Feira do Açaí
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A Feira do Açai é um entreposto comercial público, uma feira-livre ao céu aberto de comercialização do açaí, uma zona portuária de pequeno porte e, um conjunto de lanchonetes, que faz parte do Complexo do Ver-o-Peso, localizado às margens da baía do Guajará no bairro da Cidade Velha, na cidade paraense de Belém (estado brasileiro do Pará). A feira é rodeado pelo Forte do Castelo (de 1616), a Praça do Relógio e, a Doca da embarcações (1803 - feira do peixe).
A feira abastece via fluvial a cidade com o fruto in natura debulhado (retirado) do açaizeiro, proveniente da agricultura das comunidades ribeirinhas que moram na área insular de Belém, com 329,9361 km² composta de quarenta e duas ilhas.[1] O local proporciona um turismo de contemplação, ao observar a movimentação (vai-e-vem) dos carregadores e vendedores com os paneiros cheios do fruto,[2][3] a pintura naïf formada pelas embarcações ancoradas (apelidadas de “pô-pô-pô”), a história repassada de geração em geração, a formação da economia familiar e a preservação da identidade as margens da baía. É a memória de uma região e a importância de um fruto, onde o consumo de açaí em litros chega a ser o dobro do consumo de leite.[3][4]
Localizado no Centro Histórico de Belém, próximo ao complexo Feliz Lusitânia, a feira contem também alguns bares simples onde vende tapioquinha com café e outras bebidas.[5]
Conforme Michel Pinho, presidente da Fundação Cultural de Belém (Fumbel), afirma que a cidade passa por resgate de diversas culturas e retorno de uma tradição musical local em 2022, onde a Feira do Açaí retoma com eventos de carimbó, samba e outros; como por exemplo os projetos de iniciativa popular "carimbó no caroço" e "fé no batuque".[6]
Sobre o fruto
editarPresente na alimentação do brasileiro, devido ser muito nutritivo com diversas vitaminas naturais,[7] principalmente na dieta do nortista brasileiro (ou amazônida), onde seu consumo pelos indígenas ocorre desde a época pré-colombiana.[8]
O açaí provêm da palmeira,[9] é um fruto bacáceo arredondado de cor roxo escuro, que contém um caroço proporcionalmente grande e pouca polpa.[7] Este no Brasil, fruto símbolo do estado do Pará, cresce nas várzeas da Amazônia de forma espontânea;[9][7] Muito presente na produção agrícola urbana da área Insular de Belém (composta de quarenta e duas ilhas)[10] fornecidos principalmente por via fluvial.[11]
Que para ser consumido, deve primeiramente passar por uma máquina despolpadeira ou amassado manualmente, para que a polpa se desprenda da semente/caroço e, após ser misturada com água, transformando-se em um suco grosso conhecido como "vinho do açaí".[8]
Funcionamento
editarO funcionamento da feira é sempre nas madrugadas, com desembarque de toneladas de açaí distribuídos em vários paneiros (cestas de palha) retiradas das embarcações (apelidadas de “pô-pô-pô”) que ali ancoram, negociados no velho estilo oferta/demanda.[12] De onde segue para ser processado nos bairros da capital e, próximo ao amanhecer parte em viagem para o restante do Brasil. Nos bairros o fruto passará por uma despolpadeira (tirador de polpa) até se transformar em um caldo grosso chamado "vinho do açaí”.[12] Este é misturado com farinha de mandioca ou goma de tapioca em uma tijela, formando um pirão, acompanhado com peixe frito ou charque frito.[13][14][15]
Estatística
editarO estado do Pará produz cerca de 820 mil toneladas de açaí ao ano, corresponde a 85% da produção nacional,[4] tornando-se o maior produtor do país. A maior parte do fruto permanece no estado: 60% é consumido na região, 30% é transportado para outros estados brasileiros e, 10% exportado rumo ao exterior.[12]
Patrimônio histórico
editarA feira faz parte do complexo arquitetônico e paisagístico do Ver-o-Peso tombado pelo IPHAN, em 1977,[16] que compreende uma área de 35 mil metros quadrados, com uma série de construções históricas, incluindo o logradouro Boulevard Castilhos França, o Mercado da Carne, o Mercado de Peixe, a Praça do Relógio, a Feira do Açaí, a Ladeira do Castelo e o Solar da Beira e a Praça do Pescador.[16]
Referências
- ↑ Anuário Estatístico do Município de Belém - 2011 (2011). «Caracterização do Território» (PDF). Prefeitura municipal de Belém. Consultado em 7 de setembro de 2015
- ↑ «Belém: do açaí ao tacacá, do carimbó a Nazaré | Cidade e Cultura». Cidade e Cultura. Consultado em 5 de maio de 2022
- ↑ a b «O roteiro musical definitivo de Belém». Red Bull. Consultado em 5 de maio de 2022
- ↑ a b Silvia Oliveira (13 de outubro de 2014). «Feira do Açaí, Belém: a essência da identidade paraense». Portal Matraqueando. Consultado em 27 de fevereiro de 2018
- ↑ Cunha ·, Vladimir (4 de março de 2006). «Feira do Açaí, Belém, PA». Guia. Overmundo
- ↑ RedePará. «Prefeitura de Belém celebra o Dia Municipal do Carimbó com dança, emoção e homenagens». REDEPARÁ. Consultado em 5 de maio de 2022
- ↑ a b c «Cultura e Conhecimento: Açaí». BrasilCult. Consultado em 12 de maio de 2022
- ↑ a b «Cultivo, extração e beneficiamento do açaí orgânico». Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Consultado em 12 de maio de 2022
- ↑ a b por, Postado; Potsch, réa. «A saga do AÇAÍ do pé à tigela». Consultado em 11 de maio de 2022
- ↑ Anuário Estatístico do Município de Belém - 2011 (2011). «Caracterização do Território» (PDF). Prefeitura municipal de Belém. Consultado em 7 de setembro de 2015
- ↑ «Ver-o-Peso da cidade: O mercado, a carne e a cidade no final do século XIX» (PDF). Universidade Federal do Pará. Consultado em 13 de dezembro de 2012
- ↑ a b c Rafael Sette Câmara (31 de dezembro de 2015). «A feira do açaí, em Belém: vida noturna no Pará». Dicas de Viagem. 360 Meridianos. Consultado em 27 de fevereiro de 2018
- ↑ Monteiro, Paula (22 de outubro de 2018). «Nada de açaí na tigela. No Pará, a frutinha é consumida de outra forma». Go Hurb. Consultado em 16 de novembro de 2020
- ↑ «Açaí: A pequena fruta que movimenta milhões na economia paraense». Abrafrutas. 13 de agosto de 2019. Consultado em 11 de maio de 2022
- ↑ «Açaí à moda paraense». Viomundo. 5 de junho de 2012. Consultado em 16 de novembro de 2020
- ↑ a b Virgínia Barbosa. «Mercado Ver-o-Peso, Belém, Pará». Portal Pesquisa Escolar. Fundação Joaquim Nabuco - FUNDAJ. Consultado em 20 de junho de 2016
Ver também
editarLigações externas
editar- «Sobre o açaí do Pará». por Expedição Pará
- Carimbó no Caroço por Coletivo Cidade Tambor no Facebook