Tronco tupi

tronco linguístico nativo e americano
(Redirecionado de Macro-tupi)

O tronco tupi é um tronco linguístico que abrange diversas línguas das populações indígenas sul-americanas. O tronco tupi abrange diversas famílias linguísticas, as quais, por sua vez, abrangem várias línguas. Entre as línguas mais relevantes deste tronco estão o tupi antigo, considerada a "língua indígena clássica do Brasil",[1] e o nheengatu, também conhecido como tupi moderno e ainda falado atualmente.[2][3]

Tronco Tupi
Falado(a) em: Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina, Bolívia, Peru, Colômbia, Guiana Francesa e Suriname
Total de falantes: 156.073 (2015)
Família: Ameríndia (polifilética)
 

  Tronco Tupi
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: tup
Línguas tupis no momento presente e áreas de extensão prováveis no passado

O relacionamento deste tronco com as línguas caribes foi hipótese levantada por Aryon Dall’Igna Rodrigues em Evidence for Tupi-Carib Relationships, publicado em 1985, como também a de relações "genéticas" desses dois troncos com o macro-jê.[4] Este último é conhecido também como macro-família Tu-Ka-Jê.[5]

Famílias

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Ocidental

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As línguas ocidentais são faladas em Rondônia e Mato Grosso.

Ariquém
família linguística que reúne as seguintes línguas
Tupari
família linguística que reúne as seguintes línguas
Mondé
família linguística que reúne as seguintes línguas
Puruborá
família linguística extinta que reúne as seguintes línguas
Ramarrama
família linguística que reúne as seguintes línguas

Oriental

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Juruna
família linguística que reúne as seguintes línguas
Mundurucu
família linguística que reúne as seguintes línguas

Maweti-Guarani

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Maweti-Guarani
sub-ramo
Aueti
família linguística que reúne as seguintes línguas
Maué
família linguística que reúne as seguintes línguas
Tupi-Guarani
família linguística que reúne as seguintes línguas

Os ramos (ou subramos, grupos[8], subgrupos[9], subconjuntos[10]) da família linguística Tupi-Guarani são (Rodrigues e Cabral 2012):[11]

Dietrich (2010)

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Lista das línguas do tronco tupi segundo Dietrich (2010):[8]

Família arikem
  • Karitiâna
  • Arikem, kabixiana
Família ramarama
  • Karo (arara do Guariba, uruku)
  • Itogapúk/ntogapíd
Família poruborá/puruborá
  • Poruborá/puruborá
Família mondé
  • Cinta-larga
  • Gavião (ikõrõ, digüt)
  • Suruí/surui do Ji-Paraná, (suruí-)paiter
  • Mondé/sanamaikã/salamãi
  • Aruá, dialeto aruáshi/aruáchi
  • Zoró/pangyjej
Família juruna
  • Juruna
  • Xipaya/shipaya
Família tupari
  • Tupari/haarat
  • Ayuru/ajuru/wajuru/wayoró
  • Akuntsu
  • Makurap
  • Mekéns/mequéns/mekém/sakïrabiát/sakiráp - subgrupos:
    • Sakurabiat
    • Guaratira/koaratira/kanoé
    • Koarategayat/guarategaja
Família munduruku (línguas tupis centrais)
  • Kuruáya
  • Munduruku
Ramo maweti-tupi-guarani
  • (Sateré-)mawé
  • Aweti/tuoi
    • Família tupi-guarani

Demografia (Brasil)

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As populações dos povos indígenas que falam as línguas Tupí (IBGE - Censo 2010[12], citado em Aguilar 2015[13]):

Povo População
Arikém 311
Tuparí 1196
Mondé 4789
Puroborá 160
Ramaráma 404
Guajá 536
Guajajara 24428
Tembé 1844
Ka'apor 1541
Jurúna 1240
Mundurukú 13487
Mawé 13310
Awetí 198
Tupi-Guarani 120978
Total 156073

Vocabulário

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Alguns conjuntos de cognatos nas línguas tupis (Nikulin & Carvalho 2019: 277-278):[14]

língua subramo sair, chegar ir morder tomar banho veado pesado lua mãe muriçoca
Suruí-Paiter Mondé (?)iʧi-ab patiga ŋati-kat ni/-ti nig
Mondé Mondé i(ː)tiː gati ti
Karo Ramarama to itɨ piʔti tik
Puruborá Puruborá anẽm-a ɨdɨ
Karitiana Arikem tãm ‘voar’, otãm otɨ pɨti oti ti tik
Makurap Tupari ʧ-ato-a ɨtɨː poti ti
Tupari Tupari toko-a ‘mascar’ ato-a posi si sik
Wayoró Tupari togo ‘macaxeira mascada’ ato-a ɨtɨː poti ti tik
Sakurabiat Tupari sogo-a aso-a ɨsɨː posi si
Akuntsu Tupari ʧog-a aʧo-a (?) ɨtɨː ti tik
Yudjá Juruna ʧa e-ʧuku padetu ʤa
Xipaya Juruna ta e-tuku padetu diã
Munduruku Munduruku ʧẽm, a̰ʤẽm ʧə a̰ʤok poʃi ˀʃi ʃik
Kuruaya Munduruku ʧẽm ʧɨ aɖok iʤi waʤi ʤi(ʔ) ʤik
Proto-Tupi-Guarani Maweti-Guarani *ʧẽm,*w-aʧẽm *ʦo *ʧúʔú *aʧuk *poʦɨj *jaʧɨ *ʧɨ
Aweti Maweti-Guarani tẽm to túʔú atuk tɨ-wapat potɨj tatɨ
Sateré- Mawé Maweti-Guarani tẽm to túʔú ɨtɨː potɨj watɨ -tɨ

Comparação lexical (Rodrigues 1986):[15]

Português Tupinambá Awetí Mundurukú Karitiâna Tuparí Gavião
mão po po by py po pabe
py py i pi tsito pi
caminho pe, ape me e pa ape be
eu ixe atit, ito on yn on õot
você ene en en an en ẽet
mãe sy ty xi ti tsi ti
pesado posyi potyi poxi pyti potsi patii
marido men men itop mana men met
onça iawar ta’wat wida omaky ameko neko
árvore ’yb ’yp ’ip ’ep kyp ’iip
cair ’ar ’at ’at ’ot kat ’al-

Ver também

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Referências

  1. Navarro, Eduardo. Dicionário tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. [S.l.]: Global Editora 
  2. Dicionário escolar da língua portuguesa/Academia Brasileira de Letras 2.ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 2008. p. 1261 
  3. RODRIGUES, Aryon Dall'Igna (1994). Línguas brasileiras, para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Editora Loyola. p. 41-46. ISBN 8515010453 
  4. Cabral, Ana Suelly Arruda Câmara; Martins, Andérbio Márcio Silva; Silva, Beatriz Carretta Corrêa da; Oliveira, Sanderson Castro Soares de (2014). «A linguística histórica das línguas indígenas do Brasil, por Aryon Dall'igna Rodrigues: perspectivas, modelos teóricos e achados». DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada. 30 (SPE): 513–542. ISSN 0102-4450. doi:10.1590/0102-445090644999061809. Consultado em 7 de março de 2018 
  5. Galucio, Ana Vilacy; Muysken, Pieter (Agosto de 2007). «Introdução». Belém. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas. 2 (2): 9–11. ISSN 1981-8122. doi:10.1590/s1981-81222007000200002. Consultado em 7 de março de 2018 
  6. «Nheengatú — Biblioteca Digital Curt Nimuendajú». Etnolinguistica.org. Consultado em 27 de fevereiro de 2017 
  7. Rodrigues, Aryon Dall’Igna. 1958. Contribuição para a etimologia dos brasileirismos. In: Revista Portuguesa de Filologia vol. 9, p. 1-54. Coimbra: Instituto de Estudos Románicos, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
  8. a b DIETRICH, Wolf. O tronco tupi e as suas famílias de línguas. Classificação e esboço tipológico. In: NOLL, Volker. O Português e o Tupi no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2010.
  9. MELLO, A. A. S. Evidências fonológicas e lexicais para o sub-agrupamento interno Tupí-Guaraní. In: CABRAL, A. S. A. C.; RODRIGUES, A. D. (Orgs.) Línguas Indígenas Brasileiras: Fonologia, Gramática e História. Belém: Editora UFPA, vol. 1, p. 338-342, 2002.
  10. Rodrigues, A. D. (2013). Relações internas na família linguística Tupí-Guaraní. Revista Brasileira De Linguística Antropológica, 3(2). https://doi.org/10.26512/rbla.v3i2.16264
  11. Rodrigues, Aryon Dall'Igna, and Ana Suelly Arruda Câmara Cabral (2012). "Tupían". In Campbell, Lyle, and Verónica Grondona (eds). The indigenous languages of South America: a comprehensive guide. Berlin: De Gruyter Mouton.
  12. IBGE. O Brasil indígena: os indígenas no Censo Demográfico 2010. Brasília, DF: Ministério da Justiça, FUNAI, IBGE, 2010.
  13. AGUILAR, Ana Maria Gouveia Cavalcanti. Contribuições para os estudos histórico-comparativos sobre a diversificação do sub-ramo VI da família linguística Tupí-Guaraní. 2015. 223 f., il. Tese (Doutorado em Linguística)—Universidade de Brasília, Brasília, 2015. (PDF)
  14. Nikulin, Andrey; Fernando O. de Carvalho. 2019. Estudos diacrônicos de línguas indígenas brasileiras: um panorama. Macabéa – Revista Eletrônica do Netlli, v. 8, n. 2 (2019), p. 255-305. (PDF)
  15. Rodrigues, Aryon Dall'Igna. 1986. Línguas brasileiras: Para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Loyola. (PDF)

Ligações externas

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Bancos de dados lexicais