Vasaces I Mamicônio

 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Vasaces.

Vasaces I Mamicônio (em latim: Vasaces; em armênio: Վասակ; romaniz.: Vasak; em grego: Βασσάκης; romaniz.: Bassákēs; m. 365) foi um nobre armênio (nacarar) do século IV, membro da família Mamicônio, que serviu como asparapetes do Reino da Armênia sob os reis Tigranes VII (r. 339–350) e Ársaces II (r. 350–368). No decorrer de sua carreira, manteve uma postura pró-romana na corte, que lhe custou sua vida quando visitou Ctesifonte.

Vasaces I Mamicônio
Morte 365
Etnia Armênio
Progenitores Pai: Amazaspes (?)
Artavasdes II (?)
Ocupação General
Religião Catolicismo

Vasaces é a forma latina[1] do armênio Vasaque (Վասակ, Vasak), que derivou do iraniano médio Vasaque (*Vasak) e, por conseguinte, do iraniano antigo Vasaca (*Vasa-ka-; de *vas-, "desejar, desejo").[2] Foi registrado em aramaico do Egito como Vasaque (Wsk̊), em sodiano maniqueísta como Vasaque (Ws’k), em siríaco como Basague (Basag)[2] e em grego como Uasaces (Ουασάκης, Ouasákēs), Bataces (Βαττάκης, Battákēs)[1] e Bas[s]aces (Βασ[σ]άκης, Bas[s]ákēs). Ferdinand Justi propôs que estivesse ligado a Bagasaces (Bagasacēs; Βαγασάκης, Bagasákēs),[3] que derivou do persa antigo Bagasaca (*Bagasaka).[4][5]

 
Soldo de Juliano, o Apóstata (r. 361–363)
 
Dinar de ouro de Sapor II (r. 309–379)

Segundo Settipani era filho de Amazaspes, filho de Artavasdes I;[6] para Toumanoff era filho de Artavasdes II;[7] em ambos os casos, era irmão de Vaanes, o Apóstata e Vardanes I. Vasaces aparece pela primeira vez no reinado do rei da Armênia Tigranes VII (r. 339–350). Em 348, foi um dos nobres convocados pelo rei para levar o recém-nomeado católico Farnarses (r. 348–352) a Cesareia Mázaca com presentes para que fosse ordenado e então retornaram à Armênia.[8] Tigranes, tido como tirano, tratava mal a Igreja e a nobreza e pretendia destruir as famílias Restúnio e Arzerúnio, mas Vasaces e seu pai salvaram os varões Tazates e Savaspes.[9] Fausto, o Bizantino afirmou que agarraram os jovens, cada um deles tomando um debaixo do braço, e saíram correndo com suas armas, prontos para lutar e morrer por aquelas crianças. Os Mamicônios à época cuidavam de Ársaces, filho do rei, mas por estarem irados com os eventos coetâneos, abandonam-no. Foram às suas terras, as fortalezas de Taique, permanecendo lá muitos anos com suas famílias, deixando sua outra casa. Criaram as crianças, casaram-nas com suas filhas e salvaram as famílias deles. Também não participaram dos conselhos por anos.[6][10]

Ársaces II (r. 350–368), lembrando de Vasaces e Vardanes, restaurou-lhes seus domínios e deu-lhes os encargos de Artavasdes, que estava morto: Vasaces tornou-se asparapetes e Vardanes chefe da família (naapetes).[11] À época a Armênia era alvo de litígio entre o Império Romano e o Império Sassânida e os irmãos, por divergirem em seus pontos de vista, alinharam-se com tendências distintas: Vasaces tornou-se líder do partido pró-romano, enquanto Vardanes do pró-persa. Por ação da rainha Farranzém e Vasaces, Ársaces ordenou a execução de Vardanes, morto no castelo de Eracani. Vasaces tornou-se assim líder de sua família.[12] Quando o imperador Juliano, o Apóstata (r. 361–363) morreu na Batalha de Ctesifonte, os romanos abandonaram Ársaces, o que lhe forçou a partir com parte da nobreza, incluindo Vasaces, à corte do xá em Ctesifonte em busca de submissão. Porém, se recusou a se humilhar, considerando que os sassânidas eram os vassalos de seus ancestrais arsácidas. Com o ocorrido, Sapor II (r. 309–379) prendeu e torturou Vasaces, que falece em 365.[13]

Posteridade

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Segundo Cyril Toumanoff, Vasaces foi casado com uma filha de Antíoco II, príncipe de Siúnia e foi pai de:[14]

Christian Settipani não menciona sua esposa, mas atribui-lhe como filhos:[6]

  • Musel I, o Valente
  • Uma princesa, casada com Tazates Restúnio
  • Outra princesa, casada com Savaspes Arzerúnio

Referências

  1. a b Ačaṙyan 1942–1962, p. 43.
  2. a b Martirosyan 2021, p. 16.
  3. Justi 1895, p. 65.
  4. Hinz 1975, p. 58.
  5. Tavernier 2007, p. 139.
  6. a b c Settipani 2006, p. 131-132.
  7. Toumanoff 1990, p. 329-330.
  8. Fausto, o Bizantino 1989, III.XVI.
  9. Grousset 1973, p. 133.
  10. Fausto, o Bizantino 1989, III.XVIII.
  11. Grousset 1973, p. 134.
  12. Grousset 1973, p. 137-139.
  13. Grousset 1973, p. 142.
  14. Toumanoff 1990, p. 329-330.

Bibliografia

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  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Վասակ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard 
  • Grousset, René (1973) [1947]. Histoire de l'Arménie: des origines à 1071. Paris: Payot 
  • Hinz, Walther (1975). «*bagasaka-». Altiranisches Sprachgut der Nebenüberlieferungen (Göttinger Orientforschungen, Reihe III, Iranica; 3. Viesbade: Otto Harrassowitz 
  • Justi, Ferdinand (1895). «Wardān». Iranisches Namenbuch. Marburgo: N. G. Elwertsche Verlagsbuchhandlung 
  • Martirosyan, Hrach (2021). «Faszikel 3: Iranian Personal Names in Armenian Collateral Tradition». In: Schmitt, Rudiger; Eichner, Heiner; Fragner, Bert G.; Sadovski, Velizar. Iranisches Personennamenbuch. Iranische namen in nebenüberlieferungen indogermanischer sprachen. Viena: Academia Austríaca de Ciências 
  • Settipani, Christian (2006). Continuité des élites à Byzance durant les siècles obscurs. Les princes caucasiens et l'Empire du vie au ixe siècle. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8 
  • Tavernier, Jan (2007). «4.2.282. *Bagasaka-». Iranica in the Achaemenid Period (ca. 550–330 B.C.): Lexicon of Old Iranian Proper Names and Loanwords, Attested in Non-Iranian Texts. Lovaina e Paris: Peeters Publishers 
  • Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle : Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila