Terapia hormonal feminizante
A terapia hormonal feminizante, também chamada de terapia hormonal de feminização, feminilizante, feminizadora ou transfeminina,[1][2] é a terapia hormonal para mudar as características sexuais secundárias de pessoas transgênero de masculinas ou andróginas para femininas. É um tipo comum de terapia hormonal transgênero (outro sendo a terapia hormonal masculinizante) e é usado para tratar mulheres trans e indivíduos transfemininos não binários. Algumas, em particular, pessoas intersexo e outras pessoas cisgênero altersexo também adotam essa forma de terapia, de acordo com suas necessidades e preferências pessoais.[3][4]
O objetivo da terapia é causar o desenvolvimento das características sexuais secundárias do sexo desejado, como seios e um padrão feminino de pelo, gordura e distribuição muscular. Ela não pode desfazer muitas das mudanças produzidas pela puberdade que ocorrem naturalmente, o que costuma exigir cirurgia e outros tratamentos para reverter. Os medicamentos usados para a terapia hormonal feminilizante incluem estrogênios, antiandrogênios, progestagênios e moduladores do hormônio liberador de gonadotrofina.[5]
Demonstrou-se que a terapia hormonal de feminização provavelmente reduz a angústia e o desconforto associados à disforia de gênero.[4]
Diretrizes e recomendações
editarMuitos médicos se orientam pelo modelo Standards of Care (SoC) da World Professional Association for Transgender Health (WPATH) e exigem psicoterapia e uma recomendação deste profissional para que uma pessoa transgênero obtenha terapia hormonal. Outros médicos operam por um modelo de consentimento informado e não têm requisitos para terapia hormonal transgênero além do consentimento. Os medicamentos usados na terapia hormonal transgênero também são vendidos sem receita médica na Internet por farmácias online não regulamentadas, e algumas mulheres trans compram esses medicamentos e se tratam usando uma abordagem do-it-yourself (DIY) ou automedicação. Muitos indivíduos transgênero discutem e compartilham informações sobre terapia hormonal DIY nas comunidades do Reddit. Duas razões pela qual muitas pessoas transgênero recorrem à terapia hormonal DIY é devido à descredibilidade de muitos profissionais endócrinos, e longas listas de espera de até anos para terapia hormonal padrão baseada em médicos em algumas partes do mundo, como o Reino Unido, bem como devido aos altos custos de consultar um médico e os critérios restritivos que tornam alguns inelegíveis para o tratamento.[4][3]
A acessibilidade da terapia hormonal transgênero difere em todo o mundo e em cada país.[4]
Medicações
editarMedicação | Nome da marca | Tipo | Via |
---|---|---|---|
Estradiol | Várias | Estrógeno | Oral |
Sublingual | |||
Climara | Transdérmica | ||
Divigel | |||
Várias | Subcutânea | ||
Valerato de estradiol | Progynova | Oral | |
Sublingual | |||
Delestrogen | Intramuscular/ | ||
Cipionato de estradiol | Depo-Estradiol | ||
Benzoato de estradiol | Progynon-B | ||
Dipropionato | Agofollin | ||
Estriol | Ovestin | Oral | |
Espironolactona | Aldactone | Antiandrógeno | |
Acetato de ciproterona | Androcur | Antiandrógeno; | |
Androcur Depot | Intramuscular | ||
Bicalutamida | Casodex | Antiandrógeno | Oral |
Enzalutamida | Xtandi | ||
Análogos de GnRH | Várias | Modulador GnRH [en] | Várias |
Elagolix | Orilissa | Antagonista de GnRH | Oral |
Finasterida | Propecia | Inibidores da 5αR | |
Durasterida | Avodart | ||
Progesterona | Prometrium | Progestógeno | |
Acetato de medroxiprogesterona | Provera | ||
Depo-Provera | Intramuscular | ||
Depo-SubQ Provera 104 | Subcutânea | ||
Caproato de hidroxiprogesterona | Proluton | Intramuscular | |
Didrogesterona | Duphaston | Oral | |
Drospirenona | Slynd | ||
Domperidona | Motilium | Liberador de prolactina |
Uma variedade de diferentes medicamentos sexuais hormonais são usados na terapia hormonal de feminilização para mulheres transexuais.[3] Estes incluem estrogênio para induzir feminilização e suprimir níveis de testosterona; antiandrogênios como antagonistas dos receptores androgênicos, antigonadotropinas, moduladores de GnRH, e inibidores de 5-alfarredutase para opor mais os efeitos dos andrógenos como a testosterona; e progestágenos para vários benefícios possíveis, embora incertos. Um estrogênio em combinação com um antiandrogênio é o esteio da terapia hormonal feminizante para mulheres trans.[8][9]
Efeitos
editarO espectro de efeitos da terapia hormonal em pessoas transfemininas depende dos medicamentos específicos e das dosagens utilizadas. De qualquer forma, os principais efeitos da terapia hormonal em pessoas transfemininas são a feminização e a desmasculinização, e são os seguintes:
- Mamogênese (desenvolvimento mamário) e alargamento areolar/dos mamilos;[10]
- Afinamento e crescimento diminuído dos pelos faciais e corporais;[11]
- Cessação/reversão da perda de cabelo do couro cabeludo;[12]
- Suavização da pele/diminuição da oleosidade e acne;[13]
- Redistribuição da gordura corporal em padrão feminino;[14]
- Diminuição da massa/força muscular;[15]
- Alargamento e arredondamento da pelve (em idade puberal sem completar o fechamento epifisário);[16]
- Mudanças de humor, emocionalidade e comportamento;[17]
- Diminuição do desejo sexual;
- Diminuição das ereções espontâneas/matinais;[18]
- Disfunção erétil e diminuição do volume ejaculado;[19]
- Diminuição da produção de esperma/fertilidade;
- Diminuição do tamanho do testículo;
- Diminuição do tamanho do pênis;
- Diminuição do tamanho da próstata;
- Alterações de voz.[20]
Ver também
editarReferências
- ↑ Ribeiro, Maiara (6 de outubro de 2021). «Como funciona a hormonioterapia para mulheres trans». Drauzio Varella. Consultado em 30 de agosto de 2022
- ↑ «Terapia hormonal de feminización - Mayo Clinic». Mayo Clinic. Consultado em 30 de agosto de 2022
- ↑ a b c Hembree, Wylie C; Cohen-Kettenis, Peggy T; Gooren, Louis; Hannema, Sabine E; Meyer, Walter J; Murad, M Hassan; Rosenthal, Stephen M; Safer, Joshua D; Tangpricha, Vin (13 de setembro de 2017). «Endocrine Treatment of Gender-Dysphoric/Gender-Incongruent Persons: An Endocrine Society* Clinical Practice Guideline». The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (11): 3869–3903. ISSN 0021-972X. doi:10.1210/jc.2017-01658. Consultado em 29 de agosto de 2022
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