser sem medir as consequências, mas sim ter a oportunidade imaginar o mundo diferente e fazer arte a partir desta ideia.[9] Em tom um pouco mais radical o sociólogo Pablo Semán disse que “o rock chabón é pobre assim como a Argentina decadente”.[10]

Luis Alberto Spinetta argumentou que no se interessava pelo gênero e que gostava de uns poucos músicos deste cenário. Gustavo Cerati criticou o rock stone dizendo que os argentinos estava importando um produto que era naturalmente argentino. Fito Paez também fez críticas ao rock rolinga e disse sem rodeios que “um povo que se fundamenta na ignorância gera tragédias, e esta coisa de tribos argentinas é algo terrível e homicida porque te deixa na ignorância”.[11] Os irmãos Fernando e Grabriel Ruiz Díaz, do grupo Catupecu Machu argumentaram que era um gênero demagógico, que os grupos apelam para letras que falam de drogas e vícios para vender e que eram hipócritas pelo fato de quererem copiar os Rolling Stones, mas não se comportavam como eles. Por sua parte Aprile Sosa, do conjunto musical Cuentos Borgeanos, disse que o rock rolinga é nefasto.

A banda Marzo de 76 havia criticado a atitude chabón ou barrial no sentido de que no punk rock, quando iam se apresentar, o público se embebedava e brigavam ao invés de interiorizarem-se com suas ideias e escutar a música. Novamente o termo “punk chabón” aparecia em 2006 pelo motivo do lançamento do disco Yo Estuve Ahí, Nosotros También do grupo Bulldog, no suplemento No do jornal argentino Página/12, que recebeu esta qualificação devido a atitude da referida banda na arte do disco, porque “implicava um excesso de protagonismo popular, de campo”.

A versão “cultura chabón” do ritmo cumbia, a cumbia villera, recebeu inumeráveis críticas. A respeito do gênero reggae, o vocalista do grupo Los Cafres disse à revista Rolling Stone de setembro de 2008, que “a cena de reggae estava dominadas pela pose do reggae chabón, das tolices sobre a maconha e pela camiseta de Marley”. O termo “reggae chabón” ainda foi nomeado e criticado mais algumas vezes pelos seguidores do ritmo jamaicano.[12][13]

Diego Capusotto, em seu programa de televisão “Peter Capusotto e sus Vídeos” satirizou a imagem da estrela do rock rolinga em seu personagem “Pomelo”, feito que deflagrou grossas palavras por parte de Juanse, membro dos Ratones Paranoicos, acreditando que estava sendo imitado.[14]

Decadência

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São vários os fatos apontados como causadores da decadência do rock rolinga. Pode-se mencionar o trágico incêndio na casa noturna República Cromañón; a aparição de outros gêneros musicais que atraíram a atenção do público (como a cumbia villera e o pop eletrônico) e algumas atitudes de bandas que pertenciam ao gênero (desmembramento de grupos e lançamentos de discos que não eram rock rolinga).

Já em 1998, o álbum Último Bondi a Finisterre, do grupo Patricio Rey y sus Redonditos de Ricota, decidira sair da típica pose barrial para adentrar-se no rock instrumental. Quatro anos mais tarde esta banda se separaria e Iván Noble (vocalista da banda) começaria uma carreira musical solo, adotando atitudes e um modo de vida mais semelhante à de um “burguês”, como ele mesmo de descreveu. Em fevereiro de 1999 duas pessoas morreram em um recital da mencionada banda, no festival Buenos Aires Vivo II, e nos momentos finais do show alguns sujeitos munidos com facas – que diziam pertencer à tribo dos rolingas – assaltaram espectadores do show.

Em 2000 foi a vez do grupo Viejas Locas se separar. A nova banda do líder do grupo, Intoxicados, mostraria um interesse premeditado em outros estilos musicais além do rock rolinga (por exemplo no disco No Es Solo Rock & Roll). Ao mesmo tempo, o grupo Los Piojos também começava a se interessar por outros estilos, como o candombe, o tango e o funk.

No fim de 2001 o fenômeno under da cumbia villera se faria massivo, reflexo da grave crise que a Argentina enfrentou. No mesmo ano nasceria Miranda!, uma banda de pop eletrônico que anos mais tarde chegaria ao sucesso. O ano de 2002 não foi bom para os gêneros marginais em geral (a exceção da cumbia villera). As separações de Caballeros de la Quema e Patricio Rey y sus Redonditos de Ricota se somariam ao apogeu da cumbia villera, a morte de expoentes do punk rock (que já havia perdido Joey Ramone um ano antes) como Ricardo Espinoza, Joe Strummer, Johnny Ramone e Dee Dee Ramone.

Em 2003 a cumbia villera continua sendo um êxito de massas, arraigado firmemente nas zonas mais pobres do país. A partir deste ano o referido gênero começaria, progressivamente, a perder peso comercialmente e muitas das agrupações deixariam o gênero cumbia villera para serem classificados simplesmente como cumbia. O certo é que desde meados do ano começa a se fazer evidente o domínio de bandas distantes da temática rolinga, como por exemplo Catupecu Machu, Árbol, Babasónicos, etc.

Em 2004 estas mudanças se intensificaram. O grupo Babasónicos - banda pertencente ao “novo rock argentino”, mas que sobreviveu à morte deste - começou a se tornar mais e mais conhecida com seu novo som pop rock eletrônico (inaugurado no álbum Jessico e seguido no álbum Infame), contribuindo com a decadência do rock rolinga. O conjunto musical Miranda! se tornou massivamente conhecido neste mesmo ano enquanto outras bandas, como Catupecu Machu e Árbol, lançariam novos trabalhos discográficos distantes da temática barrial e altamente executados nas rádios argentinas. Foi justamente no final deste ano que aconteceu a tragédia na casa noturna República Cromañón, onde se viram envolvidos, entre outros, o grupo Callejeros, banda de rock rolinga. Este fato foi o que mais evidenciou a decadência do gênero.

As mudanças seguiram e a moda do pop eletrônico dos grupos Miranda! e Nerdkids (que conquistou grande popularidade junto à tribo dos “alternitos” e “glams”) entre 2004 e 2007 somou-se à popularização dos fotologs (que deu origem aos floggers, uma nova tribo urbana) e o boom das carreiras solo de cantores pop, como Gustavo Cerati e Vicentico.

Em 2007 as outras bandas do “novo rock argentino” que sobreviveram, Massacre e El Otro Yo, se tornaram populares depois que começou a tocar nas rádios seus novos álbuns. Várias bandas mostraram novos trabalhos discográficos que, assim como as “sobreviventes” do ano de 2004, se distanciavam dos gêneros marginais. Entre ela pode-se mencionar os grupos Las Pelotas, Catupecu Machu, Kapanga e Árbol. Além disso, 2007 foi o ano do retorno às atividades da banda Soda Stereo, cujo grande sucesso comercial não demorou em evidenciar a vigência do pop. As novas bandas rolingas, como La Trifásica, com sua canção “La Colo y el Yoni”, mostraram uma interesse em se aproximar das melodias da moda para conseguirem triunfar.

Em 2008 continuou acentuado a decadência dos estilos musicais marginais. A banda Jóvenes Pordioseros, insígnia do movimento, se separou e, igual como aconteceu com os Intoxicados, seu líder decidiu que em Hijos del Oeste e Los Descarrilados – suas seguintes bandas – fosse tocados vários estilos musicais. O personagem satírico “Pomelo”, criado por Peter Capusotto, alcançou seu maior índice de popularidade e programa “Peter Capusotto y sus videos” ganhou o prêmio Martín Fierro. Em visível decadência criativa as novas bandas de cumbia villera começaram a copiar suas antecessoras (como Pibes Chorros e Damas Gratis). Já no panorama mainstream continuava crescente o sucesso do novos artistas e bandas pop e se popularizavam novas tribos como os emos e os floggers. Esta última tribo (com tendências à música eletrônica, à estética frívola e temáticas narcisistas) se destacou do restante e passou a se a moda do momento na Argentina. Foi por causa desse fenômeno cultural e comportamental que não só os rolingas como também outras tribos, como os cumbieros, metaleiros e punks, começaram a depreciar a referida tribo dominante, dando origem a brigas e disputas entre elas. Os floggers deixaram de ser a moda dominante na Argentina no final da década de 2010.

Atualidade

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A pesar de quase dez anos de decadência, no final da década, bandas como La 25, Hijos del Oeste e Píer ainda gozavam de considerável sucesso comercial. No ano de 2009 a banda Viejas Locas, formada nos anos 90, retomaram as atividades com um show no Estádio José Amalfitani. Porém a apresentação em si foi ofuscada pelos incidentes ocorridos antes do show e também pelo retorno de Charly García aos palcos em um mítico show do Luis Alberto Spinetta, chamado “Spinetta e sus Bandas Eternas”, que reuniu as bandas dos dois artistas, ambos nos mesmo estádio.

O rock chabón sofreu outro golpe com a separação dos grupos Los Piojos e Bersuit Vergarabat. O gênero continua em decadência ainda que o ritmo dominante em algumas zonas da cidade, como o oeste da grande Buenos Aires. Em 2006, com a visita dos Rolling Stones, o rock rolinga (e seus seguidores) deu contundentes sinais de que permanece vivo, apesar da vitalidade ser bastante diferente daquela que saturava as rádios e a estética urbana na década de 1990.[15] Ironicamente, o rock barrial parece ter retornado à dimensão mediática inerente à sua identidade, o cenário underground, com seguidores e grupos articulados em subúrbios de Buenos Aires.

Notas e referências

Notas

  1. Chabón (plural: chabones) seria uma gíria argentina (lunfardo) para referir-se a um rapaz ou menino e/ou qualificar algo relacionado a esse sujeito.

Referências

  1. a b Editorial (3 de setembro de 2006). «Una movida que surgió con las crisis sociales». La Gaceta (em espanhol). Consultado em 21 de julho de 2011. Arquivado do original em 15 de janeiro de 2012 
  2. a b «Rock Rollinga». Literativa (em espanhol). 26 de junho de 2011. Consultado em 27 de julho de 2011 
  3. Diario Clarín (9 de maio de 2006). «"Somos los inventores de la patria stone"». Rock.com.ar (em espanhol). Consultado em 20 de julho de 2011. Arquivado do original em 8 de julho de 2010 
  4. Marzullo, Osvaldo; Muñoz, Pancho (1986). Historia del rock argentino (em espanhol). Buenos Aires: Editora Galerna. p. 143, 173 
  5. Marzullo, Osvaldo; Muñoz, Pancho (1986). Historia del rock argentino (em espanhol). Buenos Aires: Editora Galerna. p. 115 
  6. Editorial (21 de agosto de 2008). «Reggae stone». Página/12 (Suplemento No) (em espanhol). Consultado em 22 de julho de 2011 
  7. Editorial (2008). Rolling Stone. anuario del rock (em espanhol). Buenos Aires: [s.n.] 
  8. Editorial (27 de agosto de 2006). «Nos vamos poniendo simples». Rock.com.ar (em espanhol). Consultado em 21 de julho de 2011 
  9. Marchi, Sergio (Entrevista) (30 de abril de 2007). «Sergio Marchi: "Con tres tonos no armás una banda"». Infobae (em espanhol). Consultado em 23 de julho de 2011 
  10. González Arzac, Rodolfo (2007). «El rock perdido». Terra (em espanhol). Consultado em 22 de julho de 2011 
  11. Editorial (2 de junho de 2005). «Fito acusó al "rock chabón" de cargar con 193 muertos». Infoabe (em espanhol). Consultado em 23 de julho de 2011 
  12. Vera Rojas, Yumber (21 de abril de 2005). «Reggae sin congas». Rock.com.ar (em espanhol). Consultado em 24 de julho de 2011 
  13. Editorial (6 de julho de 2006). «CUCHA, CUCHA». Página/12 (Suplemento No) (em espanhol). Consultado em 24 de julho de 2011 
  14. Aguirre, Javier (13 de dezembro de 2007). «El rock contra su parodia». Página/12 (Suplemento No) (em espanhol). Consultado em 24 de julho de 2011 
  15. Yannoulas, Mario (21 de agosto de 2008). «Like a rolinga stone». Rolling Stone (em espanhol). Consultado em 17 de agosto de 2011 

Ver também

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