Marsala é um tipo de vinho fortificado produzido nos arredores da cidade que lhe dá nome, na Sicília, na Itália. A exemplo de outros vinhos regionais, tem denominação de origem controlada, que recebeu em 1969.[1] O vinho foi invenção do comerciante inglês John Woodhouse em 1773, ao procurar um vinho siciliano que não estragasse na viagem até a Inglaterra.[2] Posteriormente, o vinho foi aperfeiçoado pela família Whitaker.[3]

Marsala
Vinho Marsala
Designação Marsala
Tipo de denominação denominação de origem protegida
País  Itália
Região principal Sicília
Cidade Marsala
Clima clima mediterrânico
Cepa dominante Grillo, Inzolia, Catarratto e Damaschino
Vinhos produzidos vinho fortificado

Embora vinho não fortificado também seja produzido na região de Marsala, ele não se encaixa na denominação de origem.[2]

História

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Provavelmente, o vinho fortificado Marsala foi popularizado fora da Sicília inicialmente por John Woodhouse. Em 1773, ele desembarcou no porto de Marsala e descobriu o vinho local produzido na região, que era envelhecido em barris de madeira e tinha um gosto similar aos vinhos fortificados portugueses e espanhóis então populares na Inglaterra. O vinho Marsala era, e continua sendo, produzido através de um processo chamado in perpetuum, que é similar ao processo de soleira usado para se produzir xerez, em Jerez de la Frontera, na Espanha.[4]

Woodhouse percebeu que o processo de in perpetuum aumentava a graduação alcoólica do vinho e seu sabor alcoólico, mantendo ainda essas características mesmo após longas viagens de navio. Woodhouse acreditava que o vinho fortificado de Marsala poderia fazer sucesso na Inglaterra. De fato, o vinho fez tanto sucesso nesse país que Woodhouse voltou à Sicília e, em 1796, começou sua produção em massa e comercialização. Em 1806, Benjamin Ingham, chegando à Sicília vindo de Leeds, abriu novos mercados para o vinho Marsala na Europa e nas Américas.

Em 1833, o empreendedor Vincenzo Florio, um calabrês de nascimento e palermitano por adoção, comprou grandes faixas de terra entre os dois maiores produtores de Marsala e começou a realizar suas próprias colheitas, com castas ainda mais exclusivas de uva.[5]

A família Florio adquiriu a empresa de Woodhouse, entre outras, no final do século XIX e consolidou a indústria de vinho marsala. Florio e Pellegrino são, atualmente, os maiores produtores de marsala.

Características e tipos

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O marsala é produzido com as uvas brancas Grillo, Inzolia, Catarratto e Damaschino,[6] entre outras.[7]

O marsala contém entre quinze e vinte por cento de graduação alcoólica. Os diferentes vinhos marsala são classificados de acordo com sua cor, doçura e duração de seu envelhecimento.

As classificações por doçura são:

  • secco (com um máximo de quarenta gramas de açúcar residual por litro)
  • semisecco (41 a cem gramas por litro)
  • doce (mais de cem gramas por litro).

As classificações de cor são:[8]

  • Oro: tem cor dourada.
  • Ambra: tem cor âmbar. A cor vem do adoçante mosto cotto adicionado ao vinho.
  • Rubino: tem cor rubi. É feito com variedades de uva vermelha como Perricone, Nero d'Avola e Nerello Mascalese.[9]

As classificações por envelhecimento são:

  • Fine: tem envelhecimento de pelo menos um ano.[10]
  • Superiore: envelhece por pelo menos dois anos.
  • Superiore riserva: envelhece por pelo menos quatro anos.
  • Vergine e/ou soleras: envelhece por pelo menos cinco anos.
  • Vergine e/ou Soleras Stravecchio e Vergine e/ou Soleras Riserva: envelhece por pelo menos dez anos.[7]

O vinho marsala é, tradicionalmente, servido como um aperitivo entre o primeiro e o segundo pratos da refeição. Atualmente, se costuma servir suas versões mais secas geladas, com parmesão (stravecchio), gorgonzola, roquefor e outros queijos temperados, e frutas e doces. As suas versões mais doces costumam ser servidas à temperatura ambiente, como um vinho de sobremesa.[11][12] O vinho marsala costuma ser comparado com outro vinho siciliano, Passito di Pantelleria (o vinho de passa da ilha de Pantelária).

Na cozinha

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O vinho marsala é, frequentemente, usado na cozinha, especialmente na cozinha de origem italiana. O vinho marsala seco costuma ser usado para dar sabor aos alimentos. Um típico tempero à base de marsala envolve uma redução de marsala até se obter quase um xarope com cebolas e chalotas, adicionando, então, cogumelos e ervas. Uma das mais populares receitas com marsala é o frango ao molho marsala.[13] O marsala também costuma ser empregado em risotos.

O marsala doce costuma ser usado em sobremesas italianas, como creme zabaione, tiramissu e tortas.[14]

Referências

  1. «Marsala». Consultado em 21 de setembro de 2020 
  2. a b «SICILY'S MOST INTERESTING BUT NEARLY EXTINCT WINE». 19 de janeiro de 2016. Consultado em 21 de setembro de 2020 
  3. «TENUTA WHITAKER». Consultado em 21 de setembro de 2020 
  4. «Florio». Maio de 2007. Consultado em 21 de setembro de 2020 
  5. «MARSALA». Consultado em 22 de setembro de 2020 
  6. «Marsala». Maio de 2005. Consultado em 22 de setembro de 2020 
  7. a b «Marsala». Consultado em 22 de setembro de 2020 
  8. J. Robinson (ed) (2006). The Oxford Companion to Wine. [S.l.]: Oxford University Press. pp. 428–429. ISBN 0-19-860990-6 
  9. P. Saunders (2004). Wine Label Language. [S.l.]: Firefly Books. 176 páginas. ISBN 1-55297-720-X 
  10. Rosario Lentini. «Un vino inglese» (PDF) 
  11. «Marsala». Consultado em 22 de setembro de 2020 
  12. «Marsala». Consultado em 22 de setembro de 2020 
  13. Cathy Rogers (22 de agosto de 2020). «What is Chicken Marsala?». Consultado em 22 de setembro de 2020 
  14. «FLORIO MARSALA RECIPES». Consultado em 22 de setembro de 2020